20. Surpresas

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Visão Renesmee

"A porta estava apenas encostada.

- Jake? - chamei em um sussurro, entrando e deixando-a fechada. - Billy? - arrisquei.

   Nada. Apenas um tic-tac contínuo vindo do quarto de Jake. Apostaria que estava dormindo se a casa não estivesse tão silenciosa, além de saber que seus roncos sempre eram sua maior denúncia.

   Atravessei a salinha e o pequeno corredor escuro. Um tablete de madeira solto fez o mesmo ruído desafinado de costume, bem em frente ao quarto dele. Ninguém estava em casa. Billy devia estar zanzando por aí com meu avô Charlie e Jacob aparentemente tinha se atrasado da rota.

   Entrei no apertado quarto, onde já podia sentir seu cheiro almiscarado no ar. Sentei na ponta da cama, alisando o travesseiro com os dedos e imaginando-o dormindo ali. Era perturbador pensar em Jake nos últimos tempos. Havia algo de diferente nele que antes eu não costumava notar. Algo que me instigava, me viciava. Me pegava desprevenida pensando nele de forma inusitada e curiosa.

   Talvez Jacob não estivesse realmente atrasado. Quem sabe não era eu que tinha chegado cedo demais? A ansiedade incontrolável para vê-lo podia me ter feito chegar muito antes do horário habitual. E agora, estava eu aqui. Sem permissão, dentro de seu quarto, sentada em sua cama.

   Mesmo parecendo errado, sabia que Jacob não se importaria. Ele nunca havia traçado um limite ou estipulado uma barreira. Eu não sabia se era essa segurança alimentada ou a simples vontade de que os minutos corressem mais depressa que me fizeram levar a mão até a pequena gaveta de seu criado-mudo e abri-la.

   Era abusivo e eu devia estar me sentindo envergonhada por começar a mexer em suas coisas. Porém, a vontade de sentir os detalhes de Jacob era crescente e assustadora. Tudo que se referia a ele me interessava em um nível que até então eu desconhecia.

   Éramos apenas amigos e isso não me dava o direito de estar bisbilhotando seus papéis e imagens guardadas. De encontrar aquela mistura íntima de recordações, de sorrir ao ver fotografias soltas de um Jacob menor, em um álbum desvanecido. De vê-lo várias vezes, acompanhado de seu pai Billy e sua mãe Sarah. Crescendo em meio às duas irmãs e os inseparáveis amigos Embry e Quil. E de me demorar ainda mais naquelas em que eu aparecia ao seu lado. Em diferentes épocas, com variados tamanhos.

   Em meio a papéis rasurados e alguns clipes ligeiramente enferrujados, encontrei um bilhete que puxou toda minha atenção. Ele estava dobrado e as marcas fundas espalhadas pelo papel demonstravam que dedos nervosos já o tinham tocado. Contudo, o que realmente tinha me instigado fora a letra que reconheci como sendo a de minha mãe, estampando o nome Jake em seu exterior.

   A vontade de abri-lo era tentadora e a curiosidade em descobrir o que tinha escrito dentro daquela folha amassada era dona de uma proporção abundante. Mas, esse já era um tipo de invasão do qual eu me arrependeria e Jacob se ofenderia. A época de minha mãe com ele sempre fora um assunto perturbador a ambos. Então o bilhete permaneceu intacto e eu o coloquei no exato lugar onde estava antes, fechando a pequena gaveta antes que acabasse por fazer algo ainda mais inconveniente.

   Levantei-me da cama, caminhando em direção a estante pregada na parede oposta do apertado quarto. Varri meus dedos pelas capas dos CD's de Jacob, sentindo as arestas que cada uma possuía. Fechei os olhos, imaginando qual delas eu pegaria na sorte. Pausei o percorrer de minha mão, a fechando com firmeza em volta de uma. Retirei-a com cuidado do empilhado, com os olhos apertados e curiosos para descobrir qual seria.

Nessie & Jacob. Ardentemente.Where stories live. Discover now