Capítulo VI

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GARETH

Aquela havia sido a sensação mais dolorosa, mas ao mesmo tempo reconfortante, da minha vida. Eu me envergonhava disso. O que meu pai diria se me visse agora? Totalmente despido e com meu guardião deitado ao meu lado? Coisa boa não seria.

O que eu pensaria de mim mesmo? Eu deveria gostar de garotas, não?

Tentei pensar em Sophie Watson. Ela era uma bela garota. Pensei em seu beijo e o comparei com o beijo desesperado de Sebastian. De longe preferia os lábios do loiro.

Lancaster encontrava-se deitado ao meu lado, eu estava deitado de costas para ele quando pude sentir sua mão passar por cima de meu corpo, me envolvendo num abraço. Ele pareceu hesitante ao fazer isto. Sua guarda estava baixa e eu gostava muito da sensação.

A luz do sol invadia meu quarto, fazendo-me despertar. Sorri para mim mesmo, mas ao olhar ao meu lado, a cama encontrava-se vazia. Ele saiu durante a noite, eu tinha certeza. Meu sorriso se desfez, mas o que eu poderia fazer? Reclamar? Não estava preparado para brigas ou discussões. A verdade era que Sebastian sempre levantara mais cedo que eu, então provavelmente já estava na mesa, esperando-me para o café.

Animei-me ao pensar na ideia de tomar café da manhã ao lado dele, eu sempre tomava, mas desta vez seria diferente.

Coloquei uma camisa xadrez e uma calça qualquer; escovei os dentes com pressa e rumei até a cozinha. Olga estava servindo uma xícara de chá para Sebastian, que estava lendo seu jornal, sorri ao ver esta cena, pela primeira vez em minha vida sentia-me imensamente feliz por estar ali.

— Bom dia! – anunciei colocando um sorriso no rosto e olhando diretamente para Sebastian.

— Buenos Dias! – respondeu Olga, sorrindo. Era bela a maneira em que as palavras em espanhol saíam de seus lábios.

Continuei com o olhar em Sebastian, mas ele apenas assentiu. Sentei-me e fechei a cara. Meu estômago chegava a doer de tanto nervoso. Ele passou a noite ao meu lado mesmo ou tudo aquilo fora um sonho? Estava confuso e com vergonha de me pronunciar.

Não sei como viveríamos daqui para frente, mas não gostaria que fosse desta maneira. Lancaster estava agindo como um... Homem. Era isso que os homens faziam, não? Dormiam com suas vadias e fingiam que nada aconteceu no dia seguinte. Estava me sentindo enjoado. Pensar em tudo o que aconteceu e no que estava acontecendo agora me deixava com nojo de mim mesmo. Como pude ser tão ingênuo?!

Olga serviu-me com café. Eu a agradeci num sussurro e dei uma golada no líquido escuro e quente. Não estava satisfeito com a situação, não me sentia à vontade. O ar estava denso no cômodo, parecia que havia um obstáculo gigantesco entre mim e Sebastian. Tomei outro gole de café e levantei-me.

— Não irá comer hoje, Gary? – perguntou Olga, preocupada.

— Estou sentindo-me um pouco enjoado, talvez coma mais tarde. Obrigado por se preocupar, Olga. – forcei um sorriso em direção à morena, que assentiu.

Lancaster sequer levantou os olhos, estava muito concentrado em seu jornal para dar-me atenção. Eu queria chorar, mas me recusaria a fazer algo do tipo. Eu iria honrar os Geller, não jogá-los na ruína.

Desci para o porão e tirei minha camisa xadrez. Peguei as luvas finas para proteção e comecei a golpear um saco de pancadas que encontrava-se no canto da sala. Usei toda minha frustração nele, o golpeando rapidamente por diversas vezes. Depois de uma hora socando o saco de pancadas e imaginando o rosto de Sebastian Lancaster, minha respiração ficou ofegante e meu corpo já estava banhado de suor.

Sorrow's ChildWhere stories live. Discover now