Capítulo 13 - Todo romance é Clichê

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- vamos da uma volta? - perguntei. Eu amo minha irmã, mas não estava nem um pouco a fim de ficar ali.

- é aniversário da sua irmã - disse como se fosse óbvio.

- eu sei, mas não estou confortável, Rosa é uma criança, nem vai dar nossa falta. Por favor Sara, prometo que voltamos antes do Parabéns! - fiz um biquinho infantil e ela suspirou sorrindo.

- tudo bem, mas só pelo biquinho - avisou e me deu um selinho rápido - vamos antes que eu mude de ideia.

Estávamos vagando pelas ruas sem um destino certo, não queria levar ela na praia porque o tempo estava meio frio, fiquei olhando a estrada enquanto dirigia calmamente e de repente tive uma idéia. Acelerei um pouco e em menos de cinco minutos estávamos em frente ao parque de diversões.

A última vez que eu estive em um lugar assim foi no meu aniversário de dez anos, e desde em tão eu nunca pensei que voltaria. Sara olhou pela janela soltou um sorriso lindo assim que eu abri a porta para ela sair. Seus olhos brilhavam e viajavam por todo lugar a nossa frente.

- olha, temos uma hora para ir a todos os brinquedos e voltar para casa antes do Parabéns da Rosa - avisei - então sugiro que comecemos agora.

Ela sorriu e eu peguei sua mão puxando ela para dentro do enorme pátio cheio de brinquedos, crianças e jovens.

- eu nunca vim em um lugar assim com uma garota, então você vai ter que me dizer o que fazer - comentei enquanto comprávamos ingressos - o que temos que fazer primeiro?

Ela sorriu e pensou um pouco olhando em volta.

- primeiro temos que ir na roda gigantes - me puxou em direção a fila - eu finjo que tenho medo de altura e você me abraça para me dar segurança - explicou - quando a roda parar e nos dois estivemos lá no alto você me beija.

- então hoje vai ser um passeio clichê em um parque de diversões? - perguntei brincando.

- sim, depois da roda gigante você tem que jogar aquele jogo de argolas e ganhar um urso de pelúcia pra mim, aí a gente vai comprar algodão doce e por último vamos dar uma volta no carrossel - Sara falou animada olhando nos meus olhos, não resisti e puxei-a tampando sua boca com a minha.

Logo chegou nossa vez e foi exatamente como ela falou que seria. Assim que entramos na cabine ela segurou minha mão e apertou com força.

- só para constar, a parte do medo de altura é real - falou olhando para baixo quando o brinquedo começou a girar. Eu a abracei de lado e Sara encostou a cabeça no meu ombro. Ficamos ali bem juntinhos apenas sentindo um o toque do outro e quando a roda parou ela me olhou com um sorrisinho no rosto e logo desviou para os meus lábios - vamos... - sussurrou impaciente e eu a beijei, beijei com todo meu amor.

- eu amo você... - falei sem pensar. Sara me olhou assustada e sorriu quando o brinquedo voltou a funcionar.

Quando você diz que ama uma pessoa o máximo que você quer é ouvir pelo menos um "eu também", mas eu entendo, estamos juntos a pouco mais de duas semanas. Acho que posso esperar um pouco mais antes de ouvir essas três palavras vindo dela.

- e agora? - perguntei enquanto abraçava-a de lado.

- você nunca viu filmes de romance? - perguntou.

- tem muito tempo que eu não vejo filmes Sara, tem muito tempo que eu não faço muita coisa...

Ela suspirou e pegou minha mão me puxando ate a carrocinha de algodão doce. Compramos e seguimos para barraquinha onde tinha o jogo de argolas.

- nossa Diego, você é muito ruim - Sara falou enquanto ria compulsivamente.

Eu estava tentando pela quarta vez e nada.

- falou a mira humana - revirei os olhos e tentei de novo.

