Chapter Fifteen

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Havia algo de muito perigoso a respeito dos olhos de Luke. Mas havia algo de muito excitante na maneira como ele me olhava agora, com cautela. Quase como se eu fosse correr a qualquer instante para fora daquele quarto, e ele estivesse mais do que disposto a me impedir disso.

Apenas com os olhos ele me prendeu ali, dentro do cômodo, e com eles fixos em mim deu um passo de cada vez em direção à sua cama. Cada passo seu retrocedido era um meu avançado. Suas mãos estavam erguidas na altura dos ombros, a postura corporal dizendo "não vou machucar você, pelo menos não agora".

Admito que a excitação me subiu à cabeça. Aquele jogo era divertido, mas poderia ficar ainda mais.

Luke chegou até a cama. Sua panturrilha foi de encontro ao box de madeira que apoiava o colchão, e notei a mudança em sua expressão. Como se ele tivesse acabado de ter uma ideia. Ele virou o corpo para trás, embora não completamente, e pôs uma das pernas no colchão, que afundou com o seu peso.

Olhos nos olhos.

Pensei em dizer qualquer coisa, algo como "não vou fugir, sabe?", mas apenas assisti o que ele faria a seguir. Sua outra perna subiu na cama, e ele se ajeitou bem no centro do colchão enorme, as pernas cruzadas em posição de meditação.

Ergui uma sobrancelha, querendo questioná-lo a respeito, mas Luke se adiantou.

"Me entretenha".

Era uma sentença clara: me entretenha e conquiste o direito de estar aqui, ou falhe e sofra por isso. Uma aposta, imaginei, e o pensamento fez um sorriso surgir no canto dos meus lábios. Jogos eram o meu forte. Qualquer tipo deles.

E, como tinha ciência de que o meu olhar também era bonito, o fixei nele. Desci meus olhos pela extensão de seu corpo, e, sem deixar de encará-lo, caminhei lentamente em direção à porta, fazendo-o engolir em seco. Porém, antes que Luke se levantasse, levei os dedos até o interruptor, apagando as luzes.

A escuridão preencheu o quarto. As cortinas eram pesadas, e estavam bem fechadas, impedindo qualquer passagem de luz do meio exterior. E aquela noite, em especial, estava mais escura do que de costume, por ser lua nova. Eu podia ouvir sua respiração ali, baixa e ritmada.

"Sabe que jogos me deixam excitado, não sabe?" perguntei num tom firme e baixo, ciente de que ele me ouvia perfeitamente. "Então vamos jogar um" afirmei, no tom mais ativo que minha voz alcançava em sua rouquidão perpétua.

"Existem três abajures nesse quarto, eu acho. Então tenho três chances de ''me salvar''. O jogo é bem simples: você tem de me achar na escuridão, antes que eu acenda uma das luzes."

O escuro continuava assustadoramente absoluto. Eu mal podia ver meio palmo à frente de meu corpo, que dirá a silhueta esguia de Luke em algum lugar do quarto. Ele poderia estar atrás de mim, e eu não saberia disso.

O pensamento me era perturbador.

Aguardei sua resposta por cerca de meio minuto. Ele parecia fazer de propósito, para me deixar com medo, e estava quase funcionando, até que sua voz arrastada quebrou o silêncio, assustadoramente perto "O que acontece se eu te achar antes?" quis saber, e senti seu hálito quente contra minha orelha direita.

Meu corpo tremeu. De medo, de excitação. Difícil distinguir as duas sensações.

Pensei a respeito por apenas um instante.

"Minha cumplicidade"

Mais silêncio. Seu hálito ainda estava ali, presente, a única prova de sua presença naquele quarto. Ele respirava muito baixo. Seria um jogo bastante perigoso.

HQiller ☂ [Muke Clemmings]Onde as histórias ganham vida. Descobre agora