Capítulo XXVII - Fantasma

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~ Uma semana após a volta de Ana ~ 27 de agosto de 2012 ~

- Então já está tudo certo para abrirmos mais uma filial? - Questionei enquanto lia superficialmente um documento que mostrava que um novo prédio já estava pronto para ser aberto.

- Sim, Senhora. Tudo certíssimo. Outra loja oficial Rosa de Aço que inaugurará aqui em Seattle. - Lyan comunicou enquanto me olhava.

- Ótimo. Quando será a inauguração? - Indaguei agora olhando para ele.

- Será neste sábado. Teremos coquetel e banquete, música ao vivo, tudo completo.

- Isso soa muito bom. Obrigado, Senhor Becker. Caso eu precise saber de algo, é só me comunicar, ok? Lógico, desde que seja importante. Mais algum assunto a tratar?

- Sim. Parece que a filial da Espanha está tendo problemas. A diretoria está em conflito com os funcionários. Ligaram de lá na semana passada pedindo que alguém fosse resolver o problema, e praticamente imploraram para que fosse a Senhora a ir, pois é a CEO oficial. Como semana passada a Senhora ainda estava afastada, eu lhes pedi para que esperassem um pouco mais até a sua volta.

- Fez bem. Eu quero que você telefone para o meu sogro e diga a ele que vou precisar do jatinho da empresa para quarta-feira, para ir até a Espanha. Ele deverá ficar sob minha disposição até sexta que é quando eu irei voltar. Tome providências de tudo e ligue para o Diretor de lá para lhe contar sobre minha ida. Quero que reúna todos os funcionários administrativos para conversarmos. Também quero que procure um hotel para eu me hospedar que fique próximo a empresa, e não se preocupe com o preço.

- Mas alguma coisa, Senhora? - Questionou ele erguendo seu olhar da prancheta que carregava para mim.

- Não, Senhor. Pode ir. - Finalizei lhe lançando um sorriso sem mostrar os dentes.

- Licença. - Pediu já se levantando. Retirou-se silenciosamente e saiu pela porta.

Movi meus olhos para alguns modelos de roupas que uma estilista acabara de me enviar. Queria ser patrocinada pela minha empresa. Eram lindos, e eu já havia escolhido um para ela fazer exclusivamente para mim. Abri meu e-mail e comecei a escrever uma mensagem para ela justamente para encomendar o vestido quando ouvi batidas na porta. Lyan colocou apenas a cabeça para dentro.

- Senhora, tem visita. - Comunicou ele.

Visita para mim? Estranhei.

- Pode mandar entrar. - Então voltei minha atenção para o computador. Terminei de escrever e enviei o e-mail. Quando levantei a cabeça, tive uma grande surpresa. - Christian? - Indaguei sorrindo, mas ainda muito pasma.

Ele estava tão bonito com um belo buquê de margaridas coloridas nas mãos. Sorria timidamente, parecendo deslocado no espaço.

- Olá, Ana. - Cumprimentou-me, fazendo meu sorriso crescer ainda mais.

- Que surpresa boa. - Levantei da mesa e fui até ele, que me entregou o ramalhete de flores e se inclinou para me beijar a face. Trocamos beijinhos no rosto e eu lhe convidei a sentar na cadeira de frente para minha mesa.

Assim que me assentei, interfonei para Lyan vir até minha sala. Assim que este apareceu, lhe pedi que colocasse meu buquê em um vaso e que trouxesse para que eu o colocasse em algum lugar. O secretário prontamente atendeu meu pedido e saiu levando as flores.

- Gostou das flores? - Christian questionou ainda muito acanhado. Estranhei aquilo por não está acostumada a esse tipo de comportamento vindo dele.

- São lindas, e irão combinar perfeitamente com o meu escritório. - Sorri abertamente para ele, que meu devolveu de uma forma sincera.

- Estava nervoso sobre vir aqui. Não queria que se irritasse comigo ou que achasse que era muita presunção da minha parte, ainda mais depois de três meses. - Explicou, agora parecendo aliviado por contar aquilo.

