Namorado de Emma

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Cerca de 20 minutos depois já estamos do lado de fora do banco com o presente em mãos. Estamos radiantes, sujas e cansadas, mas radiantes. Já são quase 4:00hrs da manhã e em algumas casa já tem sinal de vida.

— E agora? - pergunta Emma.
—  Agora, - respondo - Vamos para casa. Hoje o dia vai ser longo.

[...]

Chegamos em casa e nos deitamos na cama, suja mesmo. Quem se importa? Estamos ricas. Começo a pensar na minha mãe, e o sono pesa...

Claro. Ta muito claro. Eu morri? Abro lentamente os olhos e uma fresta de luz solar bate em meus olhos. Quem foi o infeliz que abriu a cortina?

— Bom dia, querida. Feliz aniversário, 18 anos, finalmente - minha avó fala. - Ah meu Deus! Vá tomar um banho. - ela me olha com cara de desprezo.

— Vó - digo sonolenta - Hoje não tem aula, me deixe dormir. Que horas tem, hein?
— 6hrs. - ela diz calma
Sento rápido na cama. Olho para o lado e a cama de Emma já está vazia.
— O quê?! 6hrs da manhã? Vó eu dormi quase 5h00. Pelo amor de Deus. - olho para vovó -   E cadê Emma?
Ela sorri.

— Saiu. Foi resolver algumas coisas, dizendo ela. Pra viagem, sabe. Ela disse que vocês partem amanhã, não sei. Talvez tenha ido se despedir dos amigos e dos pais. - Ela diz. Emma tinha pais sim, só que não ligavam para ela.

A mãe era uma Produtora de Eventos que vivia viajando para organizar suas festas e o pai era um bêbado torcedor que ficava em casa o dia todo com amigos como eles. Desde que eu conheci Emma, o que faz quase 10 anos, ela era infeliz naquele lugar. Aos 14 anos ela foi morar em uma tia e aos 15 anos eu a convidei pra morar na minha casa. Ela aceitou prontamente e desde lá não nos separamos.

— Okay. Eu também tenho que resolver umas coisas, mas antes preciso tomar um banho. - falei me dirigindo ao banheiro, e ela saiu do quarto.

Terminei o banho, me arrumei e olhei-me no espelho. Não me acho uma mulher bonita, muito menos atraente, mas enfim.
Resolvo ligar para Emma. Depois de alguns toques, ela atende.
Fala, gata.
Onde você está? Temos que fazer muita coisa ho... - digo e ela me interrompe
Estou na casa dos meus pais, procurando a fucking chave do carro de um gordo infeliz que é meu pai.
"É a Melissa? Diz pra ela que eu mandei um beijo quase na boca kkkkkkk" - ouço o pai da Emma gritar.
Ah, Meu Deus, diga que não ouviu isso!
— Não ouvi nada. - Minto rindo internamente. - Vem logo pra cá.
Estou indo. - ela diz e ouço um barulho que parecem chaves chacoalhando.

20 minutos depois já estamos no carro do pai de Emma.

— Qual a primeira coisa a se fazer? - Emma me pergunta.
Penso um instante.
— Lanchonete do Tomá. - digo rindo maldosamente - Preciso falar uma coisinha para ele.

E Emma dá a partida.

[..]

Estamos na frente do restaurante do meu futuro-ex-chefinho, e nessa hora já está lotado por ser passagem aos grandes escritórios do Rio.

— Precisa que eu entre? - Emma pergunta.
— Me espere aqui. - digo. Me dirijo para dentro do estabelecimento e meu futuro-ex-chefinho já está lá, humilhando um funcionário qualquer.

Pigarreio, e ele olha para trás.
— Ah, Sr Fedorenta, finalmente chegou cedo. - ele olha com cara de desprezo. - Primeiramente você irá lavar os banhe...
— Primeiramente - o interrompo - Eu quero desejar que tudo dê certo na sua vida, inclusive que seu nariz cresça mais, seu ignorante infeliz. Em segundo lugar, você é muito escroto e em último lugar, - olhei para os clientes que já estavam nos olhando, e me dirijo para a calçada, onde todo mundo pudesse me ouvir - Em último lugar, Sr Tomá, gostaria que você fosse TOMAR no meio do seu...

E em um segundo já estava no carro com Emma.

— Próxima parada, shopping. - e coloco os óculos escuros.
Partimos sem olhar a cara do presente-ex-chefinho e seus clientes.
— Que música coloco? - Emma pergunta.
— Ed Sheeran, qualquer uma. - digo sem pensar.
 — Porquê você o ama tanto?
— Eu não o amo, Emma. Eu admiro o trabalho do cara.
Emma ri, e devagar eu bato em seu braço.

Depois de um tempo chegamos no shopping. Precisamos de roupas, acessórios, sapatos, bolsas e mais roupas para Londres. Se tudo der certo, partiremos para Londres amanhã.

Entramos no estabelecimento e passamos por algumas lojas, entramos na mais caras e saímos de lá com muitas sacolas. Estamos nos achando, nos sentindo na passarela até que vejo uma coisa, ou melhor uma pessoa.

Emma Povos
— Amiga, acho que tem alguém vindo aí. - Melissa me diz baixinho e olho pra onde ela está olhando.
Vejo um carinha de um par de olhos verdes, e um sorriso apaixonante. É o encosto do meu namorado.
— Oi amor. - ele sorri ainda mais e me abraça. - Senti sua falta, vamos ao cinema?
— Adoraria, mas eu tenho que comprar uma... - não sei o que inventar, então olho pra uma loja de gestantes que está ao nosso lado - uma fralda pra Melissa, sabe. - falo entre dentes e ele faz uma careta.
— Tudo bem então, eu acho - ele continuava com a careta - Até mais então amor, e boa sorte na gravidez Melissa. - ele fala para Mel.
É agora que ela me mata.

Melissa Povos

O QUÊ?! Agora o namoradinho de Emma pensa que estou grávida. Pego-a e puxo ao banheiro mais próximo.
— Eu tô grávida?! Ou isso, ou eu preciso de uma fralda geriátrica para usar! Não tinha outra desculpa? Emma eu sei que você precisava dar um bolo nele, mas precisa fazer isso definitivamente, sabia? - digo.
— Eu sei, Mel. Desculpa. Mas eu não sei o que falar. - ela diz.
— Você ainda gosta dele?
— Eu? Nem um pouco, Mel. Faz muito tempo. Qual é eu o namoro a quase 2 anos, e nem o amo todo esse tempo. - Emma fala rindo.
— Você é um caso perdido. - falo rindo também.
— Caso perdido é você, que não namora desde que tinha 16 anos.
Paro de rir.
— Eu sei, só não me interessei em alguém ultimamente. - olho para minha mãos. - E nem quero namorar, é perca de tempo.
— Certo. - Emma diz. - Eu preciso terminar com o Mike, não é mesmo. Vou agora, se preciso. Mas preciso fazer isso sozinha.

E Emma vai embora. Enquanto isso, olho-me no espelho do banheiro e repenso no que Emma disse sobre eu não namorar desde os 16 anos.
Alguns caras até investiam, mas eu não me sentia atraída. Meu último namorado foi um ridículo que me traíra com a Gina.

Ela simplesmente sempre quis o que eu tenho, e com meu ex não foi diferente. Passei longos meses chorando e escrevendo músicas deprimentes por culpa dele, mas depois de algum tempo eu cresci. Amadureci e meio que me tornei uma pedra, nunca quis nada com nenhum cara. Talvez um dia, quem saiba. São tantos "talvez".

Give me Love [COMPLETA]Donde viven las historias. Descúbrelo ahora