Capítulo Doze

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Quando Zayn abriu os olhos, ele pensou que estava morto. Não conseguia se mover, e quando resquícios de dor – que a morfina não conseguiu esconder – começaram a aparecer, ele soube que não tinha sido tudo um pesadelo.

Ergueu o braço arranhado até o rosto e sentiu as ataduras nele todo, sentindo a pele ser apertada, o que lhe fazia ofegar e respirar um tanto pela boca.

Moveu-se dolorosamente para o lado e viu sua mãe deitada bastante torta no sofá do quarto e tentou chamá-la, sem conseguir ao certo.

Seu pai estava entrando no quarto com alguma refeição na mão e ao ver Zayn acordado quase derrubou tudo, indo em direção à Trisha para acordá-la.

"Zayn, filho!", ele disse, um tanto aflito, ao lado da mãe abatida. "Você está sentindo muita dor?", perguntou, acariciando a pequena mãozinha enfaixada do garoto. "Não devíamos ter te deixado aqui, meu amor", disse o Zayn pai, já não segurando as lágrimas teimosas.

"Yaser", Trisha apertou o braço do marido e ele a olhou pesaroso. "Vá chamar um médico ou enfermeira", Trisha disse docemente. A última coisa que o filho precisava ver neste momento era o pai desmoronando à sua frente.

O marido assentiu e saiu do quarto, fungando alto e fechando a porta e Trisha olhou para o filho de olhos vazios. Ele olhava em direção à mãe, mas não a via. Estava com o pensamento longe, no que havia acontecido.

A agressão que sofreu, toda dor, todo sofrimento pelo qual passava, as ardências e cicatrizes que jamais sairiam, eternas. Eternas porque Zayn havia sido traído pelo único que ele amava. Era o que pensava. Era só o que podia pensar.

"Quem liga para eles? Eu quero que você vá ao baile comigo."

"Por que você quer tanto isso?"

"Você realmente acreditou que ele viria para o baile com um merda como você?"

Como Liam pôde ser tão monstruoso? Como pôde?

Liam – ele só pensava nisso – Liam tinha armado tudo para ele, desde o primeiro instante. Armou de ter aulas com ele, de convencê-lo que era especial, que poderia ser amado.

Liam tirou sua inocência, dormiu em sua cama, abraçou a sua mãe – quanto cinismo – apenas para ter um troféu no fim de seu curso, para rir dele junto com seus amigos.

As juras de amor, a proposta para morarem juntos depois da faculdade. "Não quero jogar futebol, quero fazer arte." A insistência para que Zayn fosse ao baile, mesmo que ele não quisesse isso.

Ele estava tão, tão avassaladoramente surpreso com todo o planejamento que Liam, em sua suposição, havia feito. Todas as ceninhas em que chorava em seus braços, as brigas com os pais, aquela pose de garoto certinho, de príncipe encantado.

Que droga de príncipe encantado se apaixonaria por um sapo? Eram apenas contos de fadas e Zayn dizia a si mesmo que nunca viveu um; que o que ele havia vivido não passou de um filme de terror de mau gosto, do tipo que apenas os estereótipos imbecis – ele – se davam mal.

Era tão óbvio desde o princípio, não era? Por que um cara como Liam ficaria com ele? Ele recebeu tantos avisos, avisos de Harry, avisos de Alex, avisos dos olhares de todos na escola, que riam dele – sabiam o que Liam armava? – e principalmente os avisos de seu coração.

Mas ele resolveu ignorar todos os avisos e caiu de cabeça nesse amor, ele quis amar, quis acreditar que podia sim, ser feliz. Depois de tanto tempo sonhando ele apenas quis saber como seria se fosse de verdade. Quanta ilusão.

Seventeen » ziamOnde as histórias ganham vida. Descobre agora