Acidente

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22 de outubro de 2008
- Belle, não quero sair hoje.. Já disse! - Anahi estava em sua casa lixando as unhas enquanto sua irmã tentava convence-la a sair.
- Vamos Annie.. Por favor.. Pedi que Thomas fique com a Johis, assim podemos sair apenas nós duas! Como nos velhos tempos...
- Não estou com vontade hoje Belle.. Por favor!
- Annie.. Você precisa sair.. Você está infurnada nesse apartamento desde que o idiota do Gaspar terminou com você... Precisa sair, conhecer gente nova, se apaixonar!
Anahi revirou os olhos, bufando.
- Não quero me apaixonar de novo!
- Não quero saber.. Passo aí em 30 minutos.. Esteja pronta!
Anahi bufou, desligando em seguida.
Não queria sair, não queria mesmo. Tinha um mau pressentimento sobre aquela noite, mas sabia que quando Anabelle colocava algo na cabeça, não havia maneira de tirar.
Levantou do sofá, tomou um banho quente e vestiu uma saia preta com uma blusinha branca, sapatilhas baixas nos pés. Passou apenas um pouco de base, lápis e rímel. Não queria se arrumar, estava sem paciência.
Seu celular apitou assim que sentou no sofá, pronta.
"Desce Annie!"
Anabelle era tão delicada com as palavras que chegava a ser palpável.
Pegou sua bolsa e já logo desceu no elevador.
- Quem dirige??
- Eu!
Anahi e Anabelle eram gêmeas idênticas. Havia apenas duas características que as diferenciavam. Enquanto Anahi era morena, Anabelle era loira. Os olhos de Anahi eram azuis piscina e os de Anabelle eram verde água. Tirando isso, as duas eram incrivelmente iguais.
- Vamos onde?
- Naquele bar perto do centro..
- Estou tão animada... - Anahi bocejou e levou uma cotovelada de Anabelle.
- Vou te animar rapidinho... - Anabelle mexeu em alguns botões do rádio e aumentou o volume no máximo.
- Oops, I did it again
I played with your heart
And got lost in this game, (oh baby, baby)
Oops you think I'm love
That I'm sent from above
I'm not that innocent
Cantaram à plenos pulmões, rindo e se divertindo. Eram apenas as duas novamente, pulando sobre as camas do orfanato e cantando juntas como se tivessem fazendo um show.
Porém tudo foi interrompido por um grito.
- AAHHHHH!!! - porém já era tarde demais. O carro já havia se chocado contra uma pessoa.
- AÍ MEU DEUS! - as duas desceram do carro. Anahi correu na mesma hora procurando sinais vitais da vítima, seu pulso funcionava fraco, suas pernas estavam em um ângulo muito esquisito, era um homem e ele estava todo ensangüentado, perdendo a consciência.
- Hey!! Fica aqui! Calma!!! Como é o seu nome?
Anahi havia feito um curso de enfermagem assim que saiu do orfanato e sabia como proceder nos primeiros socorros.
- Hugo... - conversar com a vítima era a melhor opção, assim não permitia que ela caísse na inconsciência.
- LIGA PARA O RESGATE ANABELLE!!!! - gritou e logo se virou para o homem novamente. - Me diz, quantos anos tem?
- 35...
- É casado? Tem filhos?
- Sim.. - respondeu fraco e tossiu em seguida. - Tenho 2 filhos...
- Como é o nome da sua esposa e dos seus filhos?
- Samantha... - suspirou, parecia doer muito. - Os meninos são Theo e David...
- Que nomes bonitos.. Me fale um pouco sobre eles?
- Annie! Temos que ir.. A ambulância já está vindo.. Se nos pegarem vão nos culpar..
- Eu sei Anabelle, mas não posso deixar ele assim aqui!
- Vamos logo Annie.. A ambulância já está vindo!
Anahi ficou confusa sobre o que fazer.
- Alguém já vira buscá-lo. Se mantenha acordado! Adeus!
Correu em direção ao carro, Anabelle já estava no banco no passageiro.
- Estou muito nervosa..
- Eu também... - respondeu sem pensar muito e logo arrancou com o carro. Ouvindo o som da ambulância chegando perto.

-/-

Dias depois, Anahi estava em sua casa, as memórias do acidente sempre vinham como flashs na sua cabeça, o que sempre a deixava muito atordoada. A campainha tocou e ela deu um pulo do sofá. Abriu a porta e se deparou com três policiais.
- Srta. Anahi Portilla? - um deles perguntou.
- Sim...?
- Você está presa! Algemem ela!
- O QUE???
- Homicídio culposo, que não houve intenção de matar, porém você não prestou socorro, o que o transforma em homicídio doloso.
- Mas deve estar havendo um engano! Como assim? - ela se debatia enquanto policiais brutamontes a algemavam.
- Você terá tempo para se explicar na delegacia..

-/-

Anahi já estava há algumas horas presa na cela da delegacia, andava de um lado para o outro e passava as mãos pelo cabelo comprido. Já haviam colhido suas digitais e ela não estava entendendo nada.
- Srta. Portilla? - o delegado a chamou. Anahi foi correndo até as grades. - O exame foi positivo... Você irá para a cadeia!
- O QUE? Olha, está havendo um engano aqui!
- Sinto muito.. Mas tudo bate... Em breve farão sua transferência...
- Como assim, tudo bate?
- O testemunho de uma pessoa que viu, as digitais no volante e no corpo da vítima.. Só havia você!
- Não!!! - gritou. Dois policiais chegaram perto do delegado.
Abriram a cela dela em seguida e a algemaram.
- Me larguem! Eu sou inocente! Foi um acidente!
Saindo em direção à porta da delegacia, o olhar de Anahi se encontrou com o de uma pessoa que não esperava ali.
- Belle! Me ajuda! Diga a eles que foi um acidente! - pediu chamando a irmã.
- Não posso Annie.. Sinto muito!
Anahi não entendeu nada.

-/-

Alguns dias depois Anahi usava já o uniforme da cadeia, branco com listras pretas. Seu cabelo castanho e enorme havia sido cortado na altura dos ombros. Passava dias e noites chorando sem conseguir entender o que havia acontecido.
- Visita para você Anahi...
Pulou rápido da cama dura e foi em direção à grade que estava aberta. A carcereira a algemou e a levou até a sala de visitas.
- Belle! - Anahi chamou, mas a irmã permaneceu imóvel.
- Annie... Perdão!
- Pelo que?
- Mas eu fiquei desesperada... Eu não quis fazer isso.. Mas tive que fazer...
- O QUE? - exclamou. Não poderia acreditar naquilo.
- Fui eu Annie.. Eu que contei de você para a polícia.
- COMO VOCÊ PODE????? - gritou e a carcereira já logo entrou, mandando que se acalmasse.
- Desculpa Annie... Não pude fazer nada... Ou era eu, ou era você.. E eu tenho uma filha pequena para criar...
- E ISSO TE DA DIREITO DE ACABAR COM A MINHA VIDA?????
- Eu... Sinto muito... - disse se levantando.
- EU TE ODEIO ANABELLE!!!!!!
A carcereira deu-lhe uma bofetada no rosto e guiou Anahi até a cela novamente, soltando as algemas.
Anahi esfregou o rosto onde a carcereira havia batido com raiva. Não podia acreditar que sua própria irmã a havia traído.
Daquele dia em diante, um sentimento novo tomou o coração de Anahi. Um sentimento forte e arrebatador, sabia que não sossegaria enquanto não tivesse cumprido sua vingança.

Bad TwinsWhere stories live. Discover now