Chapter Seventeen

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Problemas pessoais + semana de provas + fracasso escolar = atraso desgraçado. Desculpa, coisa e tal, mas vou compensar de outras formas. Hoje rola atualização dupla. Sinto muito mesmo, pessoal, mas prometo não desanimar agora que tô com tempo livre.

Ainda lembram aquela coisa de "não existe mais capítulo inútil em HQiller?"

Michael POV

Uma reta é um conjunto de pontos, todos interligados. Um pensamento funciona da mesma maneira. Há fatos, lembranças e opiniões, e estas são os pontos. E as linhas que os unem são o raciocínio. É ele quem julga se as informações estão ou não correlacionadas, e cabe a ele formar as ideias. Linhas infinitas de pensamento, que podem se expandir em qualquer direção, desde que hajam pontos para isso.

Num caso criminal, os pontos são as evidências. Evidências não escolhem lados, não sentem emoções. Elas apenas revelam fatos que aconteceram, uma verdade irrevogável.

Sentado no carpete de Ashton, ouvindo o som da torneira no cômodo ao lado, eu as revisava mentalmente.

Havia se passado muito tempo desde o desaparecimento de Calum. Muito tempo para que a morte fosse obra do Serial Killer de Sydney. O que, honestamente, era um alívio. Ainda havia esperança para nós. Eu e Ashton, no caso.

Ashton não saia de casa há uma semana. O exato tempo sem Calum. Eu liguei algumas vezes desde o começo das investigações, mas ele raramente atendia, e, quando o fazia, respondia com palavras monossilábicas. "Sim", "bem", "até". As vezes um "vou ficar bem". Embora, ontem, para minha surpresa, ele mesmo tenha ligado. Entre soluços e tosses ouvi um "vem dormir aqui". E, bom, aqui estamos agora.

Era estranho passar dois dias sem Luke. Era estranho passar cinco minutos sem ele. Ironicamente, agora vínhamos criando um novo tipo de intimidade. Como se o vazio de Calum estivesse pouco a pouco sendo preenchido. E, se por um lado a sensação era quase como a de uma prótese substituindo um membro perdido, por outro também se assemelhava com a de cair dentro de um poço de piche.

Afundando nas sombras.

"Um beijo por seus pensamentos" Ashton disse, me tirando dos meus devaneios. Estava recostado na porta, os olhos castanhos claros escondidos atrás das lentes dos óculos de armação grande. A frase me trouxe lembranças. Calum costumava dizê-la muito, quando nos reuníamos.

"É estranho, não é?" murmurei, sem olhá-lo nos olhos. Envolvi meus joelhos com os braços, tombando para o lado numa posição fetal. "Estamos apenas esperando, e perco a noção do tempo todos os dias."

"Eu conto cada segundo." Ashton me corrigiu, quase num rosnado. Vendo minha reação assustada, ele acrescentou "Mas espero tanto quanto você, acho. Só não sei exatamente pelo que."

"Pelo corpo."

Nós dois engolimos em seco. Mal pude acreditar que havia finalmente dito em voz alta. Ergui a cabeça, incerto, e nossos olhares se cruzaram. Ashton avançou em mim tão rápido que não tive reação se não receber o soco direto na boca do estômago.

"Ele não está morto!" berrou, seu punho voando de novo contra a lateral do meu corpo, desta vez. Empurrei-o com os pés em seu peito, afastando-o de mim.

"Ashton!" o chamei, com o máximo de firmeza que consegui pôr no tom de voz. Seus olhos me encararam com tanta fúria que cheguei a desconhecê-lo. Esse era o meu amigo de infância? O que costumava evitar as brigas e separar Calum dos valentões na calçada da escola? Esse era o metido a diplomata que nós costumávamos debochar tanto?

Ashton piscou algumas vezes, a cabeça contra a mesa de centro, e finalmente ergueu o corpo, parecendo ter voltado a si. Confirmou minhas suspeitas quando sussurrou um muito envergonhado "Desculpe."

HQiller ☂ [Muke Clemmings]Onde as histórias ganham vida. Descobre agora