Capítulo 30

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ELIZABETH

Após dois dias na estada, finalmente chegamos em Manhattan. Eu estava exausta e traumatizada.

Como chegamos à noite, Brad sugeriu que ficássemos em seu apartamento. Não recusei. Eu só queria estar em uma casa segura, mesmo que não fosse a minha.

— Vocês podem dormir no meu quarto. Garry e eu ficamos na sala.

— Brad, você pode ficar no seu...

— Não, Elizabeth. — me interrompeu — Vocês vão ficar com a cama.

Ok. Ele não ia desistir.

— Tudo bem. — falei baixo.

Caminhei com Lindsay, no colo, até o cômodo indicado por Brad. Ela estava tão exausta quanto eu. Deitei-a na cama e apaguei a luz.

— Qualquer coisa, estamos na sala. — Brad disse calmo e eu assenti.

Vi ele virar e ir em direção à porta. Garry estava no banheiro.

— Brad! — chamei-o, involuntariamente.

Ele virou-se, me encarando.

Aproximei-me dele e o abracei. Foi tudo tão rápido que não tive tempo de agradecer por tudo o que ele fez por mim. Ele salvou, não só a minha vida, mas a da minha irmã também. Eu nunca agradeceria o suficiente. Ele não me fez um simples favor. Ele não matou uma barata na minha casa. Ele salvou a minha vida.

— Obrigada. De verdade. Por tudo. Eu nunca sairia de lá, se não fosse você. — Já podia sentir meus olhos marejarem — Muito obrigado!

Ele retribuía o abraço. Eu o apertava mais forte e ele fazia o mesmo. Eu podia ficar ali para sempre.

Após três meses sendo torturada e humilhada, eu finalmente me sentia segura. Nada podia me ferir. Eu sabia que estava a salvo.

Ok, já pode soltá-lo Elizabeth.

Eu não conseguia. Era impossível sair daqueles braços. Acho que ele percebeu e soltou-me, segurando meus ombros. Ficamos nos encarando. A tristeza era notável em seus olhos. Senti vontade de abraçá-lo mais uma vez, mas meus pensamentos foram interrompidos, quando ele os soltou.

— Boa noite, Lize. — sorriu tristemente.

— Boa noite. — sorri.

Fechei a porta e fui para a cama. Dei um beijo na testa de Lind e a abracei.

Eu estava deitada com Lindsay, quando ouvi um barulho no corredor. Sentei na cama e encarei a porta que continuava fechada.

Passos aproximavam-se cada vez mais e meu coração começou a acelerar. Já vi que vou precisar de terapia para esquecer isso.

Levantei, convencendo-me de que não havia nada lá. Apenas o corredor, vazio, com a porta do banheiro ao lado. Segurei a maçaneta e meu coração estava mais acelerado que antes. Se eu estou assim, como Lindsay pode estar?

Olhei para trás, vendo minha irmãzinha dormir serenamente. Uma lágrima ousou escorrer por minhas bochechas. Ela não devia passar por isso. Ela não merecia ser vítima de uma coisa horrível dessas.

Respirei fundo e sequei a lágrima. Eu ainda precisava encarar esse medo repentino do corredor. Girei a maçaneta e abri a porta lentamente. Meu coração voltou a acelerar e minha respiração a falhar. Um nó sufocante formou-se em minha garganta.

Abri a porta por completo.

Nada.

Suspirei aliviada, rindo de mim, por ser tão infantil.

Já que estava de pé, resolvi ir beber um copo d'água. Caminhei no máximo de silêncio possível, para não acordar os meninos. Por falar em meninos, onde eles estão? O certo seria eles estarem deitados nos sofás, ou no chão. Por que não estavam?

Olhei para o relógio: duas e treze da manhã. Franzi a testa. Isso é estranho. Estranho demais. Peguei um copo na pia e enchi com a água gelada. Assim que fechei a porta da geladeira, tive a sensação de que meu coração havia parado de bater e meu sangue evaporava a cada segundo que eu encarava a figura parada à minha frente.

— Sentiu saudades, querida? — o homem da cabana encarava-me com aquele sorriso demoníaco nos lábios.

Instantaneamente, o copo caiu, estilhaçando-se no chão. Minha primeira reação foi tentar gritar, mas fui interrompida por uma queimação horrível na barriga.

Olhei para baixo e vi uma mancha de sangue — meu sangue — crescer, cada vez mais, por toda a extensão da camiseta que Brad me emprestou. Olhei para as mãos do homem e estavam completamente limpas.

Como assim estão limpas?

Olhei de relance para o lado, onde encontrei uma faca ensanguentada. Assim que virei-me, sem nenhuma força, estremeci, vendo quem apunhalou-me.

— Brad? — sussurrei sem forças.

Caí no chão, percebendo minha visão desbotar-se, antes de perder a consciência. 

A Garota dos meus SonhosOnde as histórias ganham vida. Descobre agora