O reencontro

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Minhas pálpebras estavam pesadas, enxergava tudo embaçado. Quando consegui abri os olhos por completo vi me sentada numa cadeira de madeira toda amarrada com cordas de palha. O lugar parecia um grande galpão, o teto era alto e algumas telhas eram transparentes iluminando o local. Pude ver muitos armários de ferros e alguns carros velhos que agora ja eram sucata. Olhei pro lado pra ver se alguém estava comigo e para minha surpresa sim.

Fiquei assustada na hora em que vi seu rosto todo manchado de sangue, marcas de espancamento, diferente de mim estava preso com correntes de ferro. Dava pra notar que realmente estava tentando escapar, quem sabe pra me encontrar e tudo ficaria tão bem. Comecei a chorar nesse momento lembrando de todos os nossos momentos juntos, embora tenham sido poucos pra mim havia significado muito. Segurei o choro e me inclinei pra perto dizendo como uma voz rouca e baixa.

-Richard! Acorda! Sou eu finalmente, Mellanie.

Ele não respondia e não se mexia. Comecei a suar imaginando o pior que poderia ter acontecido com ele durante todo esse tempo que eu não havia me esforçado o suficiente para tira-lo daqui onde agora eu também fui pega. Repiti a fala novamente e nada. Fiquei nervosa e tentei me inclinar mais, porém foi em vão, minha cadeira tombou e se partiu no chão. Os pés da cadeira soltaram farpas que entraram na minha perna. Comecei a chorar silenciosamente com medo de que alguém me ouvisse e tudo seria prejudicado.

Já que estava solta da cadeira agora fui e tentei soltar Ric. A correntes estavam presas com cadeados então não conseguiria soltar com as mãos. Tentei tomar equilíbrio e devagar andei até aos grandes armários de ferro que havia visto. Repetia sem parar na minha mente "vai ficar tudo bem, ache um alicate para abrir aquela droga e você vai estar livre junto com ele". Fui observando atenciosamente cada prateleira mas não achava de maneira alguma, virei no corredor à esquerda, mas antes ouvi vozes se aproximando e me abaixei no canto tomando cuidado para não me verem. Depois que percebi que o falatório era na direção de Richard. Andei abaixada para mais perto tentando ouvir melhor.

Eles viram minha cadeira quebrada e encararam o corredor escuro suspeitando que eu poderia estar lá. Um dos homens apontou fazendo sinal para irem de um lado que ele iria do outro. Me vi sem saída e fui em busca de qualquer ferramenta que eu pudesse usar pra me proteger caso me achassem. Por sorte encontrei um martelo grande e pesado. Me escondi num canto cheio de materiais de construção, não me incomodei pois pelo menos era escuro, então não me achariam tão facilmente. Ouvi passos à minha direita e me encolhi mais ora dentro do buraco. Vi o homem olhando para o lado oposto ao meu, em silêncio me aproximei e bati com tudo o martelo em suas costas, tentei não sentir remorso e corri para onde Richard estava. Usei o martelo pra soltar as correntes e sacudi seu corpo tentando acordá-lo. Nada novamente. Achei meio cliche no momento mas era o que vinha em minha mente, então rapidamente eu o beijei. Senti uma coisa dentro de mim, uma energia tão positiva e tanto carinho ao mesmo tempo. Quando me afastei dele disse:

-Por favor volta pra mim.

Me virei e vi que um dos caras estavam se aproximando. Quando voltei o rosto para Ric seus olhos estavam se abrindo e ele me viu. Sorri, chorei, o abracei e toda a felicidade me tomou conta naquele instante. Quando ele me reconheceu sorriu também e logo já ficou de pé. Segurou minha mão com firmeza e me puxou correndo em direção à uma porta de metal grande. Em frente à porta ele segurou meu rosto e disse:

-Estou tão feliz que se não estivéssemos nessa te abraçaria e te beijaria e nunca mais pararia. Porém agora a única coisa que quero que faça é correr.

Não raciocinei o que ele disse direito e só pude seguir seus movimentos me empurrando para o lado de fora onde a noite já havia chegado. Ouvi um barulho de tranca vindo de dentro e tentei abrir a porta.

-Não! Não! Não! Eu não vim aqui pra ir embora sem você! Preciso de você comigo!

Cai no chão aos prantos. Ouvi barulhos assustadores e estranhos de dentro do galpão. Comecei a andar pra trás com medo do que estava acontecendo. Tentei reagir e empurrei com todas as minhas forças a porta mas eu era fraca demais no momento. Vi uns latões de alumínio e levantei-os jogando contra a porta que logo se abriu. Quando entrei vi uma arma de canto e peguei pensando na possibilidade de alguém me atacar. Apontei pra frente e fui caminhando e paralisei na hora em que vi Dexter com uma arma apontada para cabeça de Ric. Agora eram apenas eu e ele, um contra o outro, qualquer ação errada e tudo poderia acabar mal, mas eu não ia desistir de salvar Richard, jamais.

OS SEGREDOS DELEWhere stories live. Discover now