Capítulo 21 - Não é real

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     P.o.v. Simon

Acordei com o despertador tocando. Procurei meus óculos na mesinha ao lado e verifiquei as horas. Eram 10:30, não me lembrava de ter adormecido no dia anterior. Minha barriga roncou quando senti o cheiro de ovos com bacon vindo lá  de baixo. Sem ânimo, me levantei da cama e caminhei até o banheiro onde tomei um breve banho. Sentei na cama e peguei meu celular, havia uma mensagem de Eric avisando que tinha ensaio da banda às duas da tarde e que Clary iria assistir. Desci as escadas e encontrei minha mãe passando o café, sorridente:
- Bom dia, dorminhoco!
- Bom dia, mãe. - disse eu dando um leve beijo em sua testa.
Puxei uma cadeira e me servi de uma grande quantidade de ovos mexidos e suco de laranja. Minha mãe tentou puxar assunto, mas não estava em clima para conversas, muito menos depois de ela ter perguntado como ia a relação com a garota que eu estava saindo. Tentei parecer indiferente e respondi que estava tudo legal para evitar mais perguntas. O assunto Isabelle me fez perder a fome e voltei para meu quarto assim que minha mãe parou de tagarelar que eu tinha que trazer Izzy para conhecê-la. Deitei na cama e olhei o teto esperando que o tempo passasse, mas não estava funcionando. Me troquei rapidamente e abri a janela, senti um vento frio, fechei-a e apanhei um casaco no roupeiro. Saí de casa meio sem rumo e andei por ruas aleatórias com os pensamentos, é claro, em Isabelle. Depois de um tempo senti meu celular vibrar em meu bolso e atendi. Era Eric.
- Sim? 
- Sim?! É tudo o que você tem a me dizer? Você está uma hora atrasado! Chegue o mais rápido possível! - Ele desligou antes que eu pudesse responder qualquer coisa. Verifiquei as horas e me espantei com a rapidez com que o tempo havia passado. Peguei um táxi e cheguei na garagem em poucos minutos.
Clary estava sentada em uma mesinha que ficava próxima à entrada, vestida com roupas de couro. Se levantou e acenou ao me ver.
- Eric quer te matar. - disse ela sorrindo.
- Desculpa, cara, eu não tive intenção de me atrasar, saí de casa para caminhar e acabei perdendo a noção do tempo...
Ele me fuzilou com os olhos, mas depois sorriu e disse:
- Pelo menos você chegou, agora eu posso dar a notícia...
Todos o encararam por alguns segundos.
- Temos um show semana que vem! Fomos convidados para tocar em um festival de bandas que acontece anualmente no bar de um conhecido meu. Ele viu nossa última apresentação e disse que curtiu nosso som. Não é fantástico?
Nem mesmo aquela notícia foi capaz de me animar , mas eu não queria estragar o momento, por isso fingi um sorriso e disse:
- Sensacional, cara! Vamos arrasar!
- Nós temos que arrasar! Fiquei sabendo que vários produtores visitam esse festival, pode ser a chance de nossas vidas!
Eu e Clary nos olhamos por alguns instantes, ambos sabíamos que daqui a algumas semanas eu teria que dar uma desculpa a abandonar tudo aquilo para ir para a academia, mas eu não queria dar esta notícia e desanimar meu amigo, aliás, eu nem sabia se ainda queria ir para a academia.  Afinal, não fazia sentido fazer parte de tudo aquilo se eu não iria ter Isabelle ao meu lado. Espantei o pensamento. Eu teria Isabelle. Ela voltaria pra mim nem que fosse a última coisa que iria acontecer em minha vida.
Ensaiamos a tarde inteira e Eric precisou chamar minha atenção várias vezes, pois eu estava errando muito. Por fim,  já era noite quando o ensaio terminou. Levei Clary até a porta do Instituto e voltei para casa. Mais uma vez me senti vazio, como se faltasse alguma coisa. E faltava. Faltava ela ao meu lado dizendo que me amava. Tomei um banho. Minutos depois desci, peguei um saco de batatas fritas e uma coca, e voltei para o quarto. Mas estava sem fome, tudo que eu queria era ouvir a voz de Isabelle, por isso peguei meu celular e disquei seu número. Como eu sabia que iria acontecer, caiu direto na caixa postal e eu pude ouvi-la dizer: "Não posso atender agora, provavelmente estou matando algum demônio, de qualquer forma, tente mais tarde!" Só consegui sorrir, era incrível como até dizendo isto ela conseguia ser doce. Repeti o ato até eu adormecer.






Os Instrumentos Mortais  - Recuperando as LembrançasWhere stories live. Discover now