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E L O R A.

"Podes vir para a mesa." A voz suave da senhora que tanto me tinha ajudado hoje soou.


Segui-a para a cozinha e sentei-me na mesa onde estavam dois pratos. Olhei para a comida e reparei que era empadão, apressei-me a sentar e ela deu uma risada. Se ela soubesse há quanto tempo eu não como nada de jeito, já não se iria rir da minha reacção.

Ela serviu a comida para ambos os pratos e depois sumo de laranja para os copos. Agradeci-lhe com um sorriso e rapidamente comecei a saborear a comida. Era realmente algo demasiado bom.


"Posso fazer-lhe uma pergunta?" Tentei falar com um sorriso.

"Sim, querida, é claro que podes."

"Como é que se chama?" Perguntei e ela riu novamente.

"Amelia."

"Bem, eu sou a Elora." Sorri.

"Oh meu Deus," ela disse e pouso os talheres no prato. "Tu és a filha da Cleo e do Michael?"

"Sim." Respondi meio reticente.

"Eu bem me parecia que a tua cara me era conhecida... Há quanto tempo não estás aqui?"

"Eu sei onde está a Isla." Admiti, mudando o assunto muito rapidamente.

"Tu o quê?!" Ela olhou-me com os olhos bem abertos.

"Sim, eu sei onde ela está e se não fizer nada para a tirar daquele sítio ela irá morrer muito em breve. Ela e todas as outras raparigas." Engoli em seco.

"Onde? Onde é que está a minha menina?" Ela questionou já com as lágrimas a quererem escorrer-lhe pela cara.


Não fui capaz de lhe responder, apenas me levantei e corri para fora da casa dela. Fechei a porta com um pouco de força a mais e corri pela rua a fora, corri até não ser capaz de poder ver mais aquela rua e todas as más lembranças que se estavam a apoderar de mim. Estava escuro e eu quase me esquecia que já passava pouco das sete da tarde, aqui tudo o que seja lojas e coisas do género fecham por volta das seis horas, as pessoas comem muitas das vezes antes das sete e depois vão dormir relativamente cedo. Por isso é óbvio que está tudo deserto agora, mas por mais assustador que isso seja, faz-me sentir bem e segura.

Respiro fundo algumas vezes e decido caminhar mais um pouco, não me importando com o facto de ter que voltar e pedir desculpas ou ter que voltar para dormir. Levo as mãos aos braços, esfregando-os quando me lembro que deixei o casaco junto de todas as outras coisas que eram agora minhas. O vento estava demasiado frio e forte, puxando a chuva fazendo com que pingasse.

Continuo a minha caminha pelas ruas desertas de Bordesley Green, dentro das casas são poucas as luzes que se vêem ligadas e maior parte dessas luzes vêm das lareiras.


"Com ciúmes do quentinho?" Uma voz sinistra soou atrás de mim. Rodei o meu corpo sobre os calcanhares, olhando a sombra da pessoa que tinha falado.

"E se tiver? Não tens nada a ver com isso." Disse secamente.

"Ui, temos aqui uma fresca huh?" Ele disse, a sua voz fez-me lembrar a voz autoritária do Louis, mas ao mesmo tempo doce. Estremeci com a lembrança dele e um riso foi ouvido.

"Deixa-me em paz, é um favor que fazes ao mundo."

"Mas eu não te quero deixar em paz sem primeiro te roubar o que quer que seja que tenhas contigo."

Psychiatrist // L.P. {terminada}Where stories live. Discover now