O segredo de Anahi

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- Não! - ela sussurrou baixo. - Nunca fui amante dele.. Isso foi uma mentira que ele inventou para machucar você e minha irmã...
Anahi levantou os olhos e percebeu que Poncho ainda a encarava.
- Por que eu acho que você não está me contando tudo?
- Porque eu estou... Tem uma parte muito podre da minha história que eu sempre tive vergonha de contar... E... Na verdade, não podia contar...
- Me explica direito isso! - ele pediu ainda muito sério.
Foram interrompidos pelos policiais.
- Sr. Herrera.. Não há marcas de digitais, mas esses bilhetes são a prova de que foi Thomas Lagos que passou por aqui... Peço que vocês deixem o apartamento vazio e não toquem em nada, deixem como está, para que a perícia venha durante a semana.
- Ok.. - Poncho respondeu.
- Podemos ir para o meu apartamento.. - Anahi falou. - Posso falar com Ian para conseguir um segurança para nós também..
- Tudo bem...

-/-

Quando já estavam instalados no antigo apartamento de Anahi, com um segurança na porta o tempo todo, Poncho a segurou pelo braço, estava na cara que ela estava fugindo dele.
- Temos que conversar Anahi...
- Sim.. - ela sussurrou e foram caminhando até a sala, onde se sentaram. - Poncho, o que você precisa saber é que eu nunca tive a intenção de machucar ninguém...
- Não enrole.. Eu quero que me conte tudo!
Anahi respirou fundo.

Flash-back
"O relacionamento de Anahi com Gaspar ia de vento em popa. Ela o amava demais.  Se conheceram na biblioteca onde ela trabalhava, e ele, muito galanteador, já logo a encheu de elogios e conseguiu um jantar com ela. Porém, Anahi se fazia de durona, apesar de já estar completamente caída pelo jeito romântico dele.
Na mesma época, Anabelle começou a namorar Thomas, as irmãs, que ainda moravam juntas, passavam noites e noites conversando sobre os respectivos namorados, tão adorados.
Porém, as agendas sempre batiam, então, mesmo que tentasse por várias vezes, nunca conseguiam sair juntos. Apesar de não conhecer pessoalmente o namorado de Anabelle, Anahi ficava muito feliz por ver a irmã tão feliz. E o mesmo se podia dizer de Anabelle.
E foi em uma quarta-feira, quando tudo começou a desmoronar. Anahi tentava falar com Gaspar a tarde toda, porém ele não atendia o celular. Anabelle chegou um tempo depois em casa, com cara de choro.
- Anahi.. Eu preciso muito conversar com você!
- O que houve, Belle? Você está me assustando!
- Anahi... Eu estou grávida! - ela soluçou e Anahi arregalou os olhos.
- Meu Deus Belle! - Anahi não sabia o que fazer. - Já contou para o Thomas?
- Sim! - ela fungou e sorriu. - Ele adorou a idéia... Disse que quer se casar comigo!
Anahi sorriu com os olhos cheios de lagrimas, indo abraçar a irmã em seguida.
- Ahhh a minha irmãzinha vai ter um bebê!!!! Estou tão feliz Belle!!!! Parabéns!!!
- Puxa Annie.. Eu estou tão feliz!!! Tem idéia de que eu tenho um bebê na barriga???
A comemoração durou até a noite, quando ficaram tricotando sobre nomes, o sexo, com quem ele se pareceria, a alegria das irmãs era palpável.
Antes de dormir, Anahi ainda tentou ligar mais uma vez para Gaspar, que continuou sem atender.
Uma semana se passou, e Anahi não tinha notícias de seu namorado, o que a estava deixando muito preocupada. Já havia conversado diversas vezes com a irmã sobre isso, mas não queria preocupa-la logo no início da gravidez.
- Annie... Marquei para amanhã o meu almoço de noivado! Convidei alguns amigos, algumas pessoas do orfanato, e o Thomas também chamou uma parte da família dele...
- Ahhh então finalmente vou conhecer seu príncipe encantado???
- Siiiiim Annizita!!! Estou tão feliz!!!
- Também estou feliz por você irmãzinha!
O dia seguinte chegou e Anahi já estava pronta, arrumando a mesa do apartamento com as travessas de comidas.
A porta se abriu e Anahi virou na mesma hora, vendo Gaspar entrar de braços dados com uma Anabelle risonha.
