Menos mal pensei comigo. Ali continha muitas coisas que poderia me ajudar se eu me metesse em encrenca, nunca se podia prever as coisas então era bom se prevenir e como andar armada estava fora de cogitação então eu tinha que ter meus meios de me proteger ou ao menos retardar uma captura. Logo uma senhora entrou no quarto.

— Senhora, desculpe a demora eu estava ajudando uma outra senhora a se vestir, mas ela decidiu tomar outro banho em seguida de ter tomado um então eu me demorei peço perdão.

— Não tem problema, não estou desesperada.

Ela era rápida para ajudar a me despir e me senti insegura. Ela nem pareceu notar minha fina e pequena cicatriz ao lado do umbigo. Essa era a única coisa que poderia me ligar ao meu passado. Somente André saberia do que se trataria, já para Samuel saber eu teria que ter uma cicatriz vertical do ventre ao peito. Balancei a cabeça para deixar as lembranças longe e passei os dedos pelo cabelo para facilitar a lavagem.

—Se quiser posso fazer isso senhora.

— Não, pode deixar que eu faço.

Assim logo eu entrava na banheira, não parecia, mas eu estava bem cansada e a água me ajudou a relaxar. No canto do cômodo havia um cano com água constante caindo.

— Aquele cano ali?

— A sim bem... É para as esposas servirem seus maridos, alguns gostam de ficar com elas ali deixando a água escorrer pelo corpo.

— Essa água que cai é limpa?

— Sim senhora, é a água do desvio do curso ela passa pela calefação e cai ai morna o tempo todo.

Era uma ótima noticia, não iria precisar ter que pedir ajuda todos os dias para o banho. Depois de seca coloquei um vestido levemente pesado, estava anoitecendo e começando a esfriar. Depois de pronta sai para a direção do Quiosque.

Não tinha ninguém ali na sala e em lugar algum, então com certeza todas já estavam lá para o jantar.

Não podia estar mais certa. Uma imensa mesa havia sido preparada e na cabeceira da mesa estava Tiago, com roupas menos formais parecia até mais acessível com uma camisa simples cor cinza claro e uma calça de camurça azul escuro.

Seus cabelos castanho escuros e levemente compridos estavam despenteados pela brisa e a sombra de sua barba estava mais escura, estava mais bonito do que qualquer dia que eu já o tivesse visto ainda assim, aparências enganavam então fingi não ter percebido sua presença e me sentei no primeiro lugar vago.

— Está em meu lugar bonequinha.

Uma ruiva de olhos azuis intensos me encarava segurando um prato.

—São nomeadas as cadeiras?

— São sim, procure seu lugar que esse é meu flor.

Não era agradável ser chamada assim, ou era isso ou era o tom dela ao me chamar assim combinando ainda com a voz irritante, ainda assim tive que me fazer de tonta, fiz uma cara simpática e me levantei procurando meu lugar.

Ali estava, Diana escrito na cadeira em uma mesa separada da mesa deles, pelos vistos uma mesa colocada as pressas por não ter espaço para todas na mesa principal, sorri quando sentei, então era isso, eu o afrontei na frente de algumas meninas e agora recebia meu castigo.

Não é um castigo tão ruim assim pensei feliz por não ter que aturar aquelas garotas, logo se sentavam algumas meninas nas cadeiras vagas, e estavam visivelmente frustradas por serem deixadas de lado, uma pequena de cabelos castanhos dourados e olhos cor de avelã me olhou triste.

Tratado dos Párias- Príncipe CaçadorOnde as histórias ganham vida. Descobre agora