15. Broken Souls

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Eu ainda o sentia em cima de mim mesmo depois que ele já havia embora. Eu sentia seu gosto em minha boca mesmo depois de horas. Como quando você olha para o sol por muito tempo e fica cego por alguns minutos. Todos os lugares para onde eu olhava, eu o via. Eu caminhava pela casa atordoado. O fato de que minha mãe não estava lá, mais o fato de que eu havia ficado com um garoto em minha cama, me fez sentir o mais próximo de bêbado em dezessete anos de vida.

Quando eu deixei de pensar no que havia acontecido e comecei a pensar no que poderia acontecer, eu sabia que aquele era um território perigoso, e em minha experiência, nada de bom acontece nessa área. Todas as vezes eu eu ousei desejar algo em minha vida, parecia que o destino, assim como uma criança pequena e zangada, tentava me dar completamente o oposto ou não me dar nada. Em minha mente, esperança era uma ilusão como unicórnios e sereias, então quando meus pensamentos foram de o que havia acontecido para o que estava acontecendo, eu tentei pará-los.

Mas já era tarde demais.

Eu podia nos imaginar, dois garotos apaixonados secretamente pelas costas dos outros, todos os dias fingindo que não havia nada entre nós dois, mas durante as noites, estaríamos juntos de novo. Eu nos imaginei de mãos dadas no escuro de um cinema, sua perna pressionada na minha, nossos corpos silenciosamente passando mensagens um para o outro. No futuro, consigo nos imaginar sentados juntos, nós dois acomodados em um sofá confortavelmente macio, assistindo a um filme e dividindo pipoca. Eu sentiria o calor dele quando me inclinasse para beijá-lo, ignorando o filme completamente.

Eu me perguntei se poderíamos manter isso como um segredo por muito tempo. Quero dizer, ficaríamos nos olhando o tempo todo, sorrindo um para o outro. Apenas um idiota não perceberia o que estava acontecendo entre nós dois. Ele sendo um dos garotos mais populares da escola faz isso ser menos chocante do que eu imaginava. Ele poderia vir me pegar para me levar a escola, eu o veria durante o intervalo das aulas, e poderíamos almoçar juntos...

"Filho da puta!" eu disse, pulando da minha cama.

Levou pelo menos três horas para que eu me lembrasse que não havíamos terminado a conversa que começamos. A surpresa e humilhação vieram como um baque instantâneo, e minha raiva simplesmente reapareceu. Já que ninguém da minha família poderia comprar um celular, eu fui forçado a usar o nosso telefone antigo e ligar para Harry através da lista telefônica, como se fosse parte do plano de Liam para atrapalhar ainda mais minha vida.

Harry atendeu no terceiro toque. "Hey, eu estava me perguntando se você iria ligar," ele disse, o sorriso visível em sua voz.

"Você não me respondeu," eu disse, tentando ignorar o fato de que amoleceria se imaginasse seu sorriso.

"Sobre?" ele perguntou confuso.

"Sobre eu ser um ser humano," respondi, a raiva lentamente aparecendo em meu tom de voz.

"Eu concordo que você é um ser humano," ele disse, obviamente achando que aquilo era alguma piada.

"Estou falando sério."

"Eu também," sua voz se tornou mais séria. "Você é um ser humano." Depois de uma pausa, ele adicionou, "a menos que você seja um vampiro ou um lobisomem. Isso seria um pouco estranho. Você não é um vampiro ou um lobisomem, certo?"

"Estou falando sério," repeti, minha paciência se esgotando.

"Eu também!" ele disse, se divertindo com aquilo. "Devo admitir que tenho nojo de necrofilia e outras coisas bizarras como zoofilia. Mas mesmo assim, de qualquer forma, eu não sou muito normal. Quero dizer, qual é!"

"Harry," eu disse, interrompendo seu discurso.

"Sério, o que há de errado com esses filmes?" ele continuou.

Boys Don't CryOnde as histórias ganham vida. Descobre agora