- Que nada. Você foi um amigo tão bom comigo, que se eu te tratasse mal depois daquele dia, eu seria a pior pessoa do mundo. Aliás, muito obrigado por ter me ajudado. Foi muito importante você ter ido lá em casa. Depois pensei em como você se arriscou, mesmo com o risco de eu te repelir, mas ainda assim você foi determinado. Obrigada mesmo. - Alcancei sua mão que estava sobre minha mesa e a acariciei, amigavelmente.

- Não precisa agradecer, eu só queria te ajudar. - Acariciou minha mão. - Mas então... Como andam as coisas por aqui? - Questionou interessado. Fiz uma careta para ele.

- Nossa. Tá uma loucura. É muita filial sendo aberta, problemas internacionais e nacionais. Ai... - Cocei meu pescoço em agonia. - Muitos problemas para uma reles humana feito eu. - Dramatizei um pouco fazendo o Grey rir.

- Que te vê falando assim, pensa que é um martírio, mas garanto que não é tão ruim assim, é?

- Não, mas estou com medo, sabe? Vou ficar sob a direção do Rosa de Aço só por alguns meses. Depois vou ter que administrar as empresas do Robert. Estou insegura demais para falar a verdade. Aquilo lá não é algo com o qual eu sabia mexer. - Desabafei. Christian sorriu de mim. - Hey, não ria de mim. É um dilema, tá?

- Você está com medo exatamente do quê? - Questionou inclinando-se sobre minha mesa, cruzando as mãos em um gesto profissional.

- Hum... - Pensei. - Bom. Acho que não quero assumir a direção da R.P Travell. Sei que não irei dar conta. Mas também avalio pelo lado dos meus filhos. Sei que se caso eu assuma, meu tempo com eles vai diminuir consideravelmente, sem contar as viagens. Não quero ficar longe deles. Você consegue me entender? - Olhei para ele, com desânimo. - Se com esta empresa já fico longe deles pela manhã e metade da tarde, imagine quando eu assumir algo que é muito maior. Não quero nem pensar na hipótese de abandonar meus bebês.

- Pensando por este lado, você está certa. Mas pelo que me falou, você irá assumir a presidência da empresa. Por acaso Robert passou ela para o seu nome?

- Sim. Ele deixou no testamento escrito que as empresas eram todas minhas e que eu deveria assumir a direção, mas eu não quero. Prefiro esta aqui. Me sinto mais confortável para lidar com as coisas, sabe? Mas vamos mudar de assunto. O que te traz aqui, Senhor Grey? - Olhei para ele fazendo cara de interessada. Ele riu.

- Gostaria que, se não fosse muito incomodo, viesse almoçar comigo. - Convidou. Seus olhos transbordavam expectativas, e algo mais. Aquilo me deixou apreensiva, mas ainda sim animada. Sabia que ele queria se aproximar de mim aos poucos, e eu gostava da ideia de ele ainda me querer em sua vida. Era notável que nutríamos sentimentos um pelo outro, mas da minha parte era muito cedo que eu os expusesse a ele, afinal, apesar de viúva e desimpedida, eu ainda amava muito meu marido. Não que eu fosse me entregar ao Grey, afinal, ainda tínhamos muito o que resolver em nossas vidas. Eu já não era tão ingênua como antes e já havia passado por maus bocados, e ele, bem, ele tem um passado que interfere em seu futuro.

- Um convite tentador, mas... - Fiz cara de decepcionada, fazendo consequentemente o Grey murchar em seu assento, desaminado. - Você, além de me aturar, vai ter que pagar pelo almoço. - Como da água para o vinho, Christian abriu um bonito sorriso. - E eu vou falar tanto que você vai ter que me mandar calar a boca. Já tô logo te avisando.

- Conversar não é problema. Na verdade vim aqui com outras pretensões, mas calma, é algo a ver com trabalho. Só te direi quando estivermos almoçando.

