Chapter 12

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(Não se esqueçam de votar e comentar a história :) xx. )

Nina

Sinto os grãos de areia a tocarem suavemente na minha pele. O meu corpo desliza por este espaço, como se eu não tivesse vontade própria. Não sinto, não vejo, não oiço. Sei que o mar está a aproximar-se de mim, pois apesar de tudo ainda consigo ouvir a água a bater na areia. Vejo continuamente as ondas que sobem e descem, numa melodia que parece ser interminável.

Caminho, acabando por me parar antes de a água bater nos meus pés. Deixo o meu corpo cair e dou-lhe um pouco de descanso, acabando por soltar um suspiro assim que me sento no areal. O mar continua azul, apesar de me parecer outra cor. Não o vejo azul, parece-me cinzento. Mas não o cinzento que vemos quando juntamos preto com o branco ou o cinzento que conseguimos ver nas amostras de cor. É uma névoa, nevoeiro. Olho para o mar e sei que ele está ali, a minha mente sabe que ele está ali e é azul. Apesar de tudo parecer cinzento.

Baixei o meu olhar ligeiramente, ao sentir os meus pés molhados. A água atingiu-me, o nevoeiro atingiu-me. Ele atingiu-me e a cada momento sinto-me a perder todas as cores que tenho.

O toque do meu telemóvel começa a soar e dou por mim a sentir que estou a voltar à realidade. Queria estar a sonhar, mas não estou. O mar continua à minha frente e o cinzento não dá sinais de querer sair da minha vida.

'Nina, onde estás?'  uma voz rouca soou junto do meu ouvido, permitindo-me reconhecer Harry. Lembrei-me que não lhe disse onde vinha. Limitei-me a sair de casa, apesar de ainda não serem horas para isso.

'Vim dar uma volta, não conseguia dormir.' Respondi docemente, elevando o meu olhar até às ondas que rebentavam quase aos meus pés. Quase.

'Devias ter-me acordado! Não sabes o quão preocupado me deixaste.' ele disse, com uma voz de necessidade. Não sabia o que lhe dizer, por isso esperei até ouvir de novo a sua voz. 'Eu vou ter contigo.' murmurou agora mais calmo e suspeitei que estivesse atarefado à procura de algo para vestir. 'Podes dizer-me onde estás?'

'Posso' respondi e levantei o meu corpo, sentindo alguma força no meu corpo. Deixei-me ficar de pé em frente ao mar e assim que uma onda rebentou, respondi-lhe. 'Mas não me apetece.' disse, acabando por desligar a chamada.

Desliguei imediatamente o telemóvel pois sabia que ele não ia desistir de me encontrar. A verdade é que não tenho vontade de ser encontrada, não agora. Quero andar pela areia, quero ver o mar até que tenha de novo a noção de cor. Porque, agora, apenas vejo uma névoa.

Calcei de novo os ténis de corrida que tinha descalçado e comecei a correr, subindo assim os pequenos degraus que davam passagem à praia. Está frio e isso não devia ser uma novidade, pois o sol ainda não nasceu.

Não consigo dormir, não consigo sorrir, não consigo olhar para o Harry sem me lembrar do que aconteceu. Daquilo que eu lhe fiz. Depois de ter estado tanto tempo a pensar no modo como ele me tratava, nos segredos que ele parecia esconder, a verdade é que quem cedeu fui eu. Sou culpada. Tenho culpa porque não consegui reconhecer o meu noivo. Depois de cinco anos, não consegui distingui-lo de outro homem. E isto é algo incompensável.

Não é justo para ele ter que lidar com alguém como eu. Ele não tem culpa de que eu me tenha apaixonado por ele. Como sei que estou apaixonada? Como sei que é amor, se nem o consegui distinguir? As suas mãos são mais macias, o seu toque é mais doce e cuidado e os seus lábios são mais adocicados. Mas, no momento, não raciocinei e não me apercebi de que aquele não era o meu Harry.

Sinto o vento bater contra a minha cara e a minha pele a arrefecer à medida que percorro as ruas de Brighton, em direção a casa. Não tive coragem de lhe contar o que aconteceu e não sei se algum dia vou ter coragem para o fazer. Sou fraca, desgastante.

Something Else || h.s. #Wattys2016Where stories live. Discover now