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[Poderá conter cenas de sexo, linguagem forte ou cenas de violência. Se és sensível a este tipo de coisas ou não gostas do conteúdo, a leitura será da tua completa responsabilidade].


E L O R A.

Mais um dia se passou e a minha vontade de acabar com a minha vida foi superior a todos os outros dias. Poderia dizer que foi tanta como nos outros dias, mas a verdade é que isso seria mentira. Tem sido tortura atrás de tortura e sinceramente eu não vejo a hora de me livrar destas pessoas, de me poder soltar e de me ver livre que nem um passarinho. Eu nunca fiz mal a ninguém, porque raio é que teriam de me fazer mal a mim?


"Já acabaste de limpar essa merda?" Um dos homens gritou para mim.


Muito timidamente abanei a cabeça depois de encarar os seus olhos meio castanho dourados. O seu cabelo agora em crescimento depois de ter sido rapado há cerca de dois meses, estava meio que loiro meio que cinzento/prateado e eu tinha que admitir para mim própria que esta cor lhe assentava ainda melhor que a sua cor natural.


"E posso saber por quê?" Ele gritou novamente, desta vez aproximando-se e tirando-me das mãos a esfregona.

"E-eu estava a te-terminar." Falei de cabeça baixa.

"Sempre a mesma porcaria tu, nunca sabes fazer nada de jeito!" Ele dirigiu de novo a sua voz para mim, desta vez num tom mais baixo, mas entre dentes, mostrando o quão irritado se encontrava com a situação.

"Não sou nenhuma máquina!" Respondi fazendo-lhe frente.


Ele não respondeu, o seu riso histérico foi ouvido e logo de seguida, silêncio e a sua mão foi erguida no ar embatendo contra a minha cara no segundo seguinte. Uma e outra vez até eu me encontrar no chão, com algum sangue a escorrer-me do lábio superior e de uma ferida que tinha sido feita anteriormente mesmo por baixo do meu olho esquerdo. Perguntava-me porque estava aqui ainda, poderia ter fugido? Não. Os meus pais preocupavam-se? Não. Tinha amigos? Não. Estava sozinha neste miserável e distante mundo? Sim.

Custava-me mesmo muito mexer-me todos os dias, pois no dia anterior seria sempre espancada ou até mesmo violada. Isto onde muitos dizem ser a nossa "casa" não passa de um inferno, somos cerca de noventa raparigas e todas tivemos este destino porque ou não tínhamos nenhuma casa e acabámos por ir na conversa dos quatro homens que aqui mandam ou então foram os nossos pais que nos aqui deixaram pensando que seria um bom "orfanato" para nós uma vez que apenas teriam de deixar uma certa quantia e depois nunca mais teriam de nos pôr a vista em cima. Eu cá acho que isso é de certo um egoísmo de um nível demasiado elevado e vá-se lá entender porque é que eles quiseram ter os filhos para depois os abandonar assim do nada, mas quantos não são os pais que fazem isso?


"Se pensas em alguma coisa no próximo segundo em vez de te levantares e começares a limpar isto e bem depressa, levar-te-ei para um desses quartos e garanto-te que mal conseguirás andar na próxima semana." Ele ameaçou e finalmente virou costas, indo-se embora.


Fiquei a observá-lo por um segundo antes de me levantar, pegar na esfregona e recomeçar a lavar o chão. A sua camisola branca assentava-lhe bem, o facto de ser apertada e de ele ter uma pele com um certo tom escuro, deixava muito a desejar. Mas depois de conhecer o tipo de pessoa que ele é, aposto que ninguém quereria mais desejá-lo, pois certamente, acabaria aqui fechada como todas nós. Nunca conheci todas as raparigas que aqui estão neste sítio, não gosto de conversar com elas porque bem, ter amigas aqui dentro é significado de preguiça e tudo o que eu menos quero é levar um enxerto de porrada por conversar com uma suposta amiga. Apenas conheci umas três ou quatro, quando são aqui postas elas gostam de chorar durante muito tempo por tudo e por nada e acham que ficar amigas com outras pessoas é algo bom. Eu cá não quis saber, se a minha vida já era uma merda em casa aqui não podia ser pior, e por um lado estava certa porque a quantidade de porrada era mesma, apenas se adicionou a violação. Cada vez que negada, levávamos o dobro do costume e ainda éramos provavelmente amarradas e metiam-nos coisas na boca para que não tivessem que ouvir as nossas lamentações.

