Passado

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Anahi chegou no prédio de Poncho espumando de raiva. Queria encontrar Thomas e matá-lo com as próprias mãos por ter tido coragem de encostar na sobrinha. O odiava com todas as forças e só pensava em um jeito de acabar com a vida dele.
Tão absorta em seus pensamentos não percebeu que havia uma pessoa na sua frente quando abriu a porta do elevador, empurrando com força e trombando contra essa pessoa.
- Ai.. - colocou a mão na cabeça, ainda no chão. - Puxa, desculpa! - Anahi levantou-se e ajudou a moça contra quem havia trombado a levantar do chão.
- Sem problemas... - ela disse sorrindo. - Estava distraída!
- E eu também! - Anahi riu estendendo a mão.
- Prazer, Ruby! - ela sorriu.
- Anahi!
Ruby era uma moça muito alta e magra, tinha um estilo um tanto quanto exótico, os cabelos bem lisos com mechas vermelhas, tão comprido que chegava quase no quadril. Usava uma calça de couro colada e uma camisa branca larga, junto com uma faixa grossa, também vermelha, no cabelo.
- Ahhh Anahi... Já ouvi falar de você! É a moça que está morando com o Poncho né? - perguntou fazendo um bico.
- Sim! - Anahi respondeu um pouco sem graça.
- Devolveu o sorriso ao rosto dele... - ela sorriu. - Legal...
- Vocês são...?  - Anahi perguntou curiosa.
- Amigos! - ela respondeu prontamente. - Na verdade, quase primos! Fomos criados praticamente juntos, então somos da mesma "família"...
- Ahh... - Anahi respondeu sorrindo e sentindo um alívio em seu interior.
- Na verdade, meus pais são tão amigos dos pais do Poncho que fomos morar no Brasil também, junto com eles... Aí depois o Poncho e o Nando voltaram ao México e eu voltei só 2 anos depois... Sabe como é né?  Quando atingi a maioridade!
- Imagino! - respondeu, sem graça. As vezes ficava assim com pessoas que não conhecia.
- Mas e você? O que fez para conquistar o coração do Poncho? - perguntou sorrindo maliciosa.
Anahi deu risada.
- Nem eu sei... Só sei que ele gostou de mim e eu dele... A gente não explica isso do amor né? Simplesmente, acontece!
- Ahhhh.. O amor! - ela exclamou dando um giro. - Bom... Fico feliz por vocês! Meu apartamento é o 45, apareça lá qualquer dia!!
- Com certeza irei! - Anahi respondeu já gostando da idéia de ter uma amiga.
Ruby se aproximou, dando um abraço rápido em Anahi.
- Gostei de você! Mil vezes você do que a Sabrina! - ela fez uma careta colocando a língua para fora. - Preciso ir.. Bye Bye!!!
- Bye! - Anahi respondeu com uma pergunta encucada na sua mente. Quem era Sabrina?

-/-

- Baby! Cheguei! - Poncho falou entrando em casa.
- Aqui na cozinha! - Anahi falou e ele foi ao encontro dela, a abraçando de costas e depositando um beijo em seu pescoço.
- Vou ficar mal acostumado assim... Só comida boa gente! Olha esse cheirinho!!! A Anahi riu e o beijou nos lábios.
Logo após virou-se novamente e desligou o fogo.
- O que foi? Está pronto? - perguntou.
- Não... Na verdade, eu preciso te perguntar uma coisa...
Virou de frente para ele, colocando as mãos nos bolsos da calça e encarando o chão.
- Encontrei uma vizinha sua hoje... E ela me falou uma coisa que me deixou curiosa...
- Ruby... - ele bufou revirando os olhos. - O que aquela fofoqueira te falou?
- Não fale assim!  - Anahi reclamou. - Ela é uma pessoa muito legal!!
- Sei que é... Fomos criados juntos e sempre fomos melhores amigos! Adoro aquela pimentinha... Mas que ela é uma fofoqueira.. Ela é!
- Me falou sobre a Sabrina... - Anahi sussurrou e baixou os olhos de novo.
- A Sabrina não é uma pessoa com quem você tem que se preocupar Annie!
- Não me preocupo, lindo! - ela falou sorrindo de canto. - Eu só estou..... Curiosa!  Você sabe toda a minha história, por mais horrível que seja, mas eu não sei nada sobre o seu passado..
Anahi suspirou. Ainda faltava uma parte de sua história que a envergonhava tanto quanto a cadeia, mas Poncho não poderia saber ainda. Envolvia outras pessoas.
- Você tem razão... - ele concordou. - Já está mais do que na hora de você saber minha história... Vou te contar após jantarmos, tudo bem?
Anahi assentiu e voltou a ligar o fogo, enquanto Poncho foi tomar banho.

