Boys Don't Cry

2. It Just Kind Of Happened

Eu sabia quem ele era, claro, todo mundo sabia.

Ele se chama Harry Styles e era um desses sortudos que sempre chamava a atenção quando passava perto de você no corredor. Ele joga no time de futebol da escola e toda as vezes em que me lembro de tê-lo visto antes de nos conhecermos formalmente, ele sempre estava usando uma jaqueta verde e branco com mangas de couro preto adornadas, e um grande C de capitão no peito, fazendo-o parecer um super herói perto de nós seres humanos normais. Ele não é perfeito, apesar de estar perto disso, mas é bonito o suficiente para fazer todas as cabeças olharem para ele ao mesmo tempo, e isso era tudo no qual ele precisava. Harry era o modelo perfeito para os atletas jovens, com seu cabelo castanho cacheado, olhos esverdeados e traços faciais fortes. Sua beleza era hipnotizante, e isso o tornava irresistível.

Ele deve saber o quão popular ele é, mas Harry nunca exibia isso como troféu enquanto conversava com as pessoas. Havia certa seriedade em sua personalidade, o me fazia gostar ainda mais dele, não só por todos os atributos que o universo já tinha dado a ele. Eu não conhecia ninguém que não gostasse de quem ele era, ou que falasse mal das regalias que ele ganhava na escola por estar no time. Normalmente pessoas como Harry seriam invejadas e odiadas pelas costas em troca de toda a glorificação que receberiam, então eu falo sério quando digo que as coisas não eram assim quando se tratava dele. 

Era como se ao invés de humilhar a todos ao seu redor lembrando-os de como ele era superior, Harry compartilhava isso de alguma forma, como quando sua popularidade aumenta um pouco mais sempre que você é visto conversando com ele. Eu, claro, nunca conversei com ele, mas uma vez almocei perto do grupo de pessoas que sempre está atrás dele seguindo pelos corredores. Para mim, ficar perto dele era praticamente como conversar com a realeza, já que a maioria das pessoas pareciam famintas para ouvir o que ele tinha a dizer. Não importa qual seja o assunto, era como se ele conseguisse fazer da conversa mais sem graça do mundo, algo tremendamente interessante e fascinante. De todas as coisas pelas quais ele era conhecido, sua voz era a principal delas, bastante diferente das vozes dos outros garotos que eram repletas de inseguranças. Ela era tão rouca e profunda que poderia ser reconhecida no meio de uma multidão, e não importa onde ele esteja dentro de uma sala, a voz dele exige atenção.

E foi por isso que, quando eu o vi se aproximando, eu quase gritei.

Eu estava caminhando pelo corredor como eu normalmente fazia, concentrado apenas em sair do prédio sem perder muito tempo. Ficar passeando pelos corredores da escola não é algo fácil, e eu ainda me pergunto quem achou que colocar tantas pessoas juntas em um lugar tão pequeno era uma ideia boa. Eu tinha apenas dez minutos para correr até meu armário, pegar meus livros para as próximas aulas e ouvir alguma fofoca indiretamente das garotas ao lado antes de ser tarde demais. Se eu não fosse cuidadoso, poderia ser empurrado mais vezes do que se estivesse em uma partida de futebol entremeio a torcida vibrando com um gol. Eu tinha adquirido a habilidade perfeita de passar por um corredor tumultuado sem que soubessem que eu estava lá. Então, quando eu vi um par de tênis converse vindo em minha direção, eu tentei desviar rapidamente para evitar a inevitável colisão dos nossos corpos.

O par de sapatos se moveu para o lado oposto enquanto suas mãos se erguiam no ar para me parar, ao mesmo tempo em que tentei frear meus passos. Foi apenas no momento em que o ouvi dizer um "Hey" que ergui meu olhar e, mentalmente, me esqueci de tudo ao meu redor.

Não tem nada pior do que seu corpo reagir a alguém antes que seu cérebro sequer reconheça a pessoa. É uma resposta Pavloviana que explica quando você corre automaticamente para os braços de quem gosta, mesmo que ainda não estivesse preparado para isso. É como um ímã que te puxa para a outra pessoa, e independente de qual sistema autônomo seu corpo tem para manter-se em pé e trabalhar para não cair, é inevitável que você não tropece quando sente que seus sapatos ficaram três vezes maiores do que o normal.