Something Else || h.s. #Wattys2016

Chapter 13

'Nina?' ouvi a voz de um outro rapaz, Kian. Virei-me para trás e observei o rapaz que estava junto à porta da sala, tímido, com uma manta sobre os ombros. Esbocei um sorriso ao vê-lo ali e levantei-me do chão, sentindo imediatamente a pequena mão de Edward juntar-se à minha. 'Tenho fome.' ele murmurou, esfregando os seus olhos ensonados.

'Vamos preparar o pequeno-almoço.' disse, caminhando até ele e beijando uma das suas bochechas. Ele sorriu de forma preguiçosa e começou a caminhar até à cozinha, assim como Edward que seguia o irmão animado.

Observei-os, encostando o meu corpo à porta da sala. Era engraçado pois ambos tinham alguns hábitos de Harry, apesar de não estarem com ele grande parte do tempo. Kian mexia constantemente na franja, tentando ajeitar o cabelo de quem acabou de acordar. Edward, no entanto, tinha um riso muito similar ao de Harry, o que era adorável. Observei-os a entrar na cozinha e imaginei imediatamente que, daqui a uns anos, esta pode ser mesmo a minha vida. Acordar cedo para estar com os meus filhos. Estar com eles, cuidar deles e dar-lhe todo o carinho que eles merecem. Apanhei-me a sorrir com estes pensamentos, apesar de ter a perfeita noção de que este futuro ainda pode estar longe.

'Bom dia.' ouvi a voz rouca de Harry, junto do meu ouvido. Um arrepio percorreu o meu corpo e senti em seguida os seus lábios beijarem a pele do meu pescoço. Encolhi ligeiramente o meu pescoço ao sentir cócegas e um pequeno riso escapou dos meus lábios.

'Amor' disse calmamente, virando o meu corpo para si. Olhei para a sua face e observei os seus olhos verdes que me encaravam, anunciando ainda alguma preguiça. O seu sorriso aumentou e pude ver as suas duas covinhas formarem-se no canto dos lábios. Levei os meus lábios a ambas e depositei dois beijos, enrolando os meus dedos nos seus caracóis. Ele rodeou a minha cintura e puxou-me mais para si, chocando os nossos lábios num beijo de bom dia.

'O Edward dormiu a noite toda em cima de mim.' Harry disse, deixando escapar uma gargalhada no fim das suas palavras. Ele rodou o meu corpo para a frente e bateu no meu rabo, fazendo com que eu desse um pequeno impulso para a frente e andasse, em direção à cozinha. Soltei um leve riso e peguei na sua mão, entrelaçando-a com a minha enquanto ambos entrávamos na cozinha.

Olhei para os dois rapazes, ambos sentados à mesa e que olharam os dois para mim e para Harry. Harry largou-me calmamente e caminhou até à mesa, afagando o cabelo dos dois pequenos.  Esbocei um sorriso ao vê-lo assim e caminhei também até à mesa, sentando-me à frente deles.

'Podemos comer cereais?' Kian perguntou, apontando para a bancada onde estava uma caixa de "Estrelitas".

Assenti às suas palavras e levantei-me, tirando taças para ambos. Observei Harry que estava a preparar café para nós e cheguei-me para ele, beijando docemente o seu ombro despido. Ele olhou para mim e sorriu, num ato inocente e carinhoso.

'Nina!' ouvi a voz de Edward e virei-me rapidamente, vendo o pequeno rapaz junto à minha perna. Baixei-me à sua altura e observei-o, vendo que ele olhava para os meus olhos. 'Quando eu for uma estrela.' ele murmurou, para que apenas eu ouvisse 'Vou dar um abraço à tua mãe por ti.'

Elevei o meu olhar para ele e vi que ele me olhava atentamente. Não tive reação às suas palavras e limitei-me a puxar o seu pequeno corpo para mim, abraçando-o.

*

Levei os meus lábios à sua testa, puxando em seguida os lençóis para cima. Aconcheguei Edward e peguei no peluche que ele trouxera consigo, pondo-o ao seu lado. Permaneci a olhar para ele e eventualmente acabei por me levantar, saindo dali. Deixei a porta do quarto aberta e dirigi-me à sala, observando então Harry e Kian.

Kian estava deitado na carpete, de barriga para baixo enquanto via o Madagáscar. Harry permanecia sentado no sofá, olhando também de forma atenta o filme que passava na televisão. Caminhei até ao sofá e sentei-me ao seu lado, apoiando a minha cabeça no seu ombro.

