Capítulo QUINZE

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"Minha vida... Minha vida... Me faz querer fugir, mas não há lugar pra ir... Não há lugar aonde ir... Toda essa confusão é uma ilusão, tipo um filme... E não tenho para onde ir... Nenhum lugar pra correr e me esconder... Não importa o quanto eu tente..."

A porta da casa se abre e eu entro na mesma, carregando sacolas de compras. De repente, me vejo numa casa bonita e grande, mas não é minha casa, é uma casa que eu nunca vi em toda minha vida. O mais estranho é que meus movimentos acontecem automaticamente, sem minha autorização. O que está acontecendo? Estou presa em meu próprio corpo? Mas... Se não me movo por vontade própria... Quem está me controlando? Antes que possa analisar meu delírio, minha atenção é atraída para o ambiente interno da casa. Tem quadros psicodélicos por todas as paredes verde musgo, parece ter uns três andares, e há desenhos coloridos, semelhantes a desenhos rupestres, espalhados por todo o lugar. Um barulho faz minha atenção se voltar a uma longa escadaria na qual vejo Christian descendo com um bebê no colo e em seu encalço percebo muitas outras crianças com os olhos cinzas. Eu abro um enorme sorriso e vou cumprimenta-lo com um caloroso... Beijo. BEIJO?

— Querida, que bom que chegou! Nossas crianças estão impossíveis esta manhã! — Grey diz agitado. Querida? NOSSAS... CRIANÇAS?! O QUE?! Que palhaçada é essa?!

Calma aí... Christian Grey sendo gentil? Desenhos pela casa? Crianças de olhos cinza... OH MEU DEUS! Essas crianças são...

— Mamãe!

As crianças começam a berrar, resmungar, murmurar, falar... Tudo ao mesmo tempo. Eu mal tenho tempo de assimilar e me vejo andar de lado para o outro, acalmando-as uma a uma até que todas estejam devidamente quietas. Em seguida, olho envolta sorrindo de lado ao vê-los devidamente quietos e distraídos.

— Crianças, comportem-se! Estão deixando o pai de vocês maluco. — eu digo com um suspiro exausto.

Oh Gosh! O que estou fazendo? O que estou dizendo? Espera um pouco...Se essas crianças são meus filhos... Christian Grey é meu... Meu marido?! O que está acontecendo?! Isso só pode ser um pesadelo! Um beliscão resolve, certo? Ok, lá vai... Um, dois, três... 'Tá, por que eu não consigo acordar? Por que eu ainda 'tô nessa casa? Por que estou sorrindo igual uma idiota para o Grey? Isso não está certo! Isso é loucura!

— Você está bem, meu amor? — Christian me olha com uma das sobrancelhas arqueadas. Ele. Me. Chamou. De. Amor? Eu PRECISO sair daqui!

— Estou ótima, querido. Agora tome conta das crianças, eu vou preparar o almoço e depois irei lavar e estender a roupa. — Digo ternamente, depositando um beijo em sua bochecha.

Eu acabei de dizer que vou fazer o que?! Essa monstra que é idêntica a mim que chamou o Christian de querido, NÃO SOU EU! E que história é essa de lavar a roupa? Eu não sei lavar roupa! Meu corpo, possuído por um espírito maligno que chama o Grey de querido, segue para uma cozinha bem espaçosa com paredes cor de laranja. Uma cozinha bem moderna. Me vejo guardar as compras, deixando de fora, tudo o que pretendo usar para fazer o almoço. O que estou fazendo? Pego uma panela, e, assim que faço menção de coloca-la em cima do fogão, braços rodeiam minha cintura. Me assisto sorrindo automaticamente. Christian me vira para ele e me senta na bancada, no meio da cozinha, ficando entre minhas pernas. Coloco a panela no balcão, abrindo um sorriso ainda maior.

— As crianças estão distraídas na sala de TV... Tem um tempinho pra mim?

Não. Não. Não e não! Eu sei que tipo tempinho você quer ter... Você é maligno Grey, MALIGNO! Por que eu não chuto ele e me mando daqui? Por que eu estou entrelaçando os braços no pescoço dele? Cadê as benditas crianças para atrapalharem isso? CADÊ? Argh!

Cinquenta Tons de Steele - INDOMÁVELWhere stories live. Discover now