Capítulo DOIS

6.2K 218 26
                                    

Ele se lembra. Ele se lembra. Ele se lembra... ELE. SE. LEMBRA!

O elevador chega ao andar térreo, e eu desço assim que as portas se abrem. Corro para as largas portas de vidro, e por fim estou livre no tonificante, e limpo, ar úmido de Seattle. Eu fecho meus olhos e tomo uma profunda e purificante respiração sentindo respingos de chuva me atingirem. Livre. Finalmente livre. Ótimo, preciso de um táxi. Mais que rapidamente, faço sinal para um táxi que vem na rua, fazendo o mesmo parar a minha frente na beira da calçada. Assim que me acomodo no banco de trás, dizendo ao motorista para ir ao aeroporto, começo inevitavelmente a me lembrar da entrevista... Da ameaça... E de Christian. Certo, eu mal posso acreditar que estive de frente com um cara que conheci a um mês atrás. E o pior: ele também se lembra de mim. Ele se lembra! Oh Gosh! Ele é ainda mais atraente de terno. E também é confiante, autoritário, à vontade consigo mesmo, mas por outro lado, é arrogante, e por todos os seus modos impecáveis, ele se mostra um ditador frio. E é claro, não posso me esquecer do principal... Bipolar. Extremamente bipolar. Bem, pelo menos a segunda vista. Oh meu Deus! Isso foi uma experiência muito estranha, e, sinceramente, eu não estou nem um pouco a fim de ter uma terceira vista dele. Eu não quero e nem vou vê-lo novamente. Fico imediatamente alegre pelo pensamento.

Assim que o taxista avisa que chegamos, pago o mesmo e desço, entrando no aeroporto e seguindo para a fila de check-up. Quarenta, entediantes, minutos depois, eu estou confortavelmente sentada na poltrona do avião. Coloco meus fones e ligo o play do MP3 colocando o volume bem alto, me encosto, e ouço o estrondoso rock alternativo invadir meus ouvidos. Preciso relaxar. Dormir. É o que faço durante a pequena viagem inteira.

Vancouver, Portland, Washington, um pouco mais tarde. Cinco e trinta e oito da tarde... Ou quase isso...

Passo pelo portão de desembarque e sigo para fora do aeroporto parando na calçada de frente pra rua. Ok, hora do táxi de volta pra casa.

Kate e eu vivemos em uma pequena comunidade de apartamentos dúplex em Vancouver, Portland, Washington, perto do campus de Vancouver da Universidade Estadual de Washington. Eu tenho sorte dos pais de Kate terem comprado um lugar pra ela, e eu pago uma miséria, muito pouco mesmo, pelo aluguel. Isso já faz uns quatro anos, eu acho. Não tenho uma boa memória.

Quando o táxi para, eu começo a pensar no inevitável interrogatório da minha amiga. Eu sei que ela vai querer que eu conte tim-tim por tim-tim da entrevista, ela é insistente e muito persistente. Bem, pelo menos ela tem o mini-gravador. E eu espero que eu não tenha que elaborar muito além do que foi dito durante a entrevista. Pago o taxista e sigo para o apartamento. E, aqui vou eu...

- Katherine Kavanagh sua vadia miserável, eu vou te matar! - fecho a porta, anunciando minha chegada.

- ANA! Você voltou. - Kate grita sentada em nossa sala de estar, cercada por livros. Ela está claramente estudando para as provas finais, entretanto ainda está de pijamas de flanela rosa, decorado com coelhinhos fofinhos, aquele que ela reserva quando acaba com um namoro, quando está doente, ou quando está deprimida. Ela se levanta, pula em cima de mim e me abraça apertado, esmagando meus pobres ossinhos. - Eu estava começando a me preocupar. Eu esperava que você voltasse mais cedo. Por que demorou tanto? E aliás, por que quer me matar?

- Eu tinha um bom motivo pra te matar, mas o seu abraço esmagante me fez esquecer. - digo, tentando parecer enfezada enquanto Kate apenas ri. - Mas olha, eu acho que compensei o tempo considerando que a entrevista funcionou. - aceno com o mini-gravador para ela, sorrindo sacana.

- Oh Ana, muito obrigada mesmo por fazer isso. Eu fico te devendo, eu sei. E como foi? Como ele era? É mais bonito pessoalmente? Conte-me tudo e não me esconda nada!

Cinquenta Tons de Steele - INDOMÁVELOnde as histórias ganham vida. Descobre agora