Sorriu imediatamente, sua irmã havia encontrado seu namorado!!!
- Mas.... - sussurrou para si mesma, lembrando-se que Anabelle não conhecia Gaspar.
Ele acariciou a barriga da irmã e em seguida, deu-lhe um beijo apaixonado, que foi aplaudido por todos.
- Viva o casal Anabelle e Thomas! - ouviu alguém falar e sentiu a bile lhe subir a garganta, assim que seus olhos se encontraram com o de Gaspar, ou Thomas. Deus!  Ela estava muito confusa... Isso só podia ser um pesadelo.
Saiu da sala, entrando no banheiro e jogando uma água na nuca.
Ele a havia enganado, ele estava com as duas ao mesmo tempo usando nomes diferentes. Que tipo de pessoa doente faria algo assim? Qual deveria ser o nome verdadeiro dele?
Deus! Ela precisava alertar a irmã!  Ela precisava contar a irmã toda a verdade!
Saiu do banheiro e chegou perto de Anabelle, que estava ao lado do sofá. Percebeu que Gaspar estava longe e aproveitou a oportunidade.
- Anabelle.. Preciso falar com você! Rápido! - puxou a irmã pelo braço.
- O que houve Annie? Você está pálida!
- Ohhh... Você deve ser Anahi! - ouviu a voz dele atras de si, e se virou, sentindo a bile lhe subir a garganta de novo. - Finalmente nos conhecemos! Prazer, Thomas!
Estendeu a mão para ela, que olhou desconfiada.
- Ohhhh... Preciso tirar o refrigerante da geladeira.. Já venho!  - Anabelle falou e saiu.
Gaspar/Thomas aproveitou a oportunidade, vendo que todos estavam absortos em suas conversas, e puxou Anahi violentamente pelo braço para fora do apartamento.
- QUE MERDA É ESSA GASPAR????
- Thomas! - ele disse dando os ombros. - Meu nome é Thomas!
- O que significa isso? - lágrimas já escorriam por seus olhos azuis.
- Oras.. Vocês duas são gatas demais para eu me contentar com apenas uma! Pra que escolher se eu poderia ficar com as duas ao mesmo tempo?
- Você é doente! 
- Aí sua irmã teve que ser burra o bastante para engravidar e acabar com a minha festinha de ter duas irmãs lindas na minha cama...
- Eu vou contar tudo pra Anabelle! - pisou firme e já ia seguir para o apartamento de novo.
- Ahhh você não vai! - a pegou com violência pelo cabelo, a puxando de volta. E antes que ela pudesse gritar, lhe tapou a boca. - Acho bom você manter essa boca bem caladinha senão vocês duas irão sofrer as consequências!
Algumas lágrimas já escapavam pelos olhos de Anahi quando ele lhe soltou a boca, ainda puxando seus cabelos pela nuca.
- Você é louco! - sussurrou.
- Que bom que você sabe! - ele disse sombrio, puxando uma arma de dentro do bolso. - Está vendo isso daqui? - encostou o cano na têmpora dela. - Se você abrir essa sua linda boquinha para falar qualquer coisa a respeito de nós dois lá dentro.. Eu puxo esse gatilho tanto na sua cabeça quanto na de todos lá dentro... Estamos entendidos?
Anahi só conseguia chorar de medo enquanto ele puxava seu cabelo e o gelado do cano da arma encostava em sua cabeça.
- Estamos entendidos? - ele perguntou de novo, agora apertando ainda mais o cano na têmpora dela.
- Sim.. - ela sussurrou.
Ele a soltou, fazendo com que ela caísse no chão.
- Se recomponha... Lembre-se que você é irmã da noiva! E lembre-se... Se algum dia você tentar abrir essa boquinha, tanto você quanto a sua doce irmã levaram uma surra... Não teste a minha paciência, Anahi!
Anahi até hoje não sabe como conseguiu permanecer naquele almoço de noivado. Thomas levou Anabelle para morar com ele naquele mesmo dia, temendo deixá-la sozinha com Anahi.
E assim seguiu-se, toda vez que Anahi tentava de algum jeito alertar a irmã, Thomas aparecia em seu apartamento, dando-lhe a prometida surra, e ela também sabia que ele havia batido na irmã.
