3. Nice Lad, Good Little Body

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Quando finalmente despertei da hipnose que seus olhos me prenderam, comecei a traçar uma linha por suas bochechas rosadas, que se olhadas de perto e com atenção, escondiam pequenas sardas pálidas que deixavam sua pele muito mais perfeita com essas novas imperfeições. De suas sardas desci até seu maxilar perfeitamente delineado, tão afiado que parecia cortar qualquer coisa que encostasse ali. Depois segui para seu pescoço que estava metade escondido pelo colar da jaqueta, mas ainda era possível ver algumas veias grossas subindo pela extensão dele. A jaqueta cobria uma camisa branca de tecido fino que acentuava ainda mais seu peitoral bem definido ao invés de escondê-lo. A forma como o algodão parecia se afundar entre cada curva ali era praticamente como um pedido para ver o quão profundo eram os espaços entre seu abdômen. Enquanto vagava completamente alheio em meus pensamentos, senti como se a próxima coisa seria ver o que havia dentro da sua cueca.

Um sorriso involuntário surgiu em meus lábios, absorto na sensação de torpor que eu sentia apenas em admirá-lo. Pude senti-lo se alargando em minhas bochechas enquanto meus olhos diminuíam e a imagem de Harry parado em minha frente desaparecia aos poucos.

Por um segundo achei que fosse gozar ali mesmo.

"Você está bem?" Harry perguntou, me trazendo de volta para o mundo real.

Minha cabeça se ergueu tão rapidamente que um borrão se formou enquanto eu me lembrava que ainda estava parado no meio do corredor da escola com uma ereção debaixo do meu livro de história. "Sim," eu respondi quase sem pensar, não sabendo exatamente qual pergunta eu estava respondendo.

Obviamente ele não sabia também, porque ele inclinou a cabeça para o lado e perguntou, "Hum, sim para qual pergunta?"

"O que?" Eu perguntei, tão confuso quanto ele estava, como se isso fosse possível. E então o que quer que tivesse feito o mundo parar naquele momento simplesmente voltou ao normal, e o tempo começou a se mover normalmente de novo. "Sim," eu disse mais uma vez, agora com um pouco mais de convicção, seguido por um "Não" que eu não fazia ideia do que estava respondendo. "Eu quero dizer, eu não... O que quer dizer com 'ser inteligente'?" Pude ver a esperança dele que eu tivesse algum tipo de QI elevado desaparecendo aos poucos ao perceber que eu sequer conseguia formar uma sentença sem gaguejar. "Eu quero dizer, tem os espertinhos, e tem também, tipo, os que são muito bons em matemática, mas eu não sou lá essas coisas, então eu diria que mais ou menos. Mas se está falando sobre..." Parei de falar quando percebi que estava divagando novamente e que nada do que eu dizia parecia fazer sentido. Era como olhar para o sol por muito tempo e depois tentar ver as coisas ao seu redor, por mais que você tente, aquele brilho cego continuará te impedindo de enxergar.

"História," ele disse, me cortando. "Simon, o nosso treinador, ensina história, e você parece ser bom nessa matéria." Ele estava falando devagar e com pausas, como se estivesse falando com um retardado. "Você é?"

"Sim," eu respondi rapidamente, agora mais certo do que estava concordando.

Ficamos nos olhando por alguns instantes, como se ele esperasse que eu dissesse alguma coisa mais inteligente do que "sim" ou "não", e então ele deu de ombros. "Quer saber? Deixa pra lá." Observei sua expressão se fechar enquanto ele revirava os olhos e balançava a cabeça, parecendo decepcionado. Demorei algum tempo para reagir quando o vi se virando de costas para mim e começando a caminhar em direção ao grupo de jogadores escorados nos armários.

Como um trovão que se sucede ao relâmpago, meu cérebro finalmente enviou as informações processadas da situação para mim, e eu percebi o que tinha acabado de acontecer. 

1. Pela primeira vez alguém estava falando comigo naquela escola.
2. Não era apenas alguém, era Harry Styles, o capitão do time e garoto mais popular.
3. Ele me achava inteligente.

Boys Don't CryOnde as histórias ganham vida. Descobre agora