- finalmente! - exclamou batendo palma. Pegamos o bendito urso e seguimos juntos um pouco mais a frente. Fomos na montanha russa e no carrossel - o que foi uma vergonha contando que éramos os únicos "adultos" no mesmo - e quando já estávamos indo embora, eu tive a brilhante ideia de fazer uma aposta.

- se eu conseguir acerta o que eu ganho? - Sara perguntou me olhando desconfiada.

- Se você acerta no alvo e eu cair na piscina eu faço o que você quiser, se você não conseguir vai ter que dormir comigo hoje. - expliquei com um sorriso malicioso.

- não mesmo! - recusou.

- qual é Sara, só quero dormir. Juro que não vou fazer nada - insisti - aliás, cadê a confiança que você estava esbanjando a um minuto atrás?

Ela pensou um pouco e concordou depois de um longo suspiro. Eu dei a volta no brinquedo e sentei no alto, em baixo de mim tem uma piscina cheia de água e caso ela consiga acerta o alvo eu vou ficar encharcado. Sara tinha três chances e assim foi, um, duas e eu já estava me sentindo vitorioso, sabia que ela não conseguiria e mesmo que eu estivesse morrendo de vontade de transar com ela, naquele momento só em ter ela do meu lado já valia a pena. Então sim, eu fiz a aposta sem segundas intenções... Ou não.

Eu estava distraído rindo dela e quando percebi já estava caindo na água. Olhei para ela que ria sem parar.

- você roubou! - gritei me aproximando. Eu estava todo molhado.

- claro que não! Pra você ganhar você teria que sair dali seco, o que não foi o caso.. - se defendeu - não importa se eu acertei o alvo jogando a bola ou se eu apertei com a mão... Não seja um mal perdedor!

- ótimo argumento! - falei irônico - vem aqui me da um abraço - ela tentou correr, mas eu fui mais rápido e puxei-a pra mim beijando seus lábios e deixando ela toda molhada também.

****

- tenho que trocar de roupa... - sussurrei enquanto entrávamos em casa pela porta dos fundos.

A casa ainda estava cheia de gente, mas pelo que eu e percebi o Parabéns já seria cantado e finalmente as pessoas iriam embora.

- não dá tempo... - Sara sussurrou de volta.

Entramos na sala bem na hora em que apagaram as luzes. Eu fiquei encostado no batente da porta, olhando minha irmã que parecia está muito feliz. Todos estavam lá, pelo que parecia meu pai tinha acabado de chagar da empresa e pela sua cara nem o aniversário da sua filha o deixava feliz.

As luzes logo voltaram a se acender, as pessoas voltaram a conversar entre si e quando meus olhos encontram os do meu pai pude ver a surpresa neles.
Nem eu acredito que estou aqui.

- estou com fome - Sara disse depois de um longo tempo em silêncio - vamos lá na cozinha... - pegou minha mão e seguimos juntos. Chegando lá ela pegou algumas besteiras da festa mesmo e guaraná, sentamos na bancada e comemos em silêncio, apenas trocando alguns olhares.

Tudo estava perfeito, eu tinha tido a noite perfeita, estava com a garota perfeita, mas de repente uma dor forte atingiu minha cabeça e tudo começou a rodar, meu estômago revirou e tudo que eu comi estava voltando. Sem dizer nada levantei do banco em que estava e corri escada a cima. Entrei no meu quarto as presas e vomitei tudo no banheiro. Quando acabei, levantei do chão e lavei meu rosto na pia. Olhei-me no espelho e respirei fundo...

- você está bem? - escutei Sara pergunta atrás de mim.

- estou, só preciso descansar - respondi na mesma hora que senti um calafrio percorrer meu corpo - amanhã a gente se fala Sara, preciso ficar sozinho - avisei tentando não ser grosso. O que pela sua expressão não deu muito certo.

Largar um vício não é tão fácil quanto as pessoas pensam, e se eu vou mesmo fazer isso vou precisar ser muito forte para lidar com as consequências.
O inferno está só começando.

A babá (COMPLETO)Where stories live. Discover now