Meu sorriso se fechou na hora. Minha boca se abriu, e eu só consegui pensar que aquilo era uma brincadeira... De muito mal gosto.
- Vamos, Murray. - eu disse - Deve estar com fome.
- Mel, acredite em mim. - o estranho segurou meu braço.
- Senhor, por favor, não me toca. - fechei os olhos, e senti ele me soltar - Agora eu preciso entrar, tenha um bom dia.
Percebi que Murray já não estava lá, e me virei para entrar. Senti uma gota de água cair nos meus ombros, anunciando a chegada da chuva.
- Melissa Young Montes, nasceu dia 22 de dezembro, uma quarta feira, exatamente à meia noite. Você tinha cabelo loiro, e olhos negros que hoje são castanhos. Você sorriu quando nasceu, e os médicos chamaram você de milagre.
Parei de andar. Ainda virada de costas pra ele, perguntei.
- Como você sabe de tudo isso?
- Porque eu estava lá. Quando você nasceu. Thayla disse que...
- Não. Fale. Da. Minha. Mãe. - pontuei cada palavra, sem forças pra acreditar naquilo tudo.
- Melissa... - ele suspirou - Melissa eu...
- Você. - finalmente virei pra ele - Você é o monstro que destruiu a vida da minha mãe! Você é o monstro que teve a frieza de abandonar uma criança!
- Mel, não foi bem assim.
- Não me chame assim! - cerrei o punho - Você nos deixou. Nos tratou como lixo, desprezou duas vidas! E agora tem a audácia de voltar e de falar comigo?!
- Mel, me deixa explicar, por favor! - o estranho segurou meu braço outra vez. Agora a chuva já estava forte o suficiente pra nos encharcar, mas nem mesmo ligavamos.
- Me solta, e não me chame assim!
- Mess, está tudo bem? - ouço Ed perguntar atrás de mim.
- Sim. - respondo - Só estou conversando com este infeliz, mas já posso voltar.
- Melissa, me dá uma chance de explicar por favor! Quando você ir pra casa, a Thayla vai te confirmar tudo e...
- Thayla? - perguntei - O quanto você sabe sobre mim, imbecil? Minha mãe morreu. Você matou ela! Se não tivesse nos deixado ela não teria que se arriscar tanto!
Aquilo calou o estranho.
Ele deixou os lábios entre abertos e pareceu mais surpreso que quando me viu.
- Thayla morreu? - pude sentir a pontada de dor em sua voz, assim que ele engoliu em seco.
- Achei que soubesse tudo sobre mim, papai.
- Mess... - Ed me repreendeu.
Meu namorado devia dizer pra entrarmos, porque estávamos nos molhando. Mas ele sabia que tudo aquilo era pessoal demais, e incomum demais pra acabar.
- Quando isso aconteceu? - Roger perguntou - Melissa, quando isso aconteceu?
- Isso não interessa a você, sabia? - sorri ironicamente - Nunca quis saber da gente, e não é agora que vai saber.
- Isso não é verdade! - ele gritou, assustando Ed e eu- Desculpa... - Roger sentou no banco da calçada.
- Mel... Melissa. - ele suspirou - Eu sempre quis saber de você. Eu sempre quis saber de vocês.
- Olha, eu realmente não quero saber da sua história.
- Por favor, filha. Por favor, me deixe falar e se você quiser, nunca mais me verá na vida.
Encarei-o, pensando em suas palavras. Por fim, suspirei e assenti.
- Conte.
- Amor, vou entrar, certo? Isso é algo sei. - Ed beija minha testa, e volta para o restaurante.
- Não quer sentar? - neguei - Tudo bem. - Roger olhou para o nada por longos segundos, mas logo depois começou a falar.
- Sua mãe e eu nos conhecemos na escola. Era a garota mais inteligente da classe e a mais bonita também. Eu era cercado de amigos e garotas, mas tudo que eu queria era Thayla e ela parecia tão inacessível... Mas aí, eu fiquei em dificuldades em matemática e ela me ajudou. Um tempo depois já estávamos apaixonados, a gente não se largava. Ela tinha planos incríveis na vida. Uma boa faculdade, um bom emprego, uma boa casa e bons filhos... - Roger me encarou - E eu só queria ficar ao lado dela, vendo-a sorrir. - ele suspirou - Nós éramos jovens, Melissa, jovens demais. Sua mãe engravidou com dezenove anos, na época dos sonhos dela. Mas claro que a culpa não é sua; você foi a melhor coisa no meio de toda confusão.
O fato é que não tínhamos como nos sustentar. A sua vó nos ajudou muito, mas o meu pai ficou com raiva por eu ter estragado meu "futuro memorável". Quando você nasceu, ele me disse para ir pra Brasília, e trabalhar na empresa dele. Eu aceitei. Eu tinha que cuidar de vocês duas.
Então eu fiz a pior coisa da minha vida. Eu aceitei a proposta do meu pai e viajei, deixando apenas uma carta pra Thayla. Eu era um jovem com medo, filha. Eu só era uma criança.- E você me abandonou.
- Eu não abandonei você! Eu trabalhei muito, Melissa. Muito mesmo, pra ajudar minha família. Um semestre depois eu voltei para o Rio e fui atrás de Thayla. Eu achei que estávamos bem, que ela iria me aceitar novamente e que seriamos uma família. Mas ela estava magoada demais, magoada demais pra me aceitar, e não deixou eu ver você. Então eu fiquei muito triste, Melissa. E peguei todo dinheiro que consegui em seis meses e tentei dar a ela. Thayla rejeitou de cara, então eu disse pra ela aceitar por você. O dinheiro seria seu.
- E por acaso era quinhentos mil? - perguntei, lembrando da herança que recebi da minha mãe.
- É. Você chegou a receber esse dinheiro?
- Sim. - respondi - Exatamente esse valor.
Roger riu baixinho
- Ela não gastou nenhum centavo. Eu só queria ter persistido mais, e agora... Ela está morta. - ele pôs as mãos no rosto - Eu sinto muito, Melissa. Eu sinto muito, filha. Eu nunca quis abandonar você.
***
Quem acha que ela tem que perdoar o Roger levanta a mão ✋ haha
Pessoas lindas do meu core, convido vocês a lerem meu mais recente conto ❤❤❤ o nome dele é "Tudo Mudou", e é baseado na música "Everything has Changed" da Taylor Swift com o Mr. Sheeran <33
Os personagem não são propriamente a Taylor e o Sheeran, senão ficaria muito... Enfim. Vocês vão gostar sz vou deixar o link nos comments e ELE SÓ TEM DOIS CAPÍTULOS
Por hoje, é isso.
Fiquem com Deus
/Gabs
STAI LEGGENDO
Give me Love [COMPLETA]
Umorismo2018, Rio de Janeiro/BR - Londres/UK Melissa Young teve várias perdas significativas em sua vida. Mas aos dezoito anos, quando decide ir tentar a sorte de ser cantora em uma cidade chamada Londres, ela conhece, entre outros, Ed Sheeran. Mas antes di...