Anahi bem que tentava, porém nada surtia efeito. Anabelle já tinha percebido a classe de homem que era Thomas por todas as surras que havia tomado em seus acessos de raiva.
Quando Anabelle estava com quase 7 meses, Thomas foi até a casa de Anahi procurá-la. Ela não queria abrir, porém ele achou um jeito de arrombar a porta.
- Eu não fiz nada! Eu não disse nada! Por que veio me bater? - ela exclamou já se encolhendo.
- Quem disse que vim lhe bater, Anahi? - ele sorriu malicioso e Anahi sentiu o cheiro de bebida que vinha dele.
- O que quer aqui?
- Anabelle não quer mais fazer sexo comigo... Disse que a barriga dela está muito grande para isso.. E eu concordo... É um incomodo e tanto...
- E? - Anahi perguntou já sentindo seus pelos se arrepiarem.
- E eu vim matar a saudade da irmã morena...
- NÃO! - ela gritou. - Isso nunca!!!!!
- Vamos Anahi... Apenas uma noite! Eu preciso de sexo!
- Não Thomas! Por favor!!! - ela suplicou e ele já logo segurou seus braços.
- Não vim perguntar ou pedir permissão, Anahi! - ele avisou apertando mais seus braços. - Eu vou ter o que eu quero... Você vai decidir... Será consensual ou à força?
- Thomas! Por favor! Não!!! Isso não!!! - pediu chorando.
- Ohhhh.. Não chore minha doce morena... Não sabe como senti sua falta! - disse já atacando os lábios dela, que se debateu contra ele. - Eu sou mil vezes mais forte do que você Anahi...
- NÃO!!!!! - ela gritou quando ele rasgou a blusa dela com violência, prendendo suas mãos para trás.
- Você está ainda mais gostosa... - disse já mordendo todo seu colo e seios. Anahi chorava desesperada.
- Por favor!!! - ela pedia aos gritos misturados com choro.
- Já passamos por isso várias e várias vezes, Anahi... Não será novidade nenhuma... Sempre foi bom para mim e para você!
- NÃO!!! - ela gritou.
- Então lute! Eu não vou deixar que nada me impeça de ter aquilo que eu quero! - e ainda segurando seus braços para trás, desceu o shorts dela, junto com sua calcinha, e seu seguida suas próprias calças e cueca.
Puxou-a com violência e a deitou no sofá, prendendo as pernas delas com as próprias.
- Você é minha vagabunda!
- NÃO!!!!! - Anahi gritou, mas era tarde demais. O ato já estava consumado.
Anahi chorou por horas pela madrugada que se estendeu depois que ele foi embora. Thomas ainda procurou Anahi várias vezes até que Johanna nascesse. Thomas ameaçava matar sua irmã e sua sobrinha se ela o acusasse, e por isso, ela permanecia quieta. E todas as vezes foram como essa, ela era tomada a força, violentada sexualmente por ele.
Quase entrou em depressão, mas assim que mirou aqueles olhos azuis de Johanna, viu que toda violência valia a pena se aquele pequeno pedaço de gente estivesse à salvo.
Johanna era quem a motivava, e Anabelle passou a apanhar cada vez mais. Toda vez que Anahi ia até a casa dela, visitar a sobrinha, a via com algum hematoma diferente.
Porém, Anahi não podia contar a Anabelle como sabia que ela sofria violência doméstica. Apenas tentava encorajar a irmã a depor contra o marido, assim ele seria preso, e todos estariam livres.
Um pouco antes do aniversário de 1 ano de Johanna, Anahi conseguiu convencer Anabelle a depor contra Thomas, porém a irmã cometeu o erro de tentar conversar com o marido antes, o que levou Thomas a violentar Anahi mais uma vez, tanto sexualmente quanto fisicamente.
E em seguida aconteceu o atropelamento, e Anahi foi presa."

Anahi terminou sua história com lágrimas escorrendo violentamente de seus olhos. Abraçando a si mesma, não tinha coragem de olhar para Poncho. Ele deveria sentir tanta vergonha da classe de mulher que ela era que com certeza, hoje mesmo deixaria o apartamento dela.
Se assustou quando sentiu os braços de Poncho em volta dela, a abraçando forte contra o peito dele.
- Você era violentada... - suspirou e a abraçou ainda mais forte. - Perdão por ter desconfiado de você.. Perdão por ter te acusado.. Céus!
