Capítulo 4

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Odiei o jogo. Meu time perdeu, o que era raro, levando em consideração o time adversário. O jogo foi roubado, sem dúvidas.

— Você não sabe perder, Brad! — Oen gritou, zombando de mim.

— Claro que sei. Mas perder para o seu time? Isso é inaceitável. Seu time é o pior da liga.

— Ele tem razão, Oen. — Fred disse — Seu time é péssimo.

— Vocês estão com inveja da nossa vitória. — Garry deu de ombros.

— Não se pode ganhar sempre, meninos. — Oen provocou.

— Você diz isso porque já se acostumou com a derrota. — cuspi as palavras, deixando-o totalmente sem reação.

Todos gritaram, inclusive Garry. Estavam todos enlouquecidos com minha resposta, o que resultou com pipoca e nachos sendo jogados em Oen, freneticamente.

— Ok, gente, chega. Estamos na casa dele, vamos respeitar! — tentei amenizar a confusão, em vão.

Todos continuavam tirando sarro dele. Fiquei surpreso ao ver Garry ajudar Fred a perturbá-lo, afinal, ele torcia para o mesmo time que Oen.

Bebemos umas cervejas e resolvi ir para casa, teria teste físico no dia seguinte. Dei carona para Fred e Garry, seguindo para minha residência.

▪️ ▪️ ▪️

Fiquei duas horas estudando. Não aguentava mais ver letras e números na minha frente, então peguei meu computador e vi algumas coisas em minhas redes sociais.

Desisti das redes sociais e botei em um site de filmes, queria me distrair. A semana mal havia começado e já estava péssima. Desisti do site.

Joguei uma lasanha congelada no micro-ondas e fui para a sala procurar algo decente para assistir. Fiquei surpreso ao achar um filme que parecia bom: À beira do Abismo.

Tirei minha janta do micro-ondas, joguei num prato e fui para a sala ver o filme que foi bem interessante, com uma reviravolta impressionante. O auge daquela noite.

Por volta das dez, já não tinha mais nada para fazer e eu precisava me preparar para o dia seguinte. O treinador não nos pouparia, levando em conta que faltava menos de dois meses para um dos jogos mais importantes da universidade, então fui dormir.


Socorro! — alguém gritou.

Tentei correr na direção do som, mas sempre que chegava perto, ele mudava de lugar.

— Onde você está? — gritei.

Socorro!

Ouvi um grito de desespero e logo em seguida um estalo na água.

Corri até o lago. O homem estava lá. Peguei uma garrafa de cerveja que achei no chão e cheguei silenciosamente mais perto. Quebrei a garrafa em sua cabeça, antes que ele se virasse. Esperava que ele desmaiasse com a pancada, mas isso claramente não aconteceu. Ele virou-se furioso e me deu um soco no queixo. Levantei-me o mais rápido possível e soquei-o no rosto. Comecei a dar socos em sua barriga, o que o derrubou, então peguei um pedaço de madeira, batendo em sua cabeça, novamente, porém, desta vez, consegui deixá-lo inconsciente.

Nenhum sinal da garota.

Olhei para o chão e vi pedaços de corda. Ela estava na água. Gelei. Ela estava na água amarrada. Pulei no lago negro e comecei a procurá-la.

Vi algo branco debatendo-se e percebi que era um vestido. Voltei a superfície para pegar mais ar e mergulhei novamente. Peguei-a pelos braços e a trouxe de volta.

Coloquei seu corpo na terra úmida, ao lado do deck. O homem não estava mais lá, então apressei-me em desamarrá-la. A última coisa que enxerguei foram seus olhos arregalados, seguido de um estalo alto que ecoou pelo ar, fazendo os pássaros voarem das árvores.

Eu havia levado outro tiro.


Levantei assustado pela segunda vez.

Que droga está acontecendo comigo?

Novamente suava frio e meu coração estava acelerado. Olhei para o relógio que marcava quatro e doze da manhã. Passei a mão por meu rosto e cabelos, levantei-me e fui para o banheiro.

Molhei o rosto, tentando convencer-me de que não estava ficando louco. Observei meu reflexo abatido no pequeno espelho, fitando as olheiras que se formavam embaixo de meus olhos. Meu rosto estava mais pálida e minha boca tão seca que meus lábios descascavam na parte inferior. Molhei os lábios, engolindo um pouco da água que entrou em minha boca. Retinha tanto líquido que esta desceu arranhando minha garganta que ardeu por alguns segundos. Direcionei-me à cozinha para beber um pouco d'água.

Estava sentado em um dos bancos altos que ficavam ao lado do balcão, encarando o chão, quando levei um susto ao ouvir meu telefone tocar. Ao chegar em meu quarto e olhar para o aparelho em minha mesa de cabeceira, notei que não havia qualquer sinal de que alguém havia me ligado.

Estou ficando maluco. Não pode ser.

Voltei para a sala, me jogando no sofá. Liguei a TV e, felizmente, passava um filme bom. Tentei não pensar na possibilidade de eu estar enlouquecendo e tratei de relaxar, ou pelo menos tentar. Já podia ouvir os sermões que eu levaria do treinador por não dormir o suficiente, mas minha sanidade mental dependia de eu ficar o mais desperto possível, mesmo que isso custasse minha vaga no time. 

A Garota dos meus SonhosWhere stories live. Discover now