Capítulo 16

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Joseph pareceu surpreso com minha ligação. Eu nunca ligava, e muito menos o visitava. Assim que chegamos, sua surpresa com a visita era notável.

— Entrem, rapazes. — abriu mais a porta para que nós entrássemos.

— Tudo bem, Joseph? — perguntei.

— Estou ótimo. Para falar a verdade, estou surpreso com a visita de vocês. — sua voz estava calma.

Sentamos no sofá oposto ao dele, ficando de frente para meu padrinho.

— Querem beber alguma coisa?

— Não, obrigado. — respondi.

— Cerveja? — Garry perguntou, fazendo-me revirar os olhos.

— É pra já! — sorriu, correndo até a cozinha.

Poucos segundos depois ele voltou com duas cervejas nas mãos, um para Garry e outra para ele.

— Então, o que querem comigo? Deve ser importante. — ajeitou-se no sofá.

— E é. — respondi sério.

Respirei fundo. Meu coração pulava em meu peito. Não sabia como jogar a bomba, então achei melhor ir direto ao ponto. Quanto mais rápido, melhor. Como um curativo.

— De onde você conhece Elizabeth Folks? — as palavras pularam de minha boca.

— O que? — congelou.

— De onde você conhece Elizabeth Folks? — repeti calmo.

— Eu... trabalhava como motorista e segurança para a família dela.

— Então você deve saber que todos estão desaparecidos, não é? — Garry perguntou.

— Não. Só Lize sumiu. Mas já estão tomando todas as providências para encontrá-la.

— Joseph, preciso que seja sincero. Nós sabemos que todos estão desaparecidos. — falei — Se você puder responder as minhas perguntas, sendo honesto, podemos acelerar o processo de busca.

Ele engoliu em seco, deixando todo o seu nervosismo evidente, enquanto fitava o nada e balançava uma perna freneticamente.

— Você sabe alguma coisa sobre isso? — Garry perguntou.

— Não. Eu já disse tudo o que sabia para o FBI. Mas por que o interesse nos Folks agora? E como você poderia ajudar com isso? — ele franziu a testa, lançando um olhar curioso sobre mim.

— Joseph — comecei —, você acreditaria se eu te dissesse que estou há quase três meses tendo pesadelos com Elizabeth Folks?

— Como? Isso é impossível. Você por acaso se tornou médium ou vidente do nada? — ele parecia confuso.

— Eu também não sei como, as por causa disso eu quase enlouqueci. Garry que não permitiu que isso acontecesse.

— Quem mais sabe desses sonhos? — ele perguntou.

— De tudo, só você e Garry. — respondi calmo. Não entregaria Georgina e Claire.

— E o que vocês vão fazer agora? — perguntou.

— Estamos procurando pistas que nos levem até onde Elizabeth possa estar.

— E o que vocês acharam até agora?

— Nada. Só sei que nos sonhos ela aparece em uma cabana e eu sempre morro.

— Cabana?

— Sim. Sabe me dizer se eles tinham alguma perto de um lago escuro?

— Cabana, não. Casas, duas.

— Ah, isso nós já sabemos. — Garry encostou-se no sofá, derrotado, dando mais goles na cerveja.

Conversamos mais um pouco, tentando descobrir mais coisas sobre a família, mas Joseph só dizia o que nós já havíamos achado na internet, e quando aparecia uma informação nova, ela era inútil.

— Tive uma ideia! — Garry animou-se.

— O que? — perguntei curioso.

— O Joseph podia nos deixar entrar no apartamento deles. Assim acharíamos pistas do que pode ter acontecido.

— Elizabeth foi sequestrada fora de casa. — cruzei os braços.

— Como você sabe disso, Brad? — Joseph franziu a testa.

— Em um sonho, estávamos indo ao Sweet G, ela pediu o café de sempre e logo depois fomos parar na cabana do lago. — dei de ombros.

— Você precisa dizer isso à polícia! — Joseph se desesperou.

— Como se eles fossem acreditar em um universitário que afirma estar tendo pesadelos com a filha de um dos homens mais poderosos de Manhattan. — disse entediado — Além do mais, decidimos não envolver o governo nisso. O sumiço dessa família envolve muitos interesses, não acha?

Joseph ficou em silêncio, assim como nós. Tudo era estranho, inclusive o clima naquela sala. Queria poder saber o que passava por sua cabeça, já que eu havia iniciado um confronto direto com ele, dando a entender que ele pudesse estar envolvido.

— Enfim... — Garry cortou o silêncio — Você pode nos ajudar ou não, Jo?

— Se houvesse qualquer pista lá, a perícia já levou, então não tem nada ao meu alcance.

— É verdade... — bufou.

Mais silêncio.

— Posso fazer uma pergunta? — dessa vez, Joseph cortou o silêncio.

— Qual? — perguntei.

Joseph revezava o olhar entre Garry e eu, apreensivo.

— Posso ajudar na investigação com vocês? E na busca, é claro. Aliás, vocês têm um plano de resgate, né?!

— Você quer nos ajudar? — perguntei espantado.

— Bom, se estiver tudo bem para vocês, é claro. Afinal, vocês têm um plano de resgate, né?! Vão precisar de alguém experiente e próximo da família.

Nós ainda não havíamos chegado naquela parte, até porque mal saímos da estaca zero. Busca e resgate ainda estavam fora dos nossos planos, nem ao menos saberíamos como começar com algo assim, ainda mais sem poder contar com as autoridades.

Comecei a analisar nossa situação e estávamos, claramente, em desvantagem. Precisaríamos de ajuda e recursos se quiséssemos seguir adiante com o plano de salvar Elizabeth e sua família. Joseph era suspeito, mas, ao mesmo tempo, nossa melhor opção e a forma mais rápida de descobrir o necessário para concluir nossa missão.

Mesmo que eu não gostasse dele, Joseph sempre esteve presente quando precisei de algo e sempre nos ajudou, principalmente, minha mãe. Sempre nos protegeu. E agora, mais uma vez, estava tentando fazer isso. Estava nos protegendo. Me protegendo.

Eu não podia misturar as coisas. Ele ainda estava na minha lista de suspeitos, mas ele não saberia disso ainda. O plano seria conseguir o necessário através dele e depois decidir o que seria feito em relação a toda essa situação. Aos poucos, minha expressão firme e séria foi se desfazendo, até que lancei um breve sorriso para ele e respondi:

— É claro, Jo. 

A Garota dos meus SonhosWhere stories live. Discover now