• Sixty Nine •

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O táxi nos deixou enfrente à casa de YoonGi, ambos pagamos o taxista e adentramos naquela familiar residência, meus olhos buscavam algum sinal de diferença naquela casa mas, a única coisa que havia mudado era a ausência de uma pintura com o rosto do sr. Min na parede lateral à escadaria.

Martha veio nos receber e perguntou se queríamos algo, eu a informei que YoonGi não estava bem mas, que precisava apenas descansar, ela entendeu perfeitamente e eu agradeci.

Eu e YoonGi chegamos no quarto, nada havia mudado, os móveis continuavam em seus devidos lugares, as mesmas cores e o mesmo aroma amadeirado impregnava o local desde a primeira vez que eu fui naquele lugar.

YoonGi se deitou na cama e eu fui até a grande janela do quarto, fechei as cortinas e acendi um pequeno abajur ao lado da cama de YoonGi, ajudei-o a tirar o casaco que vestia e ficar apenas com a  blusa de lã negra.

Ele abraçou o travesseiro e afundou o rosto no mesmo, soluçando baixinho enquanto minhas mãos passeavam por seus fios desbotados, desejando que aquela dor parasse, orando para que Deus pudesse tirar aquele peso do coração de uma criatura tão boa quanto YoonGi.

— Durma um pouco, YoonGi. - Eu falei baixinho, ajeitando sua franja bagunçada.

Antes que eu pudesse me levantar ele segura meu pulso e ergue o olhar levemente pra mim, perguntando:

— Você vai estar aqui quando eu acordar?

Assenti e me inclinei deixando um beijo demorado em sua testa.

— Eu prometo.

Sorri fraco e me levantei da cama vendo-o fechar os olhos devagar enquanto eu me afastava. Fechei a porta do quarto cuidadosamente para não fazer barulho e me virei, assim que comecei a fazer meu caminho até a cozinha para falar com Martha, senti-me pisar sobre algo, ou melhor, uma Barbie.

Me abaixei e peguei a boneca analisando-a, levei meu olhar até a porta rosa do quarto de Yuna e respirei fundo. Fiz meu caminho até aquela porta e bati algumas vezes, como não obtive resposta, imaginei que Yuna estivesse no colégio, eu deixaria a boneca no quarto de sua dona e sairia mas, infelizmente, não foi isso o que aconteceu.

Assim que entrei no quarto, eu vi Yuna enrolada na coberta lilás de sua cama, ela soluçava e deixava as lágrimas molharem suas pequenas bochechas. Ela percebeu a minha presença e ergueu o olhar deixando-me ver seus olhos avermelhados assim como o nariz.

Me apressei em me aproximar dela, sentei ao seu lado na cama e pus a boneca em sua frente erguendo os braços da mesma.

— Por que tão triste, princesa Yuna? - Afinei minha voz fazendo-me passar pela Barbie.

Yuna suspirou e, ainda com a voz chorosa, falou:

— É o meu pai... meu irmão disse que ele foi pra muito longe e não vai voltar.

— Princesa Yuna, devo-lhe informar que seu pai se encontra muito bem, em perfeito estado de segurança. - Continuei e ele secou as lágrimas que ainda escorriam pela sua bochecha.

— Eu posso vê-lo? - Ela perguntou e eu olhei cabisbaixa para a boneca.

— Temo que isso não será possível, seu pai está muito longe, um dia, bem mais tarde, você poderá vê-lo.

— Por que não agora?

— Princesa, você precisa de tempo, seu pai agora é um rei, para vê-lo, você precisa se tornar uma rainha. - Eu falei e ela virou seus olhos para mim.

— Como, eu faço isso? - Ela perguntou com um certo brilho em seus olhos.

— Com o tempo, querida princesa, com o tempo você se tornará uma rainha. - Eu falei voltando minha voz ao normal e ela sorriu fraco.

— Certo... então eu vou esperar. - Ela falou esboçando um pequeno sorriso, quebrando aquela expressão triste que antes ela tinha em seu rosto.

— Seu pai está em um lugar melhor, não se preocupe com ele, um dia você irá vê-lo, me promete? - Ergui meu mindinho e Yuna riu fraco pondo seu mindinho sobre o meu.

Entrelaçamos nossos menores dedos e sorrimos.

— Eu prometo. - Ela falou assentindo e eu a abracei por cima do cobertor.

Yuna não tinha que viver aquilo, ela não precisava, era apenas uma criança, ela tinha que se manter em seu mundo de princesa onde nada triste a afetaria e eu ajudaria isso a se manter assim.

A morte de um pai sempre é trágico, mesmo que não muito querido, sua morte é triste, ainda mais para uma criança. Eu me separei do meu pai bem mais velha, então não sofri muito com a ausência de uma figura paterna mas, eu sabia que lá no fundo eu sentia falta dele pois, ele me amava e eu garanto que o sr. Min, mesmo não demonstrando, amou seus filhos.

— Que anel bonito, Sae. - Yuna falou tocando o anel que envolvia meu dedo anelar.

— Obrigada, seu irmão que me deu, sabia? Ele tem um bom gosto para joias. - Falei e ela franziu o cenho parecendo confusa.

— YoonGi? - Ela perguntou e eu assenti.

— Ele não... ele não te contou? - Perguntei sorrindo e ela negou com a cabeça. — Nós estamos noivos.

— Isso é sério? - Ela perguntou surpresa e eu assenti.

— Mas, é um segredo, pode mantê-lo para mim? - Perguntei e ela assentiu firme.

— Você então... você faz parte da minha família agora? - Ela perguntou e eu assenti, um sorriso formou-se nos lábios de Yuna e ela me abraçou forte. — Obrigada.

Brinquei um pouco com Yuna e ela finalmente me mostrou a coleção de Barbies importadas que ela tinha, uma por uma, ela foi descrevendo-as e esquecendo da perda do pai. Aquilo me aliviava, era isso que crianças tinham que fazer, brincar, não sofrer.

Martha chamou Yuna para um lanche e eu a acompanhei até o andar debaixo, enquanto Yuna comia na copa, Martha me chamou para conversar na sala ao lado. Assenti e caminhamos até a sala principal.

— Obrigada por nos ajudar com a perda do sr. Min, SaeJin. - Ela falou e eu pus ume mecha do meu cabelo para trás da orelha olhando de longe Yuna se divertir com seu suco de laranja.

— É o mínimo que eu posso fazer, Martha... - Falei ainda olhando a pequena menina sorrindo para o líquido alaranjado em seu copo.

— Essa família está passando por um momento muito difícil, eu não sei o que o sr. YoonGi seria capaz de fazer se você não estivesse aqui. - Ela disse e eu voltei minha atenção para o rosto da mais velha.

— Eu não sei o que seria capaz de fazer se ele fizesse alguma loucura na minha ausência, eu não poderia me perdoar. - Falei sentindo um nó incomodar a minha garganta só de pensar em estar longe de YoonGi em um momento como esse. — Eu vou ajudar essa família, Martha.

— Você é um anjo, srta. Young. - Ela falou e eu sorri fraco agradecendo.

— Sae! Você quer um pedaço? - A voz de Yuna invadiu o salão principal e eu vi a silhueta pequena da menina se aproximar de mim.

Martha sorriu enquanto é menina me oferecia uma fatia de bolo de chocolate. Antes que eu pudesse responder, o ranger da porta principal ecoou pelo salão e uma voz estridente incomodou os ouvidos de todos os presentes:

— Essa garota aqui de novo?

DIAMOND 》 SugaOnde as histórias ganham vida. Descobre agora