Capítulo XLIII - Esclarecimentos - Parte I

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  Por um breve momento de tempo em que eu fiquei sozinha no quarto, eu pensei a respeito de todas as coisas que recentemente estavam acontecendo em minha vida. Sem sombra de dúvidas daria um belo roteiro para um filme, porque era surreal como cada coisa apareceu assim, quase do nada. Eu estava assustada, isso eu não podia negar. Meus filhos eram a minha maior preocupação, e eu temia por não tê-los perto de mim. Sim, eles estavam seguros em minha casa cercada por seguranças, porém eu ainda achava pouco. Minha ordem de que ninguém entrasse ou saísse estava sendo seguida firmemente, o que tornava minha apreensão menor, ainda que o sentimento não sumisse.



Eu também estava sendo bem resguardada, cheia de companhia. Meu pai fez questão de ficar comigo enquanto John não chegava com os investigadores, e nós aproveitamos para conversar um pouco mais. Christian ainda não havia voltado de seu passeio lá fora, assim como Bella também. 



Foi neste momento que eu lembrei de algo. Papai não sabia de Bella e provavelmente se assustaria se a visse chegar, então eu tinha que fazer o possível para mantê-la afastada pelo menos por um tempo, até que ela confiasse em mim e revelasse sua caminhada antes de nos encontrarmos, assim como quando os meninos descobrissem mais coisas a respeito dela. Daria uma grande confusão se minha mãe ou Ray a vissem, então eu rapidamente passei uma mensagem para Bella pedindo que, por hora, voltasse para casa. Ela até tentou me ligar, mas eu rejeitei a ligação, e repeti o pedido de que ela seguisse o que eu a tinha recomendado na mensagem. Mesmo confusa, ela disse que faria. Também passei uma mensagem grupal para todos que viram Bella que mantivessem segredo sobre sua presença e que tinha motivos para isso. Até o momento ninguém respondeu perguntando o porquê, sinal que estava tudo certo. 



— Minha filha, você parece muito concentrada nesse celular. Há algo lhe incomodando? — Eu lhe dou minha atenção, tentando transpassar tranquilidade. 



— Não é nada, papai. Apenas estava verificando os sms. — Sorrio minimamente, mas Ray me olha desconfiado. 



— É só isso mesmo, Annie? — Ele insiste. 



— É. Talvez esteja nervosa por conta dos investigadores estarem vindo até aqui, acho que é isso. 



— Não precisa se preocupar. — Ele vem sentar-se na beirada da maca, próximo a mim. — Eu vou estar aqui com você, John também. Então apenas fique calma que nós iremos te ajudar, seja no que for, ok? — Papai é tão bom em me tranquilizar, e quando sua mão entra em contato com meus cabelos, eu me sinto completamente protegida, como se nada de ruim fosse me atingir. É realmente uma pena que eu tenha que mentir para o homem mais importante da minha vida, pelo menos por enquanto. 



— Obrigada, pai. 



— Nada, meu amor. — Me beija na testa e sorri gigante, porém isso cai quando seu rosto enruga ao que as primeiras lágrimas desabam. — Em pensar que eu quase te pedir... de novo. 



— Papai... — Eu não tenho palavras, a única coisa que posso fazer é puxá-lo para mim, ignorando a dor no peito por causa de seu peso. Era a primeira vez que eu o via chorar desde que eu me entendia por gente. E doía. Afirmo com toda sinceridade que a dor emocional era mais intensa que a física. — Shh. Tudo bem, tá? Foi só um susto. Não vai acontecer de novo. Não chora, por favor. — Como era que eu iria acalmá-lo se eu também estava começando a me desfazer? Era difícil porque eu sabia o que ele se sentia, afinal, eu sou mãe agora, e a pior dor de um pai ou mãe é perder seu filho. É insuportável. 

50 Tons de IraOnde as histórias ganham vida. Descobre agora