XV

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— Papai! Papai! – Bela gritou ao entrar na casa correndo.

Ela já havia cumprimentado os empregados da propriedade e todos estavam radiantes com a sua volta, menos Grace. Qual era o problema daquela garota? Bela se questionava.

— Bela? Bela?! É você?! – o Sr. Carter estava acamado chorando de saudade da filha. Sua rotina havia se resumido a isso: comer, chorar, dormir, chorar, lamentar a partida da filha, chorar.

— Sim, meu pai! Sou eu!

O Sr. Carter abandonou a tristeza, ainda incrédulo com a volta da filha ao lar, levantou-se da cama enrolado em um roupão e correu até a sala, onde abraçou a filha ignorando seus próprios trajes. Ambos se abraçaram e choraram muito. O Sr. Carter mudou da água para o vinho. Foi como ganhar um prêmio valioso. Ele tinha sua filha preferida novamente. Era o homem mais feliz do mundo.

— Você conseguiu fugir daquele lugar horrível! Você fugiu daquele monstro! Graças a Deus está viva! – ele chorava, emocionado, e abraçava a filha com força.

— Sim, estou viva, meu pai!

— Pensei que quando eu voltasse ao castelo iria encontrar apenas um corpo sem vida ou nenhum sinal de vida, mas você fugiu! Você conseguiu voltar para casa! Estou tão feliz.

— Um momento, meu pai. – Bela se atentou para as palavras do Sr. Carter – O senhor planejava voltar ao castelo?

— Depois de amanhã teremos nossa vingança contra aquela besta! – o Sr. Carter estava furioso e ao mesmo tempo satisfeito, seus olhos brilhavam ao falar sobre vingança – Demorou muito tempo para eu convencer as pessoas e nos organizarmos, mas depois de amanhã, no nascer do sol, iremos atacar o castelo e matar a fera!

O quê?! – Bela gritou, escandalizada.

No nascer do sol aconteceria o seu casamento. Enquanto ela planejava ser feliz para sempre ao lado da fera, planejavam sua morte sem que eles estivessem esperando por isso. Bela olhou para trás, para Elliot, o mordomo, que estava em pé no meio da sala, ouvindo a conversa dos dois. O pai de Bela estava tão envolto pela presença dela que não reparou a presença de Elliot.

— Sim, minha filha! Sei que não deveria me aliar àquele homem que desgraçou sua vida, o Coronel Lorde Crawford, – Bela olhou horrorizada para o pai quando ele pronunciou o nome do coronel – mas ele está realizando uma cruzada há alguns anos em busca do castelo da besta. Ele vem juntando pistas e conta com um enorme grupo de homens. Todos aqui no vilarejo sabem que fim você levou, ou pelo menos acreditávamos que tinha levado. Os homens mais fortes do vilarejo vão embarcar nessa cruzada. Iremos partir amanhã à tarde, para fazer a emboscada com o nascer do sol. Eu os conduzirei até o castelo da besta. Sou muito importante para essa missão, pois sei exatamente onde fica o castelo. Quase cinquenta homens vão invadir o castelo da fera e o Coronel Lorde Crawford irá matar aquela aberração da natureza. Todos os familiares e amigos das jovens vítimas e dos seus prisioneiros irão se vingar. Iremos degolar a fera e fazer uma excursão pela Inglaterra carregando a sua cabeça!

O Sr. Carter estava tão envolvido tagarelando sem parar sobre como planejavam eliminar a fera que não percebeu que a filha chorava discretamente e estava atônita, mas as irmãs e a tia perceberam.

Não! – Bela gritou enfurecida, o rosto molhado de lágrimas – Ninguém vai invadir aquele castelo! Vamos embora, Elliot!

— Quem é Elliot? – o pai finalmente viu o mordomo – O que você faz aqui? Minha filha ainda é uma prisioneira daquele monstro? Pois fique sabendo que eu mesmo vou ter o prazer te carregar a cabeça daquele desgraçado por todos os lados!

Não! Eu já disse que não! Ninguém vai entrar naquele castelo, ninguém vai encostar um dedo na fera! Terão que me matar primeiro se quiserem tentar chegar perto da porta do castelo.

— Como assim? – o pai não entendeu nada.

— Bela, você está defendendo a fera? A criatura horrenda que te aprisionou? – indagou Emma, chocada.

— Eu nunca fui uma prisioneira. Eu sou tratada como uma rainha naquele castelo. Ninguém vai por os pés lá. Se o senhor, meu pai, conduzir a cruzada daquele crápula do Crawford, ensinando o caminho certo, eu nunca mais irei olhar no seu rosto.

— Bela... Minha filha... Eu não estou entendendo.

— Eu vim até aqui para lhes fazer um anúncio e um convite, aceitem-no ou não. Estou noiva. Irei me casar. – todos se entreolharam completamente surpresos – Eu ia levar todos vocês até o castelo ainda hoje, mas acabo de saber sobre essa cruzada horrível. O castelo não é mais seguro.

— Você irá se casar no castelo da fera? Com quem? – o pai estava confuso.

— Irei me casar com Sir. Dominic. – Bela olhou para o mordomo – Elliot, o Sir. Dominic tinha razão. Pelo menos agora sabemos o que vai acontecer e podemos evitar. Não foi tão má ideia vir até aqui. Vamos embora.

— Você vai voltar para o castelo? – a confusão na sua cabeça só aumentava.

— Sim! Preciso proteger o meu noivo. Adeus.

— Seu noivo?!– as peças ainda não estavam se encaixando para o pai da jovem, incapaz de assimilar as suas palavras.

— Sir. Dominic é o meu noivo, mas o senhor oconhece como a fera que me aprisionou e pretende matar.

A Bela e A FeraOnde as histórias ganham vida. Descobre agora