Capítulo 8

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— O que foi, Brad? — Kim perguntou assustada.

Pisquei algumas vezes, tentando voltar à realidade.

Só pode ser brincadeira!

Olhei para todos os lados, ofegante com o susto. Passei a mão no rosto, em completa aflição.

— Kim, eu acho... Eu acho melhor você ir embora. — Fechei os olhos com força e me odiei intensamente após terminar de dizer tais palavras.

— Você está falando sério? — perguntou indignada.

Eu me socaria se fosse ela. Afinal, ela estava semi nua na minha cama, assim como eu, e agora eu a estava dispensando.

— Eu sinto muito. Eu não estou bem.

Ela me encarava. Talvez ela quisesse dizer alguma coisa, mas as palavras não saíam. Após alguns instantes em silêncio ela suspirou, levantando da cama, indo em direção às suas peças de roupa espalhadas.

— Eu sinto muito, Kim. De verdade... — toquei em seu ombro.

— Tudo bem. — tentava conter sua raiva visível.

Ela terminou de se vestir e foi até a sala, pegou sua bolsa, destrancou a porta e foi embora.

▪️ ▪️ ▪️

— Eu não acredito que você fez isso! — Garry gritou — Depois quer falar que eu te atrapalho com as garotas.

— Eu já falei que eu vi o rosto dela! — gritei com raiva.

Dela quem? — ele também gritou.

— Da garota dos pesadelos!

— Você ainda está sonhando com essa garota? — sentou no sofá, surpreso.

— Droga! — bati na bancada da cozinha.

Ficamos em silêncio.

Não aguento mais sonhar com essa garota. Só quero voltar à minha vida normal. Sair com os meus amigos, provocar o time da outra fraternidade...

— Essa garota está acabando com a minha vida, cara. Eu vou enlouquecer!

— E isso é porque você nunca a viu na vida. — ele deu um gole na cerveja que tinha nas mãos.

Me joguei no sofá, frustrado e permanecemos em silêncio.

— Quer saber? — comecei.

— O que?

— Eu vou descobrir quem é essa garota.

— O que? — espantou-se — Como você vai fazer isso?

— Não faço ideia, mas eu vou descobrir. Não aguento mais!

— Você é louco.

Levantei e fui até o quarto pegar meu notebook.

— No sonho, ela havia sido sequestrada, então... É só eu procurar uma lista de pessoas sequestradas nos últimos meses. Eu a encontro, resolvo isso, e volto à minha vida.

— Novamente, você é louco. E é claro que eu vou te ajudar com isso.

Soltei uma risada nasalada e revirei os olhos. Ele sentou ao meu lado, tirando seu iPad da mochila.

— Como ela é? — perguntou.

— Pele clara, lábios rosados, cabelos e olhos castanhos e está com um vestido branco.

Era isso. Eu ia descobrir hoje quem era essa garota. Ela sairia dos meus pesadelos e eu voltaria à minha vida.

Isso acaba hoje.

▪️ ▪️ ▪️

— Que merda! — soquei o balcão.

— Achou alguma coisa? — Garry bocejou.

— O que você acha? — respondi emburrado.

— Vamos parar? Só por hoje. Já estamos há horas procurando e nada.

— Tudo bem. Também estou cansado.

Levantei do banco, esticando o corpo. Pude ouvir alguns ossos da coluna estalarem e relaxei com a boa sensação que o alongamento causou.

— Se você não tivesse visto o rosto da tal garota, agora você estaria na cama com uma garota muito gata, cara! — sorriu, dando um soco em meu braço.

— Você é muito pervertido... — revirei os olhos, pegando o controle da TV.

Assistimos TV o resto da noite, que pela primeira vez passava alguma coisa que prestasse.

Comecei a lembrar do sonho com meu pai, e, nossa... Como eu odeio aquele cara. Se eu o visse nesse momento, o socaria inteiro. Agora eu tenho tamanho e força para me defender daquele monstro.

— Brad! — Garry estava em pé na minha frente. Provavelmente me chamando há muito tempo.

— Que? Hm... Fala cara, desculpa.

— Estou indo.

— Ah, claro. Qualquer coisa me liga.

— Ok. Valeu.

Levei-o até a porta e tranquei-a logo em seguida. Fui para o banheiro e tomei um banho. Estava determinado a descobrir quem aquela garota era e porquê eu sonhava com ela. Esses pesadelos chegarão ao fim, nem que seja a última coisa que eu faça.

▪️ ▪️ ▪️

Acordei no meio da noite, assustado. Ouvi um estrondo vindo da sala. Parecia que a porta estava sendo arrombada. Meu coração gelou. Acho que nunca senti tanto medo em toda a minha vida. A porta do meu quarto estava fechada, então corri para trancá-la.

Tranquei-a o mais silenciosamente que pude. Meus batimentos cardíacos estavam acelerados e eu não sabia o que fazer. Vasculhei o quarto à procura de meu celular. Merda! Eu o havia deixado na sala e agora estava preso com alguém desconhecido dentro da minha casa.

— Merda, merda, merda. — sussurrei.

Os passos se aproximavam da porta onde eu estava apoiado.

Eu vou morrer.

Afastei-me da porta, vendo uma sombra se mexendo por baixo. Conseguia ouvir meu coração batendo cada vez mais forte e acelerado.

Merda. Merda. Merda.

Odiei o fato de haver grades em minha janela. Por que eu permiti essa merda de grade ali?! Aproveitei que o quarto estava totalmente escuro e destranquei a porta silenciosamente. Fiquei ao lado da porta, aguardando que ela fosse aberta. Eu ficaria ali até o intruso entrar no quarto e sairia quando estivesse de costas.

Parecia um plano fácil, até a hora em que a porta foi aberta. Senti todo o sangue de meu corpo evaporar. Ele estava com meu taco na mão e eu conseguia ver a arma presa na parte de trás de sua calça.

Maldita calça!

Eu conhecia aquela calça marrom clara e larga. E também conhecia os cabelos escuros com partes grisalhas, além dos braços musculosos que marcavam as mangas da camisa verde musgo que vestia.

Isso não é possível! Como?

Percebi naquele momento, que ele havia me encontrado. 

A Garota dos meus SonhosWhere stories live. Discover now