Capítulo VINTE SETE

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— Anastásia, vai mais devagar.

Não é um pedido, é uma ordem. Mas eu não obedeço, e sem tirar os olhos da estrada, eu piso com mais intensidade sobre o acelerador aumentando a velocidade para 145 km/h. Christian não está no controle, e ele não suporta isso. Dá para se notar de longe sua expressão de poucos amigos, como quem está prestes a me tirar do volante e tomar a direção do carro na base da força bruta. Mas ele não faria isso. Ele não se colocaria em risco. Ele não me colocaria em risco. O pensamento me anima. Me aproveito disso para provoca-lo.

— Não gosta de velocidade, Senhor Grey? — pergunto, me aconchegando ao banco de couro macio.

— Não quando é você quem está no comando.

Eu rio com os olhos fixos na estrada.

— Você está seguro comigo.

Eu pisco para ele antes de diminuir a velocidade e fazer uma curva, girando o volante com a tranquilidade e habilidade de uma profissional. Por um momento me sinto verdadeiramente uma piloto de corrida. A sensação é ótima. Tão boa quanto estar no controle de uma Ferrari importada.

— Este tópico não está aberto a discussão, Senhorita Steele. — ele está me repreendendo, mas em sua voz há um traço de orgulho e admiração.

Eu estou rindo outra vez.

— Isso significa que está me dando um voto de confiança.

— Isso não é uma pergunta. — diz conciso.

— Eu sei. É uma constatação. — afirmo, sorrindo radiante ao sentir uma estranha sensação de déjà vu me tomar.

— Eu já ouvi isso antes. — ele garante.

— Já?

Eu tiro meus olhos da pista por um instante apenas para contemplar o seu primeiro sinal de sorriso desde que eu comecei a dirigir.

— Já estamos chegando? — ele muda de assunto.

— Quase lá.

Graças a Ferrari, não demora mais do que meia hora para eu estacionar no gramado de frente para a enorme casa de madeira. Um jardim esplêndido coberto por flores do campo deixa a paisagem semelhante a uma pintura. Margaridas, girassóis, cravinas, orquídeas e lírios de um lado, gardênias, hortências, tulipas, copos de leite e jasmins do outro. E dos dois lados há rosas. Muitas rosas. E tem outras espalhadas pelo extenso gramado ao redor. É por isso que eu gosto de vir aqui. É um verdadeiro festival de flores. Tão coloridas e perfumadas. Eu salto do carro e vou para o lado de Christian que sai logo em seguida. Diferente de Savannah, Hinesville é um lugar bem mais fresco. Uma das vantagens de estar longe da cidade. Eu inspiro profundamente e o ar puro e límpido do campo invade minhas narinas enquanto eu entrego as chaves a Christian.

— Que lugar é este? — pergunta, olhando ao redor.

— Digamos que... É um lugar muito especial pra mim. — respondo, sorrindo como uma tola.

Sem mais questionamos, ele toma minha mão e me segue pela pontezinha de madeira que dá um charme a entrada. Conforme nos aproximamos, eu avisto uma cabeleira ruiva e despenteada infiltrada em meio as rosas vermelhas. Está distraído, focando em seu trabalho.

— Sempre concentrado, né, Ryan? — eu digo quando Christian e eu já estamos consideravelmente perto.

Ele se sobressalta, retomando a postura do corpo e virando-se de imediato na minha direção. Seus olhos se expandem quando ele me vê.

— Ana? — ele soa surpreso e animado. — Achei que só te veria mais tarde. — acrescenta, deixando a grande tesoura de poda de lado, levantando-se e retirando as luvas de jardinagem.

Cinquenta Tons de Steele - INDOMÁVELWhere stories live. Discover now