-/-

Jantaram rapidamente e em silêncio, que foi quebrado apenas por Poncho, elogiando a comida de Anahi, como fazia todos os dias.
Logo depois se dirigiram ao sofá, onde se sentaram e Poncho começou a contar sua história.
- Bom... Sabrina foi minha namorada durante três anos. Na verdade, éramos noivos na época que terminamos. - Anahi arregalou os olhos. - Nos conhecemos na faculdade e já logo nos tornamos muito amigos.. Sempre fomos muito parecidos...
Ele parou e revirou os olhos.
- Ou, ao menos, éramos muito parecidos... Nós já morávamos juntos também, tínhamos a vida como de pessoas casadas. E ela sempre implicou muito comigo por eu não ter comida decente em casa... Mas também não movia uma palha para mudar essa situação, apenas reclamava e falava que se engordasse e perdesse o corpo de modelo, o culpado seria eu!
Poncho revirou os olhos mais uma vez, bufando.
- Ela sempre foi muito fútil, porém eu só fui perceber isso quando já estávamos prestes a romper.. Enfim... Ela engravidou...
Anahi soltou um suspiro. Então, ele tinha um filho...
- Eu amei a idéia porque meu sonho sempre foi ser pai, mas ela... - ele passou as mãos no cabelo. - Ela surtou completamente... Disse que esse bebê não era planejado e queria iria tirá-lo, custasse o que fosse... - Anahi o encarou perplexa, como uma mulher poderia pensar assim? - E então foi a minha vez de surtar, claro!! Disse que não ia permitir que ela matasse aquela criança, afinal era meu filho também...
Poncho baixou a cabeça, e Anahi pegou na mão dele, dando forças para que ele continuasse.
- Ela me acusou.. Disse que eu era um egoísta por pensar assim, afinal não seria eu que perderia o corpo de modelo para gerar um filho... E eu fiquei mal, muito mal com tudo isso... Disse que ela era fútil e sem coração, por pensar assim do nosso filho..
Ele bufou mais uma vez, passando as mãos pelo cabelo.
- Foi uma briga muito feia... Gritamos, nos xingamos, surtamos... E daquele dia em diante eu soube que não queria mais nada com Sabrina.. Ela foi embora do meu apartamento revoltada, e minutos depois recebi uma ligação de um policial dizendo que ela havia sofrido um acidente... Havia sido atropelada e estava sendo levada para um hospital...
Lágrimas escorreram dos olhos dele, e Anahi as limpou, carinhosa.
- Cheguei no hospital e ela estava deitada na cama, acordada. Disse friamente que havia perdido o bebê, e que agora sim poderíamos continuar juntos sem nos preocuparmos com esse "empecilho".... - mais lágrimas caíram dos olhos dele. - Eu não acreditei que convivi tantos anos da minha vida com uma pessoa tão horrível... Então rompi com ela no hospital mesmo, dizendo que ela era pessoa mais frívola que eu conhecia, a deixei para trás e nunca mais nos falamos desde aquele dia... Dia que perdi meu filho, que mal descobri que teria, mas já o amava com todas as minhas forças...
- Poncho... Eu nem sei o que dizer... Eu sinto tanto.. - Anahi acariciou o cabelo dele, e ele deitou em seu ombro, deixando as lágrimas escorrerem.
- E hoje, depois de cinco anos... Falar sobre isso ainda dói tanto.... É como se cada vez que eu toco nesse assunto, meu filho é arrancado do meu coração... É uma dor tão grande Annie, você não faz idéia...
- Não faço idéia mesmo... Mas imagino... Perdão por fazer você reviver tudo isso!
- Não... Não precisa pedir perdão.. Você tem o direito de saber, afinal, você é parte da minha vida!
Poncho se levantou do sofá e foi até o quarto, deixando Anahi sem entender. Voltou segurando uma caixa nas mãos e sentou-se ao seu lado de novo.
- Olha, comprei isso quando descobri da gravidez... - ele mostrou um casaquinho branco de lã, tão pequeno que fez Anahi sorrir. - Nem tive chance de ver meu filho usando... Na verdade, nem tive chance de saber se seria menino ou menina... Ele simplesmente foi arrancado de mim, e eu não consigo seguir em frente... Não consigo esquecê-lo...
- Quem disse que você tem que esquecer, Poncho? - ela perguntou carinhosa, tocando o rosto dele. - Apesar de ter sido por pouco tempo, ele fez parte da sua vida... Você não pode e nem deve esquecê-lo... Era seu filho, meu amor!
- Você realmente aceita isso, Annie? - ele perguntou confuso. Sempre achou que quando contasse essa história para um futura namorada, a mesma iria se zangar e mandar ele esquecer o passado e viver o presente. Anahi era realmente uma mulher surpreendente em todos os sentidos.
- Claro que sim Lindo! Eu jamais pediria que se forçasse a esquecer seu filho, por mais que a mãe dele fosse essa pessoa terrível que você me contou... Sei que não pensa nela quando lembra do seu filho, e sim, apenas no bebê...
- Sim Baby... É apenas nele que eu penso! - ele suspirou.
- O que você não pode deixar é que o passado te impeça de seguir em frente e reconstruir a sua vida... Pensar em formar uma família... - ela acariciou a bochecha dele, e no mesmo instante ele a encarou.
- Você pensa em formar uma família Annie? - perguntou e ela corou.
- É com isso que eu mais sonho...
Ele apenas sorriu e junto seus lábios aos dela, dando-lhe um selinho carinhoso.
- Perfeita! - ele sussurrou acariciando o rosto dela.
- Lindo... - ele deu-lhe um beijinho na ponta do nariz, fazendo-a rir.
- Eu amo você Baby...
- E eu amo muito mais...
- Acredito que isso não seja possível...
- Pois eu tenho certeza de que é!
Ficaram nesse chamego e carinho até tarde da noite. Quando se levantaram para arrumar a cozinha, juntos.
- Não se esqueça que amanhã é o dia que iremos na casa do meu irmão...
- Claro que não esqueci lindo! - ela sorriu já lavando a louça.
- Ahh, e por via das dúvidas, coloque um biquíni por baixo da roupa.. - ela o olhou sem entender. - Meu irmão tem piscina em casa, e sempre damos um mergulho após o almoço nos dias quentes...
- Ok! - ela assentiu já sentindo vergonha por ficar de biquíni na frente do namorado e de sua família.

Bad TwinsOpowieści tętniące życiem. Odkryj je teraz