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E L O R A.

Pedi ao Louis que ficasse com a Isla, ligeiramente escondidos, do lado das escadas que davam acesso à porta de entrada de Amelia, para que assim eu lhe pudesse aumentar um pouco a surpresa. Toquei à campainha depois de ver as horas no meu relógio e eram já cinco para as quatro da tarde, por isso, eu desconfiava que ela já estivesse em casa.

Ouvi barulho do lado dentro, mas mesmo assim toquei mais uma vez, ouvindo um 'já vai' um pouco zangado, o que me fez rir ligeiramente porque na verdade não conseguia imaginar Amelia zangada. A porta abriu-se e uma expressão de surpresa tomou conta da cara da senhora de idade, sendo logo substituída por um sorriso doce e carinhoso.


"Elora!" Ela disse meigamente. "Que surpresa ver-te aqui."

"É, eu sei que deve ser." Ri ligeiramente. "Eu vinha aqui para falar consigo."

"Claro querida, entra." Ela deu-me espaço para entrar, mas eu não o fiz logo. "Estava até a fazer um bolo, espero que tenhas fome!"

"Na verdade, eu não estou aqui sozinha." Falei nervosa.

"Mas eu não vejo mais ninguém." Respondeu-me confusa.


Fiz um sinal com a minha mão para o lado que sabia onde estavam escondidos aqueles dois e logo eles apareceram. O Louis vinha ligeiramente mais atrás do que a Isla e até ela chegar ao pé de nós a senhora não se tinha apercebido de que aquela era a sua neta, embora ela não estivesse assim tão diferente de há quatro anos.

Imediatamente Amelia ficou chocada por ver a sua neta e eu consegui perceber que ela não sabia o que dizer.


"Isla, és mesmo tu?" Questionou numa voz fraca, a sua mão foi de encontro à face da neta, acariciando-a.

"Sim, avó." Ela respondeu com um sorriso como eu nunca a tinha visto.

"A minha menina..."


Depois disso seguiram-se lágrimas e um abraço que há muito elas ansiavam. Acho que até eu comecei a chorar um pouco, pois Louis chegou-se ao pé de mim, abraçando-me e acariciando as minhas costas. Ele sabia que estes momentos de reencontro seriam difíceis, não só para a família como para ele, porque era tudo culpa dele. Ele tinha tirado muita gente às suas famílias e tinha feito com que muitas pessoas perdessem a esperança de alguma vez haver um reencontro. Tal como Isla e Amelia.

Gostava que eu tivesse tido um reencontro como o delas com os meus pais, mas sempre tive na ideia que nunca teria nada do género porque bem, eles sempre foram horríveis (mais a minha mãe que o meu pai, ele basicamente era um pau mandando) e sei que mesmo que as coisas fossem diferentes eu nunca teria um relação assim com eles e muito menos com os meus avós que a minha mãe fez questão de os afastar quando vieram morar para Birmingham. Eu basicamente não fui planeada e a minha mãe só tinha vinte anos quando eu nasci, por isso ela acha que eu fui a razão da vida dela ficar estagnada e de ter casado com o meu pai. Ela se pudesse tinha dormido com os homens todos da terra dela se não tivesse sido "obrigada" a ficar com o meu pai, mas não percebo porque é que ela, entretanto não se separou dele uma vez que já estamos no século XXI. E mesmo assim acabou por ter outro filho com ele, eu juro que nunca vou ser capaz de entender aquela mulher.


"Entrem, meninos." Ela falou para nós. "A chuva está para vir e eu não vos quero doentes."


Satisfizemos o pedido dela e entrámos na sua casa, ela encaminhou-nos os três para a cozinha e fez-nos sentar enquanto servia uma fatia de bolo e um chocolate quente a cada um. Seguiu-se então a confissão da Isla de tudo o que se tinha passado nos últimos quatro anos.

Foi um pouco chocante a forma de como as palavras faziam Amelia ter reacções diferentes, mas todas dentro do mesmo. Ora estava espantada, ora estava com nojo, tudo para ela não fazia sentido. Assim como não fazia sentido para ninguém e a única questão que estava sobre a mesa era "Por quê?". Durante todo o tempo que ela contava tudo e eu ia contando algumas coisas também, o Louis estava completamente calado. As suas mãos fechadas com tanta força que os nós dos seus dedos começaram a ficar brancos e de um momento para o outro começou a chorar. Não consegui entender se chorava de tristeza ou de raiva.


"Nós já voltamos, com licença." Falei para Amelia e Isla.

"Está bem querida." A Amelia respondeu, dando-me um olhar de pena.


Ela não sabia ainda que o Louis era o principal causador de tudo aquilo e por isso, ele estar a ouvir tantas coisas más ao mesmo tempo fê-lo ter essa reacção, peguei então no braço dele e levei-o comigo para a sala, sentando-me ao seu lado no sofá. Peguei na sua mão e acariciei as costas da mesma com o meu polegar.


"Eu não consigo compreender." Ele disse fungando.

"Nem eu, Louis." Ele olhou-me confuso. "Esta tua mudança repentina, deve-se mesmo ao quê?"

"O que estás a querer insinuar?" Ele perguntou meio ofendido. "Eu percebi que estava a magoar pessoas, eu percebi que estava a privar demasiada gente de ter uma vida e de conseguir criar ainda mais vidas. Tu não sabes como eu me sinto horrível por ter-te feito tanto mal ao ponto de não poderes desenvolver alguém dentro de ti, eu sei como as raparigas sonham em ter filhos e isso tudo. Eu tinha quatro irmãs sabes? Mesmo que duas fossem demasiado novas para saber o que quer que fosse, elas de certeza que agora pensam em ter um filho algum dia. E não há nada mais lindo do que ver uma criança a nascer, eu vi nascer elas as quatro e se eu pudesse eu mesmo dava à luz a uma criança." Ele riu-se amargurado. "E ainda por cima essa era minha, eu sei que provavelmente me odeias até ao fim do mundo e acredita, tu não sabes o quão grato eu estou por toda a tua ajuda a nível psicológico nos últimos três dias. E se não fosses tu eu não tinha aberto os olhos a tempo, Elora. Eu gosto de ti verdadeiramente e eu sei que não queres saber dos meus sentimentos para nada, mas ao ver-te tão magoada como eu te vi naquele dia em que te levei de volta para a casa, fez-me perceber que eu realmente sou uma merda e eu não mereço metade das coisas que tenho. E eu juro a pés juntos que se for preciso eu me entrego numa esquadra, mas eu preciso de ir a saber que tu me perdoas e que as minhas irmãs e a minha mãe também."


Quando ele acabou o discurso não fui capaz de ficar indiferente e abracei-o. O Louis estava mal e eu sabia que tinha que o ajudar, assim como quando eu estava mal o Liam me ajudou.


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E chegámos ao capítulo 40! Wow, isto tem sido muito rápido ahah 

O que acharam do encontro entre a Isla e avó? Foi muito querido não foi? E bem, o Louis tinha que se sentir mal de novo... Mas pronto, não se preocupem que ele e o Liam já vão ter uma conversinha no próximo capítulo kkk e não, não vai correr bem ;)

E então, muito ansiosas com o Natal ou nem por isso? Eu sinceramente nem sei kkk Costumava adorar esta época, mas este ano estou-me um pouco nas tintas para isto... Enfim. Amanhã há mais um capítulo ;)


Love you all!



Psychiatrist // L.P. {terminada}Where stories live. Discover now