Prólogo

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*Lembrando é uma história fictícia que não propõe fazer apologia ou distorção de qualquer religião, é apenas uma história.*


Já passava das seis horas da manhã, quando o quarto de paredes bege e ar dos anos noventa, recebeu os primeiros raios de sol. Isabelle abriu os olhos vagarosamente tentando se costumar com a claridade. Depois de alguns minutos fez sua oração matinal e se arrastou até o corredor, deu mais três passos e entrou no banheiro tomou um longo banho, escovou os dentes e fez o caminho de volta ao seu quarto. Parou em frente ao espelho, na sua percepção ela tinha a aparência de uma garota de dez anos, seus cabelos tinham as pontas enroladas em cachos e um castanho escuro cintilante, seus olhos cor de mel e a sua pele meio pálida pela hora da manhã, definitivamente não a deixavam enxergar o quão bela estava e sempre esteve. Ela não queria se sentir daquele jeito, queria poder se vestir como as meninas da escola usar as saias que mostravam tão bem as pernas, os vestidos que modelavam os corpos ou até mesmo as blusas decotadas que atraiam os olhares de todos. Mas ela não podia.

-Isabelle! –sua mãe bateu levemente na porta do quarto. –Já esta de pé?

-Sim mamãe. –respondeu rápido saindo da frente do espelho e espantando aqueles pensamentos que certamente aos olhos de seu pai a levaria ao purgatório.

-O café já esta pronto, seu pai te espera a mesa. –a senhora falou e saiu descendo as escadas e indo ao encontro de seu marido.

Isabelle abriu as portas do seu guarda-roupas na esperança de encontrar algo que não a deixasse com cara de freira, não que isso fosse uma coisa ruim pois já havia passado pela sua cabeça ir para um convento, mas ela queria algo diferente, uma mudança. Nada encontrado. Pegou sua meia calça cor de pele, saia com um palmo abaixo do joelho na cor mais clara que entrou, achou uma camiseta e por fim seu suéter rosa goiaba. Voltou para frente do espelho, não era bem o que ela queria, mas para um primeiro dia de aula na velha escola parecia muito bom. Passou a escova por seus fios castanhos até finalmente conseguir prende-los em um perfeito coque. Pegou sua mochila com os materiais que havia posto no dia anterior, deu uma última olhada nos seus pôsteres de Elvis e saiu do quarto indo ao encontro dos seus pais na cozinha.

-Bom dia papai! –ela disse sorridente se sentando ao lado do senhor de terno e olhos pesados, mesmo tão cedo ele já parecia zangado.

-Bom dia filha! –respondeu com os olhos fixos no seu prato de ovos e bacon.

-Bom dia Kennedy! –ela cumprimentou irmão mais novo e ele apenas sorriu, não parecia ser um bom dia pra ele.

-Vem direto pra casa ou vai à igreja hoje a tarde Isabelle? –sua mãe perguntou enquanto colocava um prato com waffles na sua frente.

-Vou à igreja, prometi rezar para os filhos da senhora Nora, ela ainda esta muito triste com a morte deles. –a garota deu uma garfada saboreando os seus waffles, rezar para os filhos da senhora Nora era a melhor forma que ela via de ajudar, desde que a causa da morte deles fora diagnosticada como assassinato a senhora Nora não permitia que ninguém entrasse em sua casa mesmo que fosse para dar os pêsames, encontrar seus filhos mortos na sala de casa não havia lhe deixado outra opção além do medo constante. Isabelle espantou os pensamentos sobre a sra. Nora e voltou a saborear seus waffles, em alguns minutos ela finalizou seu café da manhã e se despediu de sua família sem esquecer de pedir a benção ao seu pai e a sua mãe, aquela família era provavelmente a mais conservadora do bairro, talvez até mesmo da pequena Stratford.

Em uma casa da mesma Rua, Justin, um modelo conhecido internacionalmente dormia no sofá, a noitada passada só lhe tinha proporcionada uma bela bronca de sua mãe, mas desde que aceitou voltar para a sua cidade natal e retomar sua antiga vida, brigar com a sua mãe e agir como se fosse dono do seu próprio nariz não era uma boa ideia.

Pattie passou pela sala observando seu garoto, ela poderia jurar que ele estava desmaiado de tão leve que era sua respiração, mas ela sabia que apesar de tudo ele estava bem. Ela sentia que estava na hora dele sair de baixo dos holofotes e vivesse as experiências como uma pessoa normal. No começo ele resistiu, mas depois de todas as confusões que se meteu, ele percebeu que aquela era a coisa certa a se fazer. Ela se aproximou acariciando o rosto do garoto até que ele acorda-se, ao abrir os olhos Justin se assustou, não era muito comum ter como primeira visão a sua mãe.

-Você tem escola meu amor, levante-se! –ela beijou o topo da cabeça do garoto e esperou pra que ele reagi-se –Vamos lá Justin, não é tão difícil , você só tem que ser um pessoa normal que vai a escola. –ele coçou os olhos fazendo careta.

-Eu vou ter que refazer o primeiro ano do ensino médio, então sim eu considero ter que conviver com aqueles projetos de perdedores difícil.

-Justin! –Pattie puxou a coberta.

-Mãe! –resmungou tentando pegá-la das mãos da mulher.

-Se você não levantar agora, eu vou te deixar na porta da escola. –o garoto arregalou os olhos, ser levado pela mãe até a escola já era considerado um mico, imagina como seria ser levado pela mãe para o primeiro dia de aula no ensino médio, quando se tem vinte anos. Justin pulou do sofá e foi direto pro banheiro, tomou um longo banho e logo se vestiu, não era do seu feitio chamar atenção, mas o seu estilo não ajudava muito nesse quesito. Passou pela mesa de café na cozinha pegando uma fruta qualquer.

-Você tem que alimentar direito Justin! –Pattie reclamou enquanto ele pegava as chaves do carro e saia murmurando um "uhmmm".

Entrou em seu carro e acelerou pelas poucas quadras que tinha que percorrer até chegar a escola, apesar de preferir ir ao Starbucks e esperar o tempo passar, rever seus velhos amigos lhe deixava feliz. Estacionou o carro e desceu olhando o campus da escola, poucas pessoas ocupavam o perímetro, a maioria já deveria ter entrado, ele com certeza estava atrasado. Pegou uma mochila no banco do carro, que sua mãe com certeza deveria ter a deixado ali, e correu cruzando aquele enorme campus. Perguntou ao porteiro onde ficava a secretária e seguiu até lá. Empurrou a porta e entrou no mesmo segundo em que Isabelle saiu levando a sua grade de horários na mão. Eles não se virão ou se quer sentirão algo ao passarem um pelo outro, mas isso não significava nada diante tudo o que poderia acontecer nos próximos dias na pequena Stratford. 

{ Até o próximo capítulo ;)}

Free Fallin { Justin Bieber }Where stories live. Discover now