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*10 de Dezembro, 2017, Seattle*

Não queria acreditar na mansão que se distanciava mais e mais de mim, aquela que foi a minha casa durante 16anos. Havia água a correr pela minha cara, eram lágrimas de alívio, as quais eu não sabia que guardava.

Estamos a deixar Paris para trás, eu e Norah, caminhamos para Seattle onde esperamos começar de novo.

"Natasha" abro os olhos e Norah está a chamar por mim. "coloca o cinto, por favor, vamos aterrar. "ela sorri, chegamos a Seattle.

"Norah?! Estou nervosa, é a primeira vez que saiu de Paris" digo.

Sou de nacionalidade americana mas toda a minha vida vivi em França, Paris.

"Não estejas minha querida Natasha, tens um mundo por descobrir."

A Cidade é linda, são 7 p.m aqui e a maneira como as luzes estão todas ligadas no Centro, é simplesmente magnífico. O taxi deixa-nos enfrente a uma pequena casa.

"A empresa onde eu trabalhava em Paris arranjou transferiu me para cá e nos primeiros dias vamos ficar nesta pequena casa nos subúrbios de Seattle, é uma casa da empresa." Norah explica enquanto as malas estão ao nosso lado perto da porta de entrada. "Vamos, entra Natasha!"

Depois de Norah ter feito algo para o jantar e de termos arrumado tudo despeço-me e vou para o meu quarto.

Ainda é difícil para mim, só à cerca de uma semana é que fiquei livre, só à uma semana é que pude voltar a respirar sem me preocupar. É a primeira vez que vou dormir numa cama e que tenho um quarto só para mim, ainda não sei como funciona nada que seja um aparelho eletrônico, é como se... acabasse de nascer.

Apago a luz, ainda tenho medo, medo da escuridão, medo das horas, medo de tudo. Eu estou feita em medo e submissão. Eu estou perdida...

Um ranger no chão de madeira faz se ouvir, o meu coração palpita sinto o sangue a correr na ponta dos dedos e um formigueiro no couro cabeludo, estou assustada, cerro os olhos e encolho me em mim mesma. A porta abre e todo o meu corpo começa a tremer.
"Natasha, doce Natasha, como tenho saudades!" ele chega mais perto...

"Natasha acorda, Natasha, por favor!" volto ao consciente, outro pesadelo? Faz 15 anos de pesadelos frequentes, é a minha rotina, mas para Norah é algo novo e assustador. Ela só me conhece à 10 dias e não sabe como lidar.

São 4 a.m e estou sentada num banco de plástico muito desconfortável, numa sala de espera do hospital, Norah está me a fazer companhia. Eu não queria vir mas ela insistiu. Não sei porque que ela se preocupa tanto nem sei como é que ela não se importa em gastar dinheiro comigo no hospital. Ainda ontem chegamos e eu não tenho seguro de saúde e os médicos aqui na América são um exagero de pagamento. Eu só a conheço à uma semana ela não é minha mãe nem minha irmã, muito menos alguém de família ou assim. Não entendo, mas é bom saber que alguém se preocupa.

"Natasha White? Acompanhe-me, por favor." Uma rapariga que eu penso ser enfermeira chama por mim e eu sigo-a despedindo-me de Norah.

É a primeira vez que entro num hospital, quero dizer, lembro vagamente que quando tinha 5 anos vim visitar a minha mãe ao hospital. É das últimas memórias que tenho dela até ter desaparecido.

"Por favor, a Dr. Cox vai assumir a partir daqui." A enfermeira abre a porta de um consultório e faz o gesto para eu entrar.
Uma rapariga não muito alta de cabelos castanhos claros e olhos azuis está sentada por detrás de uma secretaria com uma bata branca vestida.

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