Capítulo VINTE

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— Eu te avisei. — o doce e macabro sussurro, que desperta o medo mais intenso em mim, me faz abrir os olhos repentinamente.

Meu coração pulsa assustado. Um quarto extremamente branco e muito iluminado é a primeira visão que tenho antes de meu olhar ser direcionado para uma maca ao lado de aparelhos hospitalares. Estou em um hospital. E há um corpo em cima da maca. Um corpo sujo e ensanguentado aparentando estar em estado de decomposição. Por instinto eu recuo, mas o sentimento de dor e curiosidade me faz avançar. Vendo mais de perto, eu descubro que o corpo sangrento... É de Christian! Minha boca se abre em horror. Ele está com a cabeça sangrando e toda ralada. Há hematomas e arranhões por todo o seu corpo. Mas o que me deixa mais assombrada é a enorme mancha de sangue em seu abdômen visível através da roupa de hospital. Lágrimas de pavor escapam dos meus olhos, e tremendo, eu levo minha mão ao seu peito. Não há batimentos. Ele está morto.

Inconformada com a ideia, eu me jogo sobre seu corpo, abraçando-o desajeitadamente na esperança de que ele adquira o calor da vida. Mas nada acontece. Em desespero, eu deixo minhas lágrimas escorrerem livremente enquanto tento a todo custo acorda-lo. Dou dois tapinhas em sua face, chamando por ele como se a qualquer momento ele fosse abrir os olhos e me responder. Como se eu não soubesse que ele está... Morto.

Não. Não. Não. Não. Não. Ele não está morto... Ele não pode estar morto! A súbita ideia de nunca mais poder olhar em seus olhos cinza me causa extrema dor. Como se meu coração tivesse sido esmagado e dilacerado com a pior dor possível. A dor da perda.

— Christian... — sussurro com a voz embargada pela intensidade do choro. — Christian, meu amor, acorde. Acorde! — eu tento sacudi-lo. — Eu não posso te perder agora. Por favor, acorde... Volte pra mim. Não me deixe! Por favor... — minha voz é de pânico e desespero, enquanto encaro seu rosto agora sem vida. — Christian? Christian? — minhas lágrimas escorrem sem pudor. — Christian, por favor... Por favor, volte pra mim... Eu... — engulo em seco. — Eu preciso de você... Eu... Eu te amo. — sussurro em voz rouca e falha.

E como se atraída por minhas palavras, uma forte e gelada corrente de ar, corta o quarto, fazendo-me me encolher de frio e olhar para trás a procura da origem do vento. Mas o que vejo só me deixa ainda mais apavorada.

"Eu te avisei."

Está escrito na parede oposta a mim. Com sangue. Sangue do Christian.

Lágrimas descontroladas jorram dos meus olhos.

Eu não devia tê-lo deixado se aproximar de mim.

Ele está morto.

E a culpa é minha.



— Ana, Ana, Ana! Acorda! A tia Kate mandou você levantar! — a voz infantil e doce de Sean me desperta de volta a segurança da realidade.

Internamente eu tremo. Não posso demonstrar meu estado pra ele, penso, enquanto me sento desajeitadamente na cama.

— Sean, meu amor... — sussurro, envolvendo-o em um abraço forte, buscando forças em seus pequenos braços que retribuem meu gesto suavemente. — Você pode chamar a tia Kate para mim? — peço, assim que nos afastamos. Ele me olha com a testa franzida.

— Está tudo bem? — pergunta com suspeita e preocupação. — Você parece triste...

Agito minha cabeça tentando manter a calma. Buscando no mais profundo do meu ser o resto de controle que ainda tenho.

Cinquenta Tons de Steele - INDOMÁVELWhere stories live. Discover now