Capítulo ONZE

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- Ana, eu não vou falar mais nada, você sabe exatamente onde está se metendo. - diz, andando para um lado. - Mentira, eu vou falar mesmo assim. Você não pode fazer isso!- exclama, dando meia volta e andando para o outro lado. - Você... Você... Você não pode fazer isso! Não pode!

Kate está transtornada. Já faz mais de meia hora que ela está andando de um lado para o outro, gesticulando exageradamente e citando razões para eu nunca mais querer ver o Christian, enquanto eu estou sentada no sofá deixando-a falar pelos cotovelos como se tivesse prestando atenção. Eu contei a ela sobre o quarto medieval da tortura de Christian, o que só a deixou ainda mais horrorizada. Eu sei que disse a Christian que não iria contar nada a ela, mas Kate é minha melhor amiga, ela esteve comigo em todos os altos e baixos da minha vida, ela sabe de toda a minha vida, então não tem motivos para esconder isso dela. Mas agora eu sou obrigada a aturar sua "sessão sermão". Acredite, suas razões para me deixar longe de Christian são bem convincentes, mas mesmo assim ainda quero vê-lo. Na verdade, isso só me dá ainda mais vontade de vê-lo. Eu tenho sérios problemas... Argh! Estou tão fora de mim. O contrato está a minha frente, jogado sobre a mesa de centro desde que Kate terminou de lê-lo e começou com seu incessante falatório. Minha cabeça está zumbindo. Eu não posso realmente levar a sério essa proposta... Ou posso? "A submissa deve servir e obedecer o dominador em tudo." Sacudo a cabeça com descrença. É de fazer rir. Eu não obedeço nem as regras de transito!

- Anastásia, você está me ouvindo? - Kate me tira de meu devaneio.

- Não. - murmuro entediada.

- Não acredito que esteja considerando assinar isso! - exclama incrédula. - E o que acontece com seus valores morais e éticos, Anastásia? Seu amor próprio? O que acontece com seus princípios?

Deixo escapar uma risada sem ânimo.

- Kate, você melhor que qualquer um, sabe que eu não sei o que é isso há muito tempo. - dou ombros.

Ela balança a cabeça intrigada.

- Eu não posso acreditar que estou ouvindo isso!

Olho-a com minha melhor expressão de deboche.

- E eu não sei porque está surtando tanto. Foi VOCÊ mesma quem mandou eu ficar com o Grey, e se eu bem me lembro, você disse que ele gosta de mim. - ironizo, e Kate balança a cabeça como se estivesse desconcertada com a situação.

- É! Eu sei o que eu disse, mas... Isso foi antes deu saber que ele é possivelmente um doido! - afirma, me olhando como se fosse óbvio. - Eu sabia... Sabia que havia algo de errado com ele! E suponho que você e essa sua cabecinha de minhoca tenha gostado disso. - diz com uma mistura de deboche e apreensão. - Ana, pelo amor de Deus, eu não posso imaginar você... - ela se contém. - Eu não quero acreditar na possibilidade de que você possa aceitar isso!

Abaixo a cabeça, não quero discutir. Eu quero decidir entre o certo e o errado, mas meu cérebro e meu corpo não entram em consenso. Eu tenho atração pelas coisas que pessoas com um pingo de juízo repudiariam. E o pior... Eu tenho vontade de brincar na sala de jogos do Christian... Mas não do jeito que ele quer. Não quero ser uma submissa. Aliás, eu nunca fui uma boa submissa... Na verdade eu era péssima... Oh... Sinto que meu passado está vindo a tona... E eu não sei se realmente quero isso. Não sei se sou capaz de embarcar em uma loucura novamente. Porque sei exatamente onde isso pode terminar... Na minha ruína...

- Ana você precisa ficar com alguém que te ame, que te olha nos olhos com ternura, que te lembra o quanto você é linda e que te beija sem se importar com o quão gostosa você seja... - seu tom é repreensivo e ao mesmo tempo suave. - E não com um cara que quer te açoitar, inventa regras ridículas e ainda por cima te proíbe de toca-lo e olha-lo nos olhos! - adiciona com certa revolta. - Você não vê que ele só te quer fisicamente?

Cinquenta Tons de Steele - INDOMÁVELWhere stories live. Discover now