Everything I wanted

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Eu ainda me lembro das palavras da minha mãe quando eu era apenas uma garotinha.

— Fiorella, o que você tem a dizer sobre Henrique Walfer? É verdade que ele te traiu com a Hayala? — Meu rosto quase é acertado por um microfone da American Idol que surge em competição com vários outros ao meu redor. Meu olhar se torna perdido entre a aglomeração de pessoas e falas inacabadas da qual tento encaixar uma na outra.

— Fiorella, estão dizendo que sua carreira está por um fio, é verdade toda essa fofoca? Você recusou um convite da Vogue?

— Eu não sei do que vocês... — sou interrompida com mãos quentes que me guiam com rapidez até o carro parado um pouco mais a frente dos repórteres e fotógrafos na entrada do hotel.

Ela dizia que não importasse onde eu estivesse, se fosse o meu sonho, eu estaria feliz.

Consigo ver sombras de celulares balançando e flashs em meu rosto cegando tudo a minha frente. Me mantenho quieta até estar segura com a minha companhia onde não preciso medir 100% do tempo as palavras que falo.

Ser modelo nunca foi uma carreira fácil e nem um desejo imensurável da minha parte. O pânico antes de subir em uma passarela ou sempre escutar um "quebre a perna" dos seus amigos não colabora.  A vida privada não é uma opção, mesmo seu segredo mais obscuro. De alguma forma estranha e inconsciente, chega às vozes dos jornais e das redes sociais.

Ainda consigo ter reflexos da Fiorella de 19 anos que posou para uma loja de roupas em favor de um amigo fotógrafo no qual amava elogiar a aparência dela todos os dias sem exceção. Uma paixão que não era recíproca da minha parte, mas uma amizade que levaria para todos os anos da minha vida enquanto meu rosto estivesse por aqui nas capas de revistas e notícias sobre a minha vida pessoal.

— Entre senhorita Winter. — Ouço a voz de Dilan assim que ele abre a porta e me empurra na mesma velocidade que a fechara com força.

Dilan Cooper era o motorista e chefe de segurança que atuava todo desconforto dos holofotes junto comigo em cada rua, evento ou lugar inusitado. Eu poderia confiar de olhos fechados no senhor sentado no banco do motorista, pois sei que ele seria capaz de cuidar de tudo da forma mais controlável possível.

– Dilan, o que está acontecendo? – Pergunto abaixando a cabeça, mesmo o vidro sendo totalmente preto e não permitindo muito a visão de fora para dentro. – Entrei por duas horas e tudo virou o caos aqui fora.

– Senhorita Winter, assim que cheguei estavam todos acampados do lado de fora esperando qualquer um sair de lá. – Lhe lancei um olhar repreendor. Ele sabia que odiava o senhorita acompanhado em meu nome.

– Sem senhorita.

Ele riu baixo e pude observar a rua na qual entramos. Pouco movimentada e mal iluminada, um caminho secreto longe de toda bagunça dos repórteres de plantão para publicar qualquer coisa que alimentasse a fome da fofoca.

– Meu nome e do Henrique está nos mais comentados dos treding toppics. – Solto reparando nas fotos que vazaram dele e de Hayala.

– Henrique Walfer não era com quem a senhorita estava a trabalho? – Sua voz me tirou do transe do celular enquanto eu buscava algo no Twitter.

Suspirei.

– Sim, apenas a trabalho.

Apenas um simples trabalho.

Sem romance.

Sem histórias exuberantes.

– Fiorella? – Chamou por meu nome encarando-me pelo retrovisor.

365 chances para ser felizWhere stories live. Discover now