(Bônus) Nicolae

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Olá pessoal :D Mais um pedacinho para vocês, hoje vamos saber como anda a cabeça de Nicolae, que dorme contra a vontade dele! Vamos lá? Ótima leituras meus Grus espero que gostem!

Queria receber a ordem, acordar, meu corpo estava inerte e minha consciência ainda estava sangrando com as lembranças, não conseguia me mexer, e isso não me ajudava, o silêncio me contava o obvio, estava na cripta dos lamentos, a cripta dos viúvos, criada para os desesperados que perdiam sua amada na guerra da supremacia, e agora meu castigo, minha prisão, isso doía, não estava em meu quarto, não estava perto dela, e como sempre por conta do sono forçado me perdi em meus devaneios, em forma de pesadelo voltei naquela noite.

Dimitri havia contado sobre a descoberta das sombrias cativas, Eva mostrava pequenos progressos com sua saúde, mas sua respiração havia piorado, ainda assim não quis ficar na cama, ouvia conosco as notícias e esperou a decisão de Rael.

A notícia abalou a calma sombria, a comoção foi geral, o sentimento de revolta dos príncipes com a notícia havia afetado até mesmo os inertes que se angustiaram em seu sono, a empatia com os sentimentos dos príncipes era algo forte entre os sombrios, mas com o líder era extremamente poderosa, e sabendo disso com muito custo Rael recuperou a calma, mas eu havia sentido, havia percebido sua primeira intenção quando soube delas.

Ainda não. Eu havia dito a ele, temendo um descontrole e um ataque sem planejamento, minha pequena estava lá no reino humanis ainda e ninguém a poria em risco, nem mesmo meu líder Rael.

Temi a mim mesmo, pois o desafiei a fazê-lo, o desafiei a dar a ordem do levante, deixei clara minhas intenções, haveria luta, seria errado fazer isso, mas Rael me conhece bem para saber o que aconteceria se o fizesse, iria lutar com ele, pelo supremo pai e que Rael me perdoe, mas eu o faria.

Por sorte meu sábio irmão não tinha nenhuma intenção de por a vida de sua filha de sangue em risco e suspirei aliviado quando o vi silenciar os sombrios reforçando a ordem para que voltassem a dormir, ele não me julgou, ele sabia que seria essa minha reação, tinha que manter minha pequena segura, mas a trégua de minha sanidade para comigo durou pouco, pois logo senti o cheiro, tão característico, tão conhecido a mim e ao meu coração. Diana!

Minha alegria por senti-la perto durou segundos ao identificar outro cheiro conhecido em seu sangue, um cheiro que perdurou forte nas primeiras semanas dela aqui, medo! Tão poderoso, tão visceral e desesperado aquele sentimento de medo que eu sentia vindo dela, que foi me contagiando completamente e então senti minha entranhas revirarem, e pela potência daquele medo eu soube, ela precisava de ajuda, corria perigo e de pavor pelo que podia estar acontecendo a ela eu deixei meu caçador vir, pedi a todo o sagrado do mundo para conseguir chegar a tempo, corri além de minhas forças, cada vez o cheiro adensando, impregnando tudo, tomando conta do ar e tomando conta da minha consciência e fazendo aumentar minha ira.

Ela estava apavorada, o pouco ainda lúcido de mim sentia isso, e então ouço seu grito de desespero e dor e respondo ao seu chamado, deixando sair de minhas entranhas o urro de ódio que senti, eram infindáveis cheiros humanos e um deles era nítido, excitação, estavam abusando de minha pequena e o grito dela foi seu último pedido, seu aviso que não conseguia mais lutar, que não conseguiria mais me esperar, e com isso minha visão ficou turva pelo ódio, fiquei entregue, vi através de minha própria ira o homem em cima dela, sem nem mudar o percurso do vento eu cheguei perto e arranquei seu coração, não dei tempo a ele de continuar a machucar ela, mas eu queria mais, queria ver dor, vingar a dor que causaram a ela, vingar a humilhação que a fizeram passar, bebi o sangue dos meus inimigos, mas nada aplacava aquele desespero em meu peito, quando me virei para ela vi o alívio em seus olhos por me ver, não segurei o grito de dor que saiu de minha entranhas, eu não cheguei tempo, ouvi o segundo grito da minha metade presa, soube quando a runa trincou, senti a batalha de meu espírito que lutou para sair, duas partes de mim lutando, meu espirito angustiado pela prisão, querendo aplacar a alma amada e eu angustiado por ver seu olhar sem cobranças, apenas aliviado. Eu falhei!

Tratado dos Párias- Príncipe CaçadorOnde as histórias ganham vida. Descobre agora