Capítulo Vinte e Seis

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O barulho que os adolescentes faziam no horário do intervalo poderia tirar a paciência de qualquer professor, exceto Harry. Ele sabia que podia ficar na sala de aula com alunos bagunceiros e fazê-los se acalmar ou passar por um grupo de adolescentes pela cantina da escola sem comprimir o rosto e reclamar da vida.

Porém, naquela tarde, ele estava um tanto impaciente com as vozes que vinham do lado de fora da janela da sala dos professores, arrumando as pastas com as provas do fim do semestre no armário e pensando nos últimos acontecimentos de sua vida e, principalmente, no que o retorno de Louis à Jersey interferiu em sua maneira de ver as coisas.

Dois dias antes, quando Louis saiu de sua casa, Harry viajou em seus pensamentos, questionando o porquê de sua vida ter dado uma reviravolta tão estranha e principalmente o que fazer dela. Parecia que todos os anos haviam sido apagados. Todas as formas que ele achou de manter seu coração em paz, todos os sorrisos, as formas de encarar as coisas ruins racionalmente.

O problema dele estava justamente em suas formas de viver; Harry passou por muitas provações até que conseguiu deixar os sentimentos de lado e passou a viver em torno do que lhe deixava seguro. Porém, estar seguro, em seu ponto de vista era estar sozinho e isso simplesmente não era o certo.

A solidão pode ser uma arma que se carrega nos bolsos todos os dias e ela espera o ponto em que você está realmente para baixo para instigá-lo a usá-la contra você. Harry estava realmente perto de acabar com seus problemas de forma drástica, mas a vontade íntima que ele tinha de ter mais uma chance de ser feliz o impedia.

Ele estava na sala sozinho, alheio ao fato de que fora, um grupo de professores comemoravam o aniversário de um deles, e terminava de selecionar arquivos em ordem alfabética no armário, quando a porta se abriu e seu amigo Nick surgiu com um prato e um copo na mão.

"Trouxe bolo e refrigerante para você", o rapaz disse.

Harry sorriu e ia virar-se um pouco mais para agradecê-lo melhor, mas acabou derrubando as pastas que segurava no chão, bufando por isso.

"Sou um desastrado! É um fato!", falou sem graça, procurando uma maneira de se abaixar. Devido o seu estado, isso era algo complicado de se fazer.

Nick apenas sorriu de forma simpática e colocou o que segurava em uma mesa, se aproximando.

"Deixe que eu faço", riu, abaixando e apanhando as folhas e pastas espalhadas. Harry o esperou e sorriu quando Nick colocou as coisas em suas mãos, corando um pouco ao sentir as mãos do colega sobre as suas quando ele o fez.

Ele virou-se para o armário novamente e colocou as coisas no lugar, transtornado um bocado por Nick estar do seu lado enquanto ele o fazia. Quando algo constrangedor acontecia com ele, nem que fosse besteira, Harry ficava muito desengonçado.

Quando terminou de arrumar tudo, ele esquivou-se do amigo e foi para perto da mesa dos professores, olhando o pratinho com um bolo cheio de glacê e cerejas e pensando que aquilo não era algo que ele realmente gostasse, mas não podia afirmar aquilo para Nick, que tinha sido tão atencioso com ele.

"Está realmente bom?", perguntou, passando o dedo por cima do glacê e provando-o um pouco, sentindo o doce suave espalhar-se facilmente por sua língua.

"Sim", Nick respondeu, chegando-se mais. "Harry..."

Nick ficou olhando para Harry, os olhos muito baixos e a respiração lenta. Admirava-o secretamente como o fez por muito tempo, escavando seu amor naquela amizade e tentando, dessa maneira, mantê-lo perto de si de alguma forma.

Seventeen » ziamOnde as histórias ganham vida. Descobre agora