Pode parecer tudo muito mau e violento, mas eu nunca quis saber. Isto só aumentava na minha lista mais razões para me desfazer do meu próprio corpo, para que eu desaparecesse da face desta terra e deixasse de vez tudo o que me ligasse aos meus pais e a estes quatro "homens" que nos tratavam como se fossemos um gato-sapato.

Acabei finalmente de lavar o chão e arrumei o balde e a esfregona no lugar, depois passei pelo "refeitório" e peguei no pão e na sopa que era a nossa refeição todos os dias. O melhor disto é que a sopa nem sempre era a mesma e às vezes diversificava o que estava metido na panela, não nos podíamos queixar ou então, haveria porrada para o almoço ou para o jantar. Eu pergunto-me tantas vezes como é que a polícia não fecha este lugar, afinal estamos perto da capital e bem, eu tenho quase a certeza que qualquer pessoa que por aqui passasse era capaz de ouvir os gritos tanto dos homens que aqui mandam como os das raparigas quando estão a levar porrada ou quando estão a ser violadas. Mas por outro lado eu sei como é ter medo destes trastes e que ninguém era capaz de enfrentá-los. Pergunto-me também como tenho coragem de adormecer à noite sabendo que assim que acordar posso começar a sofrer, posso até sofrer durante o sono e não saberei disso. Ingenuidade é coisa que aqui não falta embora às vezes sobre também.

Eu já tive uma ideia para conseguir escapar daqui, embora eu não sei se vai resultar. Os homens às vezes saem e ficam por turnos, mas todos os sábados, só fica um aqui e nós temos que estar todas a cumprir horários, pois ele sempre sabe quem é que está e quem não está, mas quem não costuma estar por norma, acaba sempre por estar, nem que seja a sangrar por todos os lados. Mas se eu conseguir escapar, eu não vou ficar aqui mais nem um segundo para poder deitar sangue devido àqueles cabrões!

Harry é quem costuma ser aquele que fica sempre aos sábados, ele é o mais recente dos quatro homens que está aqui a mandar por isso ele ainda está a decorar bem as caras, ele só aqui está há um mês e por isso só teve quatro sábados para poder decorar tudo muito bem, mas para o azar dele eu sempre me baixava ou fazia qualquer coisa de maneira a que ele não conseguisse ver bem a minha cara. Zayn, o homem que me estava a ameaçar e a bater quando eu tentava lavar o chão é como se fosse o segundo criador deste "orfanato", nem sei com que nome hei de apelidar este inferno, para além de inferno claro. O primeiro criador é Louis e depois dele veio o Niall, eles (Zayn e Louis) acho que eram amigos há muito tempo já e decidiram juntar-se porque não tinham sítio onde ficar e decidiram que o Louis iria começar isto e depois logo veriam no que ia dar.

Para meu azar estou aqui desde que havia cerca de dez raparigas, eu tinha apenas dezasseis anos e já estou aqui há quatro. Zayn e Niall têm já vinte e quatro anos, o Louis tem vinte e cinco, e Harry tem vinte e três. Obviamente eles não partilham detalhes pessoais sobre eles connosco, mas eu arranjei maneira de entrar numa porta que é interdita a qualquer rapariga e consegui ver os cartões de cidadão deles, nem sei como é que eles foram tão burros ao ponto de deixar aquilo à vista de todos. Talvez fosse de propósito, porque normalmente aquela porta está sempre trancada à chave.



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Aqui está o primeiro capítulo :) Tenho a avisar-vos que apesar de diálogos, irá haver muita descrição e assim. Antes que perguntem, o Liam só irá aparecer no capítulo 9 e por aí a diante xD

Se alguém quiser dedicação, é só pedir ;)



ATENÇÃO: Esta fic é puramente fictícia. Qualquer semelhança com a realidade é pura coincidência. Não associem os comportamentos das personagens com as pessoas na realidade. Obrigada.



Psychiatrist // L.P. {terminada}Where stories live. Discover now