Despedida

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Depois de duas horas já compramos tudo o que precisávamos. Muitas roupas, muitos sapatos, e muita coisa desnecessária também, até celulares novos. Aproveitei para fazer download em todas as músicas do Edinho Sheeran novamente.
Agora iremos comprar as passagens para Londres. Não fico em mim de tanta empolgação.

Eu e Emma decidimos não nos despedir de nossos amigos, porque pode ser que voltaremos antes do previsto (até porque nada é previsto). Emma já terminou com seu ex-namorado e até que ele aceitou numa boa.

Dessa vez é eu que dirijo.
- Seus pais não ligaram de tipo, você ir morar muito longe deles? - Pergunto a ela, ela da uma risada irônica.

- Meu pai disse "Me trás cerveja londrina quando chegar", e minha mãe não estava em casa. Nem meu pai sabe onde ela está, provavelmente em algum continente fazendo uma de suas baladas. - Ela fala.

Fico um tempo pensando, e depois falo.

- Emma? - ela olha para mim. - Obrigada. - digo sorrindo - Por tudo.
- De nada. Eu te amo. - ela diz sorrindo também
- Eu também.

Depois disso conversamos coisas aleatórias sobre como iria ser em Londres, e sobre ter que arranjar um emprego lá, já que R$500 mil um dia acaba.

Compramos a passagem no aeroporto, marcada para amanhã, às 5 da manhã. Porquê tão cedo? Queremos ir pra lá quanto antes possível. The sooner, the better.

Por fim, resolvo comprar um violão de um roqueiro em uma loja de música, que tem um autógrafo de Renato Russo da banda Legião Urbana, eu sempre vou amar esse cara. Custou um pouco caro, mas esse vai ser meu violão da sorte a partir de agora.

E durante o dia todo, aproveitamos Rio de Janeiro. Uma despedida. Passeamos por cada canto de lá; tiramos muitas fotos, e até pedimos para montarem um álbum fotográfico com todas essas fotos.

Um breve adeus ao Rio, um grande olá a Londres.

Agora já está escuro, são exatamente 21 horas de acordo com o relógio em meu pulso. Estamos em um restaurante alternativo jantando, quando de repente Emma dá uma ideia maluca.

- Ei, aqui tem um palco. - Ela fala sorrindo travessa.
- E daí? - Digo sem entender.
- E daí, que você tem um violão aí... E sabe cantar. - Ela diz, e eu olho para as pessoas que estão comendo no restaurante.

- Não sei não... - digo apreensiva.
- Ah, qual é! Você vai viajar muito pra cantar, então que custa cantar em um restaurante qualquer? Anda, não é sua primeira vez. Tá com medinho? - Emma me desafia. E eu lembro da carta de minha mãe "Seja corajosa", ela dizia. Eu serei, por você mamãe.
Levanto-me, pego o violão e me dirijo ao palco.

- Posso? - pergunto de um funcionário do estabelecimento
- Será um prazer. - ele retruca.
Me posiciono em frente ao microfone, e olho para a frente, não tem ninguém olhando especificamente pra mim. É agora ou nunca. Fecho os olhos, e canto a primeira música que me vem a cabeça.

"Chasing Cars

Tradução

We'll do it all everything, on our own
We don't need anything, or anyone

Vamos fazer tudo tudo, em nosso próprio
Nós não precisamos de nada, nem ninguém

If I lay here, If I just lay here
Would you lie with me
And just forget the world
I don't quite know how to say how I feel
Those three words are said too much
They're not enough

Se eu deitar aqui, Se eu apenas deitar aqui
Será que você se deitaria comigo
E esqueceria do mundo?
Eu não sei bem como dizer como me sinto
Essas três palavras são ditas demais
Eles não são o suficiente

If I lay here, If I just lay here
Would you lie with me
And just forget the world
Forget what we're told
Before we get too old
Show me a garden
That's bursting into life
Let's waste time chasing cars
Around our heads
I need your grace to remind me
To find my own

Se eu deitar aqui, Se eu apenas deitar aqui
Será que você se deitaria comigo
E esqueceria do mundo?
Esqueça o que nos é dito
Antes de ficarmos muito velhos
Mostre-me um jardim
Isso está abrindo para a vida
Vamos perder tempo perseguindo carros
Por volta de nossas cabeças
Eu preciso de sua graça para me lembrar
Para encontrar a minha própria

All that I am, All that I ever was
Is here in your perfect eyes
They're all I can see, I don't know where

Tudo o que eu sou, tudo que eu sempre fui
Esta aqui em seus olhos perfeitos
Eles são tudo o que eu posso ver, eu não sei
onde

Confused about how as well
Just know that these things will never
Change for us at all

Confuso sobre como bem
Apenas sei que estas coisas nunca será
Mude para nós em tudo."

Acabo de cantar e um show de palmas ecoa o ambiente, algumas pessoas lacrimejam e alguns casais se beijam.

Olho para a mesa que eu estava antes e vejo uma Emma chorosa. Caminho até ela e sento em nossa mesa.

- Foi incrível, Melissa. Parabéns. - Emma diz. - Ah meu Deus, eu estou chorando.
- Haha. Pode parar, e obrigada. Simplesmente fluiu. - digo.
- Você nasceu pra isso. - Emma fala.
- Nasceu mesmo, querida! - Ouço uma voz familiar e estranhamente desafinada. Olho para trás e me deparo com o mesmo baitola do ônibus do parto. Mas dessa vez ele estava vestido com um terno rosa chocante que estava bordado com letras rosas a palavra "Gerente", e logo abaixo "Salu". Não pode ser!

- Olá novamente, raxa, lembra de mim? - Ele ou ela pergunta.
- Sim, a bich... A moça médica do ônibus, como esquecer. - bufo. - Você é mesmo gerente?
- Sim, e eu queria te fazer um convite ouvi sua voz fabulosa ali e vi que meus clientes gostaram peço que você aceite minha proposta bafônica de cantar aqui toda noite terá ótima recompensa que tal mona? - O voado fala sem respirar.

Cantar? Recompensa? Mona?

- Olha, Salu - isso é mesmo um nome? - Eu adoraria cantar mais não posso. - falei tentando ser simpática e não falar dos meus planos.
- Por que? - ele pergunta.
- Por que não. - respondo.
- Porquê não, não é resposta.
- É sim.
- Porque?
- Por que sim.
- Tem outra compromisso?
- Talvez.
- Então você tem.
- Talvez.
- O que é?
- Não é da sua conta.
- Conta logo.
- Não vou contar.
- Conta o que faz toda noite.
- Não vou contar.
- Faz programa?
- NÃO! - explodo. - Eu não faço programa!
- Então o que faz toda noite? - ele insiste em continuar no ping pong.
- Aah! Eu vou viajar satisfeito? Vou morar em outro lugar. - falo um pouco irritada
- Vai morar onde? - ele pergunta e eu levanto, pego minhas coisas e antes de sair dali com Emma, falo:
- Para bem longe de você.
E parto.

Give me Love [COMPLETA]Where stories live. Discover now