Presos na escuridão

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Estava meio impossível pensar em alguma coisa que não fosse sair daquele hospital ridículo. Minha cabeça ja estava cheia e comecei a ficar enjoada com aquele cheiro do chá que tinha que tomar porque tinha remédio misturado. Eu ja havia pensado em várias coisas como me disfarçar de enfermeira e sair pelos fundos que nem nos filmes de ação, fingir que procurava o banheiro e acabar parando na rua para escapar e outras coisas meio bobas mas que valiam a pena ficar pensando pra distrair a cabeça. Dexter não fala comigo a mais de uma hora, acho que ficou muito bravo depois que tentei fugir pelos corredores; ele deve achar que eu não gosto dele realmente como ele gosta de mim, deve pensar que dou mais valor pro Richard do que pra ele. Tive que parar de pensar nisso quando ele abriu a porta e me olhou sério.

-Não vou pedir desculpas por tentar fugir daqui.-já fui logo me pronunciando olhando para as condições precárias do hospital.

-Não reclame, estamos numa cidade desconhecida e pouco habitável, tem que agradecer por ainda não estar com uma bala no braço.-ele disse com um tom meio nervoso.

Revirei os olhos e fiquei dr cabeça baixa desejando que ele não puxasse mais nenhum assunto. Ele ficou parado também por alguns instantes, mas logo já levantou vindo em minha direção. Se sentou do meu lado na maca e entrelaçou os dedos no meu percebendo o meu êxito em relação a sua ação.

-Mel, pare de se afastar de mim. Eu fiquei chateado apenas por pensar que não gosta realmente de mim e que preferia estar com outro.

-Eu nunca disse que não gosto de você e nunca disse que prefiro outro.

Me ajeitei e sentei do seu lado e pra conversarmos de maneira melhor.

-Dex, eu sei que acha que eu não me sinto tão atraída por você, mas é porque precisa ter um pouco de calma ainda, mesmo depois de resolver mos assumir um relacionamento. Quero te conhecer melhor primeiro pra depois me apaixonar apaixonadamente por você. -disse com uma voz fofa entrelaçando meu braço no seu pescoço e dando uma risadinha.

Ele riu também e me abraçou de modo carinhoso. Encostei minha cabeça no seu ombro e fechei os olhos tentando relaxar, quando abri percebi tudo escuro novamente estranhei.

-Acabou a luz. Precisamos sair daqui e procurar um lugar melhor.-Dex disse tentando ser otimista.

-Espera aí, e se aqueles caras que estão aqui? Eles sabem que levei um tiro e que estou machucada, provavelmente são inteligentes o suficiente pra racionar que viríamos pra um hospital. -disse pensando nessa possibilidade.

-Seria muita coincidência. E porque estariam atrás de nós? O que fizemos?

-Acontece que estamos atrás do Richard e isso muda tudo, Lourenzo deve ter mandado alguns caras pra nos procurar, com medo de que fizéssemos alguma coisa.

-Quem é Lourenzo?

-O cara por debaixo dos panos de quem Ric quer realmente se vingar. Ache uma lanterna, pelo menos pra não ficarmos nessa escuridão. Talvez em algumas das gavetas.

-Se tivesse poderes de visão noturna, conseguiria ir até essa gaveta, mas infelizmente não somos todos perfeitos.

-Dexter pelo amor! Observe meus poderes de visão noturna.

Levantei e caminhei devagar apoiando em tudo que sentia pra poder chegar até o armário. Bati o pé numa cadeira no meio do caminho mas continuei. Quando finalmente senti algo de madeira apalpei as gavetas de baixo procurando pela terceira.

-Achei! Viu como quem protege quem aqui sou eu.

-Ótimo trabalho super protetora do Dexter. Agora me dê isto, esse quarto ja tá me dando claustrofobia.

Andei mais um pouco até sentir a mão dele entrando a lanterna. Dei a mão pra ele tentando me apoiar e saímos do quarto. As luzes de emergência estavam acesas mas nada que ajudasse muito. Caminhamos até o balcão da recepção e tudo estava muito silencioso, não havia ninguém gritando ou correndo, ou então barulhos de ambulância. Dexter achou uma caixa de força e abriu procurando pelas lavancas que fariam a luz voltar de algum modo.

-Esse silêncio tá me incomodando, era pra ter enfermeiros passando aqui, pacientes perdidos correndo de lá pra cá. Isso tá muito estranho. -disse ainda com um pouco de desconfiança.

-Vai ver todos ja saíram e só sobrou nós.

-Ficamos nem cinco minutos presos dentro do quarto,é óbvio que devia ter alguém aqui.

Me sentei numa das cadeiras pretas que tinham lá e encostei a cabeça na parede tentando me acalmar. De repente as caixas de som dos corredores começaram fazer barulhos como de mal contato. Foi então que uma voz grave e alta disse:

-Olá meus amigos, ou devo dizer Mellanie e Dexter? Peço desculpas primeiramente por ter acertado seu pequeno braço Mellanie, queríamos apenas conversar, mas já que escolheram o lado difícil da situação ai vamos nós. Estamos aqui com...deixe me ver...1...2...5...9, é estamos com 10 reféns no telhado e que estão prestes a cair desse lindo prédio de sete andares se....vocês não se entregarem. Não levem isso pro lado pessoal, só estamos seguindo ordens e que precisam ser cumpridas. Vocês têm uma hora pra se renderem ou algumas pessoas inocentes não vão poder voltar pra casa amanhã de manhã.

A caixa de som fez um barulhinho de novo e pifou de vez. Eu e Dex nos encaramos com medo e confusos. Nos restavam apenas uma hora antes de sermos os culpados por assassinato.

OS SEGREDOS DELEOnde histórias criam vida. Descubra agora