9. Pressentimentos

12.2K 395 135
                                    

Visão Renesmee

Sentada no vazio, uma escuridão sombria me rodeava, onde os únicos sons captados por meus ouvidos eram das folhas secas sendo massacradas por minhas mãos e as batidas do meu coração descompassadas.

Eu sentia a terra umedecendo embaixo de mim, e leves gotas de chuva tocando sutilmente meu rosto.

Mas a escuridão continuava ali.

A chuva cedeu quando ouvi o som de uma forte chama acendendo atrás de mim, a escuridão foi cedendo juntamente com a chama que chamuscava agora em frente aos meus olhos.

No preto que ainda rodeava eu e o fogo, fortes batidas de coração berravam aos meus ouvidos, batidas que dessa vez não eram minhas.

Elas entraram em um ritmo frenético, afastando-se lentamente. O ritmo delas depois decaíram, ficando cada vez mais distante para eu ouvi-las.

Logo elas foram rompendo, diminuindo sua frequência, gritando agora em intervalos cada vez maiores.

Um último tum-tum compassou, e se perdeu no vazio.

Algo gélido tocou meu rosto.

- Nessie. - eu reconheci a aveludada voz.

Meus olhos se abriram e deram de encontro com o rosto marmóreo de meu pai.

- Desculpe ter te acordado querida. - ele fez uma pausa. - Você anda tendo muitos pesadelos.

- Eu sei. - minha voz saiu meio falha. - Parece um ciclo, e eu não entendo nenhum deles.

Ele beijou minha testa, me tranquilizando.

- São só sonhos, meu anjo. Venha, vamos preparar seu café.

Eu segui abraçada a ele até a cozinha. No caminho passamos pela sala, onde mamãe lia um livro, eu passei reto por ela como se sua presença fosse despercebida.

Me sentei à mesa, e comecei a preparar meu pão, enquanto papai me preparava um café.

Era perceptível meu mau-humor ainda estampado ali. Não por não ter acontecido do jeito que planejei, nem no momento que eu tanto ansiava. Mas por mamãe estar sendo irritantemente super-protetora. Às vezes eu me perguntava se era proteção, ou algum ciúme antigo que brotava ali. Eu pensaria isso, se não fosse pelo fato de hoje ela ter olhos apenas pra papai.

Me senti culpada ao lembrar que papai estava ali, escutando meus pensamentos idiotas.

Me desculpe. Pensei olhando seu rosto que fingia não ter ouvido nada daquilo.

Papai sorriu pra mim, escondendo qualquer vestígio de que estivesse escutando minhas baboseiras. Eu mesma quase acreditei na sua façanha.

O aroma do café me fez lembrar que eu estava na cozinha. Ele pôs a xícara com o café quente à minha frente, e enquanto eu gastei alguns segundos em pensamentos, papai já tinha deixado um banquete na mesa pra mim.

Comecei a abocanhar meu pão e tomei meu café lentamente. Papai sentou-se à mesa comigo, me fazendo uma companhia silenciosa.

Eu comia um mamão quando dona Isabella sentou-se à mesa também, ao lado de papai.

- Bom dia pra você também. - disse ela à mim.

A encarei sem humor nos olhos, e voltei os mesmos pra baixo, me concentrando apenas ao meu mamão.

- Filha... - ela hesitou por um momento e prosseguiu. - Por favor, não fique chateada comigo, eu sei que você não me entende.

Não tirei os olhos do mamão.

Nessie & Jacob. Ardentemente.Kde žijí příběhy. Začni objevovat