Capítulo 7

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Desperto cedo ainda com sono. Dormi tarde ontem por causa de Thomas, com sonhos dele sendo torturado por aqueles que ele chama de inimigos, tudo por que ele voltou sozinho naquela noite escura. Vi a hora que Lexie chegou, parecia muito feliz, ela cantava baixinho e suspirava a todo o momento. Esperava que esse encontro desse certo. Agora eu estava a caminho da cidade com meu pai, iríamos ao mercadinho e a uma feirinha comprar o que estava faltando em casa. Quis aproveitar para conseguir algumas informações. Meu pai morou a vida toda aqui que alguma coisa devia de Thomas.

- Pai... – iniciei uma conversa um pouco cautelosa.

- Sim?

- O que você sabe sobre Thomas Ackles? - pergunto fingindo desinteresse, mas por dentro muito ansiosa.

- Não sei muita coisa filha, a maioria é do que as pessoas falam.

- E você acredita no que as pessoas falam? - ele rir e me olha de relance.

- Tem que ter muita imaginação Mel! – rebate excluindo de vez a fagulha de duvida que ainda existia.

Sorriu junto e olho as casas que começam aparecer pela minha janela. Muita imaginação mesmo, do tipo a minha.

- Mas você sabe algo além do que as pessoas falam? – insisto e sou avaliada.

- Por que quer saber sobre ele? – pergunta meu pai desconfiado.

- Ora porque pai, ele é nosso único vizinho! Só estou curiosa. E também porque Lexie comentou que o viu na festa, eu só queria saber mais. - digo aparentando uma expressão aborrecida.

É claro que eu estava exagerando um pouco e que Lexie deve sim ter visto ele, mas é óbvio que ela não iria contar, por mais que eu tenha a certeza de que ela tentou conversar com ele. Como eu sei que eles não conversaram? Ela teria se gabado. No entanto, dizer que Lexie tinha visto ele e que era nosso único vizinho, foi à única coisa que me veio à cabeça para meu pai não cismar com nada. E pelo visto funcionou. Respirei mais aliviada quando ele começou a contar uma história.

- Eu nunca cheguei a falar realmente com ele, mas um dia cheguei a consertar um sofá velho que seu empregado foi deixar na minha loja. Era peça uma única, muito velho... Parecia ter anos de história. Eu recebi ordens de só deixa-lo utilizável. Não podia mexer no estofado, mas o pano já estava acabado e muito fino. Eu expliquei para o empregado de Thomas que teria que mudar e prometi que encontraria um estofado semelhante ao que estava antes.

- E o senhor conseguiu? - pergunto animada. Ele me olha de relance outra vez e sorrir.

- O que você acha? - meu pai rir alto e continua. - Eu demorei, mas encontrei. Recebi uma boa quantia por isso, porém foi o trabalho mais difícil que já fiz. Thomas era muito novo naquela época, devia ter uns vinte e dois anos, queria ser o machão, o homem que dava as ordens e não aceitava erros, ele se esbaldava na noite pegando qualquer mulher que passava. Não acho que seja diferente hoje, só se passaram oitos anos daqui pra lá. O homem deve ter ficado mais maduro, mas ainda com os mesmos hábitos.

- E sobre os pais? Você sabe de algo? – pergunto querendo mudar o assunto sobre ele pegar várias mulheres.

- Só o que todos sabem Mel, morreram em um acidente de carro.

- Ah... Ele tem uma história triste. Deve ser difícil perder os dois pais de uma vez. – suspiro arrasada.

- Mas não se engane, já ouvi também que ele maltratou muita gente. Se é verdade ou não as histórias que esse povo conta, é melhor evitarmos confusões. Por isso não chegue perto daquela casa, melhor não arranjamos problemas. Nossa situação já está difícil demais.

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