50 Tons de Ira

Capitulo II - Senhor e Senhora Yoco

Consciente, sinto a claridade penetrar minhas retinas e ainda meio atordoada eu abro lentamente meus olhos. A luz do sol me faz ficar cega por alguns segundos e eu pisco para tentar enxergar. Sinto meu braço dormente e vejo que estou no sofá e dormir por cima de meu braço. Sento-me e passo a mão pelo braço esquerdo o sentindo formigar. Bocejo e pisco algumas vezes e a minha visão agora está normal.

Olho em volta e agora eu posso apreciar o lugar. É uma sala grande em cores brancas e cremes. Há uma enorme janela de vidro que dá para ver o que se passa na rua. Levanto-me e ando até lá. Olho para baixo e vejo um fluxo de pessoas indo e vindo, sejam a pés ou de carro. Viro-me e olho a sala com mais atenção. À minha esquerda há um enorme quadro de uma paisagem, há também uma televisão colada à parede e uma cabeça de cervo. Olho para minha esquerda e vejo uma escada que deve levar ao andar superior. A casa é decorada com alguns objetos orientais, é e obvio, já que os proprietários são japoneses.

Passo a mão nos cabelos e sei que eles estão horríveis. Tudo que eu preciso agora é de um bom banho. Viro-me novamente para fitar a janela e eu começo a recordar os acontecimentos do dia anterior. E aquilo é como uma facada cruzando meu coração. Dói lembrar, mas eu não quero chorar; dessa vez eu não serei fraca.

– Aí está você! – Ouço uma voz feminina falar atrás de mim.

Viro-me e vejo a senhora que me ajudou e ela sorrir amplamente para mim.

– Bom dia, querida. – Ela diz

– Bom dia. – E minha voz sai como sopro. É como se eu não tivesse forças para falar.

– Eu preparei um café para você. Está ali na cozinha. Acompanhe-me, por favor. – Ela pede, mas eu não estou com fome.

Eu sigo-a até lá e reparo que a cozinha é toda ladrilhada por lajotas em preto e branco. Há um armário grande na mesma cor das lajotas, uma mesa com seis lugares e uma pia. É simples, porém bonito.

– Sente-se e sirva-se. – Ela diz, mas eu não estou com fome. Mas você tem comer. Essas pessoas te ajudaram – Meu rabugento subconsciente lembra e eu tenho que concordar. Não posso fazer desfeita.

Pego a jarra de suco e despejo o liquido apenas até a metade do copo. Pego uma torrada e passo geleia de amora. A mulher me olha e eu me sinto incomodada, mas não posso lhe pedir para sair de sua própria cozinha.

Mordo contra gosto a torrada e beberico meu suco. A mulher continua me observando e sei que ela está curiosa para saber o que aconteceu comigo ontem.

Após terminar meu café, eu pego meu copo e meu prato e me dirijo até a pia e quando vou ligar a torneira, a mulher me impede.

– Deixe que Lia cuidará disso! – E ela sorri mostrando dentes pequenos e brancos. Eu aceno com a cabeça. Quem é Lia? Deve ser a empregada.

A mulher me leva até a sala e me faz sentar no sofá, ela sorri e diz:

– Me espere um segundinho. Eu já volto. – E ela sai me deixando sozinha naquela sala, que agora me parece muito grande.

Enquanto isso me vem um pensamento. Como será que Christian está? Com certeza deve está soltando fogo pela venta. Ele odeia perder o controle da situação, entretanto dessa vez ele vacilou feio. O que será que ele está fazendo? Se ele me ama mesmo deve estar colocando todo seu pessoal atrás de mim, mas eles não irão me achar. Nunca mais.

– Demorei muito? – A mulher de olhos puxados pergunta e eu apenas aceno com a cabeça.

– Olhe, eu trouxe isso pra você. Você irá precisar. – E ela me estende uma caixa e quando eu a abro, percebo que tem um vestido. Eu o tiro da caixa e o abro e ele é simples e lindo. Um vestido azul muito bonito(http://www.polyvore.com/cgi/set?id=68370200&.locale=pt-br). A mulher continua. – Ele era meu, mas eu não o visto há muito tempo. Tome um banho e volte aqui. Shayen e eu queremos conversar com você! – O sorriso dela desaparece dando lugar a um rosto sério. Aceno novamente, mas preciso saber onde fica o banheiro. – Ah querida, desculpe minha falta de atenção. O banheiro é lá em cima. Suba a escada e dobre a esquerda. É na segunda porta. – E ela sorri novamente.