Poncho chorava imaginando toda classe de violência que ela havia sofrido por aquele que dizia ser seu amigo. Deus! Sentia nojo de pensar nele.
- Por que me abraça? Deveria sentir nojo de mim! - ela soluçou e ele a abraçou ainda mais forte.
- Porque eu te amo Annie... E não! Não sinto nojo de você... Você foi só uma vítima... Sinto nojo dele! Que tipo de homem faz uma coisa dessas? - ele soluçou também acariciando o cabelo dela, que o abraçou de volta.
- Não chore.. Não quero que você sofra por mim! - ela falou tocando o rosto dele.
- Não tem como... Você é parte de mim Annie.. Eu te amo... E não há nada que faça eu te amar menos!
- Ahh Poncho... - sussurrou abraçando-o forte de novo.
- Eu vou te ensinar como é um homem de verdade... Você nunca mais vai precisar temer aquele verme!
- Você já me ensina... Todos os dias! Eu confio em você! Sinto muito por não ter te contado isso antes... Eu não podia! Não podia colocar mais uma pessoa em risco, entende?
- Sim Baby... Eu entendo.. Você foi muito forte segurando tudo isso nas costas sozinha, esse tempo todo...
- Não.. Não fui forte.. Fui fraca! - ela chorou mais ainda. - Ele sempre conseguia o que queria... Ele sempre me tinha... E eu sempre sentia tanto nojo de mim mesma que passava horas no banho, esfregando meu corpo, como se pudesse arrancar aquilo de mim...
- Ele não é um homem.. Aquilo é um verme.. E eu mesmo vou fazer questão de me vingar dele...
- NÃO! - agarrou seu colarinho, desesperada. - Ele é perigoso, meu amor... Por favor! Me prometa que nunca irá se meter com ele! Me prometa que não era procurá-lo! A polícia já está fazendo isso! Por favor! - ela chorou, desesperada. - Me prometa, Poncho!
- Ok.. Ok... Não chore! Calma.. Eu prometo! Se assim você se sentir melhor, eu prometo!
- Eu não suportaria perder você... - ela falou fungando no pescoço dele. - Você é a melhor coisa que aconteceu na minha vida!
- Eu te amo Baby... Com todas as minhas forças... E eu juro que nunca mais você será machucada... Eu vou te proteger e te tratar como a mulher incrível que você é... Como uma mulher merece ser tratada!
- Obrigada.. - ela sussurrou e ele ergueu o queixo dela, a beijando. - Eu te amo, Poncho!
Poncho a carregou para o quarto no colo, a deitando na cama e deitando ao lado dela, puxando-a para o seu peito e abraçando-a forte pela cintura.
- Você sabe que teremos que dar queixa disso né?
- Oh não Poncho.. Por favor! Não me faça reviver essa história mais uma vez!
- Annie.. É necessário! Esse verme tem que pagar por todos os crimes que cometeu... Tanto com Anabelle e Johanna, quanto com você... Afinal, você foi estuprada por ele... Aliás... Por que mentiu quando perguntei se você já havia sido estuprada?
- Por que estupro é apenas quando a pessoa é virgem, certo? - ela perguntou. - Eu já não era mais virgem na época... Ele poderia alegar que já tínhamos feito antes de tudo...
- Não Annie... Estupro é quando você é forçada sexualmente ao ato... Sem importar se era ou não virgem... Se já havia dormido com ele consensualmente ou não..
- E-e-eu não sabia.. Eu achei que...
- Não tem problema... - ele sussurrou beijando o cabelo dela. - Amanha vamos procurar Ian e contar tudo isso Ok?
- Tudo bem! - ela sussurrou.
- Anabelle também não sabe né? - Poncho perguntou e Anahi negou. - Contaremos juntos também ok?
- Poncho.. Eu não vou conseguir.. Anabelle não vai me perdoar.. - soluçou baixinho.
- Ei.. Não chore mais.. Por favor! - ele pediu pegando o rosto dela. - Eu sei que Anabelle vai te entender.. Você não queria aquilo... Você foi forçada, Annie..
- Mas Poncho...
- Eu vou estar ao seu lado o tempo todo... Segurando a sua mão e te dando força...
- Eu te amo Poncho... Eu te amo demais.. Promete que nunca vai me deixar?
- Eu prometo Baby... Você é minha! Para todo o sempre!

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