'Estás cansada?' ele murmurou, levando a sua mão ao meu cabelo e afagando o mesmo. Assenti e fechei calmamente os meus olhos, inalando o seu perfume. Ele pegou gentilmente na minha cabeça e pousou-a no seu colo, passando em seguida a sua mão sobre a minha face.

'Sinto-me ansiosa.' disse, abrindo os meus olhos e observando-o.

'Porquê?' murmurou, docemente.

'Não sei.' respondi olhando-o e soltei um suspiro.

Ansiedade, é a melhor palavra para descrever o que tenho sentido. É como se algo dentro de mim não me permitisse aproveitar o que tenho. É a sensação de que, qualquer coisa que faço, parece não ser suficiente. Revela-se nas ações mais simples e é algo que não sentia antes. As pessoas não conseguem perceber, porque não é algo que se veja. É algo que se sente. Não há maneira de provar o que sinto, além de palavras. E as palavras enganam-nos, sempre nos enganaram. Sempre foi assim e sempre será.

Sinto-me cansada. Exausta. Ansiosa. Todos os dias digo que é apenas hoje. Amanhã irá ser diferente.

Como se emoções pudessem ser controladas.

'Nina.' Harry. Abri os meus olhos ao ouvir de novo a sua voz, agora com um tom de preocupação. Os seus olhos encararam os meus e percebi o que ele está a pensar. Estou vazia. Além dos meus olhos azuis, não consegue ver mais nada. Porque é apenas isso que sou.

Fechei os olhos, não quero sentir-me assim. Não quero sentir-me como se não valesse a pena, como se fosse apenas mais uma pessoa a viver. Controlada pelas emoções e pelos sentimentos, sem vontade própria de fazer algo.

'Nina!' a voz de Harry pronunciou-se.

Torna-se tudo num ciclo vicioso. Uma rotina, que define os nossos dias, os nossos meses, os nossos anos, a nossa vida. Tudo está definido desde o dia em que nascemos e é rara a pessoa que consegue mudar o destino. Está destinado. Não há nada que façamos que irá mudar isso.

Os dias deixam de ter sentido. O sol deixa de brilhar e a lua passa a ser apenas uma mancha no céu.

'Amor!' Harry disse alto, abanando-me. Abri os meus olhos olhando-o e percebi que estava a chorar. Estava a chorar porque não sei o que sou, não sei o que quero e não sei se vale a pena. Ele puxou-me para cima, de modo a ficar sentada no seu colo. Levei as minhas mãos à minha face e limpei as lágrimas que me escorriam na face, tentando apagar os vestígios. As mãos de Harry pegaram nas minhas e ele olhou para mim, pousando as suas mãos nas minhas bochechas.

Os seus olhos verdes encararam os meus e percebi o quão magoado e confuso ele estava. Ele não percebia o que eu sentia, ninguém percebia. Não havia maneira de alguém perceber. Não é algo que se veja.

'Não estás sozinha.' a sua voz rouca murmurou e ao ver os seus olhos começarem a lacrimejar, parte de mim partiu-se em bocadinhos.

Valerie

1,2,3,4,5.

O elevador pára ao chegar ao 5º andar, aquele a que eu desejo chegar. As portas que refletem a minha figura abrem-se em dois, dando-me assim vista para a porta que está à minha frente.

O som dos meus sapatos de salto ecoam ao longo do prédio, como se eu fosse a única pessoa que está neste edifício. Toco na campainha, batendo em seguida três vezes na porta.

A porta não demora a abrir, contudo, quem eu vejo não é quem eu pretendia.

'Quem és?' um rapaz pequeno, que deve ter por volta de 3 anos, abre a porta. Ele eleva a sua cabeça olhando para mim, com o corpo meio escondido atrás da porta.

'Como te chamas, lindo?' disse docemente, vendo que o rapaz tinha algumas parecenças com Harry.

'Edward, já te disse que não podes abrir a porta sozinho! Quem é que ' ouvi a voz de Harry que aumentava de volume consoante ele se aproximava da porta. Elevei o meu olhar para ele e ele parou de falar, assim que me viu à sua frente.

'Surpresa.'

Hey!

Quero pedir desculpa se às vezes não me consigo exprimir bem ao longo deste capítulo, mas estou a tentar passar uma ideia do que a Nina está a sentir e na verdade (felizmente) nunca tive nenhum dos problemas com que ela está a lidar.

Gostaram do aparecimento do Edward e do Kian? Na primeira temporada o Edward é apenas um bebé, mas não se esqueçam que atualmente já se passaram quatro anos.

Espero que tenham gostado e até ao próximo capítulo \o