Estreitei os olhos para ele.

- Hum. O que será, hein?

- Anastácia, gosto desse seu jeito brincalhão, e principalmente quando você desanda a falar que nem uma matraca.

- Você não deveria ter dito isso, querido. Vou falar tanto, mas tanto que você vai ficar com dor de cabeça.

Neste momento, meu celular tocou. Pedi licença para atendê-lo. Era Norbert, meu psicólogo.

- Olá, Norbert. - Cumprimentei-o.

- Anastácia, querida. Como está? - Questionou ele. Seu tom calmo e manso.

Virei de costa para Christian e caminhei até a porta, onde agora estavam batendo. Assim que abri, Lyan mostrou o vaso com as flores e eu indiquei uma mesa.

- Bem. Na... - Interrompeu-me.

- Bem, Anastácia? Não seja evasiva. - Ralhou. Suspirei.

- Estou bem melhor que antes, e muito melhor agora. Entende? - Norbert riu. - A que devo a honra de sua ligação?

- Lembra-se que tínhamos uma consulta na quarta?

- Sim.

- Infelizmente não poderei atende-la, devido ao fato de minha mulher estar enferma. Ficarei com ela por este tempo até que ela melhore. Por isso liguei para lhe avisar. Antecipo-me em pedir desculpas, mas é algo que não se dá para evitar.

- Não se preocupe, Norbert. Acho que posso ficar dois dias sem pirar. - Brinquei. Ele riu. - Muito bem. Era só isso?

- Sim.

- Então fique despreocupado. Cuide da sua mulher e quando tudo estiver certo, me ligue para me avisar, ok?

- Tudo bem. Tenha um bom dia, Anastácia.

- Desejo o mesmo a você. E melhoras para sua esposa.

- Obrigado.

A ligação se encerra. Percebo pelo meu estado de espirito que estou feliz, como há muito tempo não era. Me volto para Christian e ele está lá, me observando. Caminho até minha mesa, salvo um documento que estava fazendo no computador e o desligo. Pego minha bolsa e chamo Christian para me acompanhar.

Enquanto descemos no elevador, conversamos banalidades e isso se estende até chegarmos ao térreo, onde o Grey me conduz até seu carro. É um Bentley Continental GT cinza lindíssimo. Entro e me acomodo, logo em seguida ponho logo o cinto. O Grey desliza do estacionamento até a saída, e quando nós chegamos na rua, eu olho para frente do meu prédio. Noto algo que não se pode passar despercebido.

Alguns diriam que talvez fosse apenas obra da minha imaginação, que não existia. Estreitei os olhos para visualizar melhor aquilo. Era uma mulher com roupas rasgadas, imundas. Branca feito neve, mas estava suja demais. Os cabelos pretos iam até a cintura e estavam despenteados. Ela aproximou-se do porteiro e lhe disse algo. O homem a fitou de cima a baixo e ignorou. A mulher mais uma vez lhe disse algo, só que dessa vez o porteiro a enxotou. Ela olhou para cima, pôs a mão no rosto para tapar o sol nos olhos e se virou, indo embora, perdendo-se no volume de gente que ia e vinha. Procurei por ela com os olhos, mas nada encontrei. Sentei-me normal no banco enquanto pensava na mulher novamente. Parecia um fantasma, mas essa hipótese foi descartada, pois o porteiro a viu. Inquieta com aquilo, eu suspirei longamente.

- O que houve, Ana? - Christian me perguntou.

- Pensei ter visto algo, mas não era nada.

- O que viu? - Indagou interessado.

- Nada demais. Deve ser a fome. Então... Onde vamos? - Perguntei querendo mudar o rumo da conversa.

Quem era aquela mulher? O que queria? Era mendiga? Queria comer? - Eram questionamentos sem respostas até que eu voltasse. Mas devo admitir que algo em meu íntimo avisa que seja o que for, boa coisa não é.


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Beijos e até a próxima.


50 Tons de IraWhere stories live. Discover now