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L I A M.

Assim que chegámos à minha casa, estacionei o carro na parte destinada para o mesmo. Saímos os dois do carro sem dizer nada e ela fez sinal para que eu fosse à frente, uma vez que a casa era minha. Entrei seguido dela e nem sequer me preocupei muito em dizer-lhe onde era o que porque no piso de baixo era visível as divisões da sala e da cozinha, que ambas tinham as portas abertas e havia também uma casa de banho. Subi as escadas sempre com ela atrás e no piso de cima haviam quatro portas, três quartos e uma casa de banho - estavam todas fechadas - por isso abri apenas a porta do quarto onde a Elora ia ficar.


"Este será o teu quarto, pelo tempo que precisares. Não te vou cobrar nada, como é óbvio." Dei um pequeno sorriso, apenas para que ela entrasse na brincadeira, mas apenas me acenou com a cabeça. "Se precisares de mim, aquele é o meu quarto e se não estiver lá, estarei lá em baixo na cozinha." Falei ao mesmo tempo que apontava para a porta do meu quarto.

"Obrigada Liam." Ela agradeceu antes de se fechar no quarto.


Suspirei e abanei a cabeça negativamente antes de me retirar para o meu quarto. Troquei de roupa para estar mais confortável, vestindo assim umas calças cinzentas tipo fato de treino e uma camisola branca simples. Calcei os meus chinelos de casa e sai do quarto, preparando-me para ir para a cozinha.


"Liam?" A voz da Elora soou num murmuro baixo, enquanto ela espreitava pela porta do seu quarto.

"Diz." Respondi com um sorriso.

"Achas que poderia tomar um duche?" Ela pediu meio envergonhada.

"Sim, claro." Dei uma gargalhada. "A casa de banho é esta." Apontei para a porta.

"Obrigada, de novo." Ela fez um gesto que eu considerei um sorriso, embora fosse muito pequeno e quase não se percebia.

"Se precisares de mim, cozinha. Vou preparar o jantar, queres algo em especial?"

"Não, faz qualquer coisa."

"Está bem."


Ela apressou-se a fechar a porta de novo enquanto que eu me apressei a ir para a cozinha.


                                                                                              ✮

"Elora, o jantar está pronto!" Gritei da cozinha.


Ela não me deu nenhuma resposta, mas confirmei que ela vinha jantar assim que ouvi o som da porta a abrir e a fechar. Servi a comida nos pratos e coloquei-os na mesa.


"Espero que gostes, não é nada de especial mas para ser sincero não estava com muita vontade de cozinhar." Admiti embaraçado e passei a mão no cabelo.

"Não tem problema Liam," ela deu uma gargalhada e sentou-se.


Nunca antes tinha ouvido Elora a rir, na verdade, nunca a tinha ouvido falar normalmente com uma pessoa. Apenas gritos e insultos num tom frio e rude. Estas atitudes dela fazem-me pensar seriamente por que raio ela é assim com as pessoas? Com os pais? Não sei nada sobre ela, nem sobre os pais que apenas se limitaram a pedir a minha ajuda, como se a filha fosse a pessoa mais problemática do mundo e que já não tivessem mais mãos a medir com ela, o último recurso para eles era mesmo eu e como bem, eu gosto bastante de ajudar as pessoas, decidi dizer que sim e aqui estamos nós agora.

Não consigo pensar quem seria capaz de magoar alguém como ela, se é que ela foi magoada. Ou quem é que a podia fazer sentir-se mal consigo própria ao ponto de precisar de ajuda de uma pessoa como eu, um psiquiatra. Este mundo deve andar mesmo mal.


"Liam?" Ela chamou-me, despertando-me dos meus pensamentos.

"O quê?" Eu olhei-a despercebido.

"Não vais comer?" Ela perguntou curiosa.

"Ah, sim, vou." Ri nervoso. "Estava apenas distraído, desculpa."

"Com o quê?" Ela perguntou levando uma garfada de arroz à boca.

"Contigo." Admiti, sentando-me.

"Oh." Ela juntou as sobrancelhas e corou um pouco.


Comemos ambos em silêncio. A Elora parecia apreciar muito a comida embora fosse apenas arroz com ovo e isso faz-me questionar novamente o que será que ela passou até agora. Ela é tão calada mas ao mesmo tempo quando fala, é tão fria e reservada, não quer que ninguém se aproxime dela, não gosta que ninguém lhe toque e não quer ajuda. Esta rapariga apenas me deixa cada vez mais e mais intrigado e eu não sei o que fazer. Não quero estar a fazer-lhe perguntas de modo a fazer com que ela fique desconfortável e que volte a ser desagradável comigo, quero que ela ganhe a minha confiança e perceba que me pode contar o que é que quer que seja aquilo que a está a fazer ser desta maneira.


"Pergunta." Ela falou directamente, olhando-me nos olhos.

"Hã?" Olhei-a confuso.

"Estás a montes de tempo a olhar para mim como se fosse um extraterrestre, o que quer que seja que tu queres saber, apenas pergunta."

"Eu não quero perguntar nada..." Respondi atrapalhado.

"Eu já acabei de comer, vou lá para cima." Disse levantando-se e arrumando a louça suja na máquina.

"Elora," Chamei-a, antes que ela saísse da cozinha.

"Que é?" Responde rude e suspirou logo de seguida.

"Fica comigo na sala um bocado." Pedi.

"Para quê? Me olhares como se eu fosse um monstro com trinta olhos e cinco orelhas?" Riu cinicamente.

"Desculpa, apenas faz-me ficar demasiado curioso e eu não consigo controlar a quantidade de perguntas que me vêm à cabeça sobre ti, mas eu prometo que eu não vou perguntar nem comentar mais nada sobre isso." Suspirei. "Não até tu decidires que queres ser a primeira a falar, sem te sentires mal e sem te sentires pressionada a fazê-lo."

"Eu ainda penso por que raio decidi vir para aqui." Abanou a cabeça e saiu para ir para a sala.


Levantei-me também a muito custo e meti a louça na máquina. A verdade é que eu queria muito saber tudo o que se tinha passado com a Elora, mas por outro lado não queria de todo pressioná-la e fazer com que ela se sentisse 'um monstro com trinta olhos e cinco orelhas'.



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Primeiro POV do Liam woooo hoooo, tbh acho que isto está uma ganda cagada xD

Meninaaaaaaaaas, 450 votos woooo hooo! Btw, certifiquem-se que votaram em todos os caps porque alguns só faltam tipo um ou dois votos para chegar aos 40 ^^


Love you all!




Psychiatrist // L.P. {terminada}Where stories live. Discover now