Capítulo 15

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Antes de irmos ao local onde Thomas preserva suas flores, passamos por um cômodo que dei o apelido de sala das pinturas, fazendo exatamente jus ao lugar. Havia mais de quarentas pinturas rodeando as paredes, elas se diferenciavam entre flores, animais, pessoas, natureza... Nesse lugar aqui não havia sofás ou poltronas, somente os quadros.

- Por que há tantos quadros aqui? - pergunto curiosa observando tudo.

- Minha mãe gostava de arte. - diz explicando. - Esses quadros ficavam espalhados pela casa. Depois que me mudei pra cá, decide colocá-los em um lugar só...

E quando a saudade apertasse, poderia vir aqui e sentir o quanto ela continua viva dentro de você, concluo a frase inacabada em meu pensamento e percebo que também gostaria de ter isso, um lugar que me fizesse estar perto de minha mãe.

- Foi uma ideia incrível. Eles fazem uma ótima combinação quando estão juntos. - digo compreensiva, mas Thomas parece estar preso em lembranças, toco seu braço levemente. - Ainda sente muita falta dela?

Thomas puxa seu braço de minha mão com arrogância e se afasta.

- O que sabe sobre isso? - novamente a voz séria se faz presente e não me surpreendo com isso. Ele é tão volúvel. Suspiro com pesar, andando em direção contraria a sua.

- Sinceramente? Eu não sei de nada. - paro em um quadro que chama minha atenção - Às vezes chego a pensar que minha saudade é irreal já que eu nem sequer a vi.

- O quer dizer com isso? - pergunto intrigado.

- Quero dizer que a minha mãe morreu no meu parto Thomas. Eu não sei o que é sentir saudade de uma pessoa que nunca conheci e sabendo que essa pessoa é minha mãe... - sinto minha garganta arder, um bolo se formar.

- Sinto muito, eu... - olho para Thomas que tem o semblante arrependido.

- Está tudo bem, você não sabia disso, eu também sinto muito por sua mãe.

- De verdade, me desculpe, eu só consigo ser um idiota e fazer você sempre ficar mais triste.

Thomas passa a mão num gesto de angustia em seus cabelos e me aproximo segurando seus antebraços. Ele fica fofo quando se preocupa e isso só faz meu coração palpitar mais por ele.

- Ei, isso não é verdade. - falo fingindo está ofendida - Você me irrita às vezes, me tira do serio, mas a maioria do tempo eu me divirto com você. - falo sincera.

- Você existe mesmo? - pergunta fascinado e sorriu constrangida.

Solto seus braços e volto para o quadro que estava admirando.


- Essa pintura é realmente linda.

- Era a favorita de minha mãe. - ele diz e posso sentir que está bem próximo a mim.

A pintura de óleo tinha os rabiscos que formavam uma casa comprida, rodeada por árvores e gramas, o sol alaranjado deixando a imaginar o por do sol ou o nascer da manhã. Podia ficar observando esse quadro por horas.

- Quer ver essa pintura ao vivo? - Thomas me tira do devaneio e sorriu de sua louca ideia.

- Como assim? Por acaso esse lugar é real? - brinco e noto que ele está falando sério. - Esse lugar existe?

- Não exatamente assim como na pintura, mas sim... Venha.

Thomas vai à frente e andamos pelo longo corredor até pararmos em frente à porta.

- Preparada? - ele pergunta e levanto minhas sobrancelhas.

- Confesso que estou ficando nervosa... - murmuro mais pra mim do que pra ele. - Estou sim, pode abrir.

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