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Faltavam somente cinco dias para Henrique ir embora.
Eu tentava de todas as maneiras não pensar nessa data, mas era impossível fazer isso. Eu entrava em pânico ao pensar em sua partida. Disse a mim mesma que saberia lidar com isso com tranquilidade, mas conforme os dias iam passando, comprovei que não seria nem um pouco fácil aceitar sua partida.
Henrique tentava chegar mais cedo em casa, nem que fosse para podermos assistir televisão juntos. Ficávamos os dois sentados no sofá sem dizer uma só palavra.
Henrique também parecia estar apreensivo, mas não falava sobre o assunto.
Quando faltavam três dias para sua partida, tive uma surpresa ao chegar em casa. Um homem completamente idêntico ao Elik estava sentado no sofá, falando ao telefone. Ele fez um sinal de positivo e continuou a conversar, então fui para a cozinha preparar algo para o jantar.
Eu estava olhando dentro da geladeira, esperando alguma ideia sair de lá de dentro, quando a cópia de Elik se aproximou.
– Oi, você deve ser a Amora! Eu sou o Fauzer!
– Sim! Oi! Tudo bem? Então você existe mesmo?
Ele riu e franziu a sobrancelha, sem entender o que eu queria dizer.
– Vou pedir pizza, então não se preocupe em fazer algo que você estava pensando.
– Ah. Ótimo!
Sorri e Fauzer me analisou.
Ele era bonito como Elik, só que mais velho. Aparentava ser dono de si, com seu sorriso tranquilo.
Ele vestia uma calça jeans e uma camiseta básica que, devo confessar, ficaram perfeitos em seu corpo.
– Eu... eu vou me trocar, então! Foi um prazer, Fauzer!
– O prazer foi todo meu!
Sorri sem graça e fui para o meu quarto.

• • •

Quando as pizzas chegaram, Henrique entrou no meu quarto para me avisar.
Quando eu estava saindo, ele me empurrou de volta para dentro e me beijou. Eu não tinha visto ele o dia todo e, infelizmente, estava morrendo de saudade.
Eu desci primeiro e um tempo depois Henrique fez o mesmo. Elik nos olhava desconfiado, mas fingi que não tinha reparado.
Simone estava radiante de ver sua família reunida. Já Elik parecia que estava indo para a forca, reclamava de tudo.
– Pare de ser criança, Elik! – Fauzer chamou sua atenção.
– Nem chegou e já virou mandão?
– Se você age como um moleque, sim!
Fauzer estava insatisfeito com a atitude infantil de Elik. E, pelo visto, ele era sempre assim. Simone apartou a briga dos dois e começou a servir as pizzas.
Meu pai, como sempre, permanecia calado, enquanto Fauzer contava sobre sua viagem. Henrique e eu estávamos contentes de ver a família reunida, mas por outro lado estávamos arrasados com sua partida.
O restante do jantar correu tranquilo e todos ficaram satisfeitos.
Na hora de dormir, Henrique arrumou suas coisas na sala, para dar o quarto a Fauzer, que ficaria mais tempo do que ele. Eu queria dormir com ele até a hora que ele fosse embora, mas com a chegada de Fauzer, os planos mudaram.
Me despedi de todos com um simples boa noite e fui para o meu quarto com um vazio em mim.

• • •

Dois dias para Henrique ir embora. As horas voavam. Eu queria que elas durassem mais que o normal, mas o tempo não estava a nosso favor. Henrique estava sério e distante, mas em momento algum ele deixou de me tratar bem.
No último dia de Henrique na cidade, ele não foi trabalhar e ficou praticamente o dia todo no escritório de Sarah. Ele conversava comigo o tempo todo, mas a vontade de me manter em seus braços estava absurda.
Antes dele ir para a casa dele, Henrique pediu que eu fosse para lá, para podermos nos despedir direito. O voo de Henrique sairia às 01h50 da manhã, mas ele teria que estar no aeroporto duas horas antes, então nosso tempo seria corrido.
Depois que Henrique entrou no elevador, vi Sarah parada na porta de seu escritório, mas fechou a porta em seguida, coisa que ela nunca havia feito. Pensei que talvez ela estivesse chateada com a partida do irmão, então preferi não questionar nada.
O horário de ir embora chegou e não vi mais Sarah. Percebi que ela estava me evitando, mas eu não sabia o motivo e, para ser honesta, não queria saber. Minha cabeça estava na focada na partida de Henrique e não me permitia pensar em mais nada, então desliguei meu computador, peguei minha bolsa e fui para a casa dele.

• • •

Henrique me recebeu com um abraço apertado e um beijo de tirar o fôlego.
Eu tinha urgência em ficar com Henrique. Meu corpo implorava pelo dele. Ele me pegou no colo e me levou ao seu quarto. Não tinha pressa em nada que fazia. Ele queria aproveitar cada segundo do pouco tempo que nos restava e eu também. Eu queria fazer esse momento durar o máximo que desse, para não sentir a dor da despedida.
Henrique tirou minha roupa com calma, beijando cada parte nua do meu corpo. Ao constatar que aquele seria nosso último toque íntimo, comecei a entrar em desespero.
Puxei Henrique para mim.
– Faz amor comigo... por favor – falei em um sussurro.
Eu lutava contra as lágrimas. Não queria que Henrique fosse embora. Não queria ficar sem ele. Eu não queria estar apaixonada por aquele homem.
Henrique me avisou que teria que ir embora. Ele me alertou que não poderíamos nos envolver sentimentalmente, para não nos magoarmos, e eu concordei com tudo. Achei que conseguiria mandar em meu coração e que poderia fingir e aceitar que a partida dele não me importava, mas as coisas não foram como o planejado.

Delicioso (Des)Conhecido (DEGUSTAÇÃO)Tahanan ng mga kuwento. Tumuklas ngayon