"Você não mereceu tudo aquilo, Zayn. Você não merece a dor que está sentindo. Entenda isso e verá que tudo passa, que tudo aquilo já passou. Você está a salvo..."
"E se eu não me sentir à salvo?", questionou contra a camisa branca de seu antigo professor, a voz um tanto misturada ao choro. "E se eu sempre me sentir ameaçado?"
"Então você vai ter que encontrar o seu porto seguro, aquele que irá segurar a sua mão quando você cair, mas saiba que aquele que segura a sua mão não é o quem sempre te apara, mas quem, às vezes, cai junto com você."
"Como eu vou reconhecê-lo?"
"Você não reconhece aquela velha sensação de antes? Não é capaz de se lembrar de como você se sentia quando estava a salvo e com quem?"
Zayn sabia quem o fazia se sentir a salvo, quem era o seu herói. Sabia quem havia lhe dado a melhor sensação do mundo - tanto no corpo quanto na alma - e sabia quem ainda era dono da maior parte das coisas que ele sentia. Ele podia sentir o gosto da boca dele sobre a sua e o cheiro de sua camisa que impregnou na sua roupa.
"Ele não é quem eu sempre imaginei que fosse."
"Nem você."
"Eu tenho medo...", disse, apertando o corpo do professor. "Tenho medo de me machucar novamente, de sofrer novamente. Eu não quero mais dor..."
"Vai doer mais um pouco...", o homem disse, o afastando e segurando o rosto de Zayn. Aproximou-o do seu e beijou-lhe a testa, dando um sorriso confortante. "Mas vai ser melhor assim."
Zayn não soube o que dizer. Soltou-se de seu professor e olhou em volta, virando-se de costas e percebendo que nada ali era realmente familiar. Sentiu-se satisfeito. O professor pousou as duas mãos sobre seus ombros e afagou seu cabelo novamente, os dedos compridos se aninhando nos fios.
"Quem é você?", perguntou.
"Quem sou eu?", Zayn perguntou de volta. "Eu não sei."
"Procure saber..."
Achar o seu eu, como? Ele havia sumido há muitos anos. Zayn suspirou, balançando a cabeça e piscando seus olhos vacilantes, achando que algo estava muito estranho e que nada mais parecia fazer sentido.
"Sabe...", disse, virando e olhando para o professor meio que sorrindo, "...eu nunca tive a chance de te agradecer pelo que me fez naquele dia. Você salvou a minha vida."
Owen sorriu e assentiu, passando o dedo pela bochecha de Zayn e lhe enxugando algumas lágrimas bobas.
"Agradeça quando tudo acabar."
Zayn assentiu e saiu andando pelo gramado, indo de volta à frente da escola para poder voltar para o hotel. Seu coração estava um tanto mais leve e ele teve a impressão de que muita coisa havia mudado em pouco tempo. E que muita coisa havia melhorado depois daquela conversa com seu antigo professor.
Quando ia pegar o caminho onde estava o carro alugado no qual chegou, viu uma criança encostada ao veículo e franziu a testa ao perceber que era o mesmo garoto do dia do show, mesmo que ele parecesse um pouco diferente.
"Zayn Malik...", disse Scott - que Zayn imaginou ser Justin. "Ai Deus me dá um autógrafo!?"
Havia outras crianças pedindo também, mas ele se atentou apenas àquele que ele pensava ser Justin, tomando o papel que Scott lhe estendia e puxando uma caneta de seu bolso, assinando o seu nome nele com rapidez.
"Toma a porcaria do papel", disse, empurrando a folha contra o peito do menino. "Agora deixe minha consciência em paz", falou, abrindo o carro e deixando Scott boquiaberto. Zayn ainda virou para ele e balançou a cabeça. "Você é esquisito, garoto."
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Seventeen » ziam
FanfictionAos dezessete eu aprendi a verdade Que aqueles de nós com rostos feios Desprovidos de encantos sociais Desesperados, permanecíamos em casa Inventando amantes no telefone Que ligariam nos convidando para dançar E baixinho nos diriam coisas obsc...
Capítulo Vinte e Dois
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