CAP 1

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Capítulo 1 — "Perdi minha memória."

A luz branca da lâmpada de LED do banheiro era tão forte que fazia os olhos de Jiang Yunshu latejarem. Ele encarou o próprio reflexo no espelho — uma figura imóvel, silenciosa, como se estivesse tentando reconhecer um estranho no lugar do próprio rosto. Depois de alguns segundos, inclinou-se sobre a pia e lavou o rosto devagar, como quem lava não só a pele, mas também pensamentos demais. A água escorreu pela ponta do queixo e caiu, num único pingo, dentro da cuba.

Um "bang" distante — talvez um vizinho batendo alguma porta — ecoou pelo banheiro, trazendo um segundo de silêncio desconfortável.

Ele já estava neste mundo há três dias.

Três dias desde o momento em que abriu os olhos na cama de um hospital e descobriu que agora habitava o corpo de um homem chamado Jiang Yunsu — um homem que, segundo prontuários e olhares assustados, deveria estar morto.

Quando o médico lhe fez perguntas básicas, como nome, idade, endereço, parentes, ele não soube responder absolutamente nada. E, com a mente embaralhada, improvisou a única desculpa que soaria minimamente aceitável:

— Eu... perdi a memória.

Pediu o telefone emprestado na enfermaria, sentindo as pontas dos dedos frias, como se a realidade escorresse por elas. Digitou, um por um, os números que lembrava da sua vida original.

E, um por um, a mesma resposta:

"O número que você discou não existe."

A enfermeira, percebendo que o humor dele ia de "calmo" para "completamente devastado", olhou o que ele estava digitando. Franziu o nariz.

— Paciente... que número é esse? Aqui só existem telefones de oito dígitos começando com 2.

O coração de Jiang Yunshu afundou. Ele encarou a mulher como se tivesse acabado de vê-la criar duas cabeças — completamente incrédulo. Só depois de longos dez segundos encarando o vazio é que finalmente entendeu:

Este não era o mesmo mundo.

Nos três dias seguintes, alugou um quarto em um hotel barato perto do hospital. A carteira continha algumas notas grandes — o suficiente para sobreviver por algum tempo, mas não o suficiente para entender absolutamente nada.

E, nesses três dias, ele enlouqueceu tentando encontrar um sinal mínimo do mundo de onde veio.

Caminhou por todas as ruas que lembrava. Nenhuma batia. Nenhum nome, nenhum cruzamento, nenhuma placa. Comprou um mapa impresso, mas nele não havia o nome de país, nem de província. Apenas divisões chamadas "estrelas" e "distritos". Pesquisou na internet a "segunda estrela", onde supostamente estava. Nada. Nenhuma referência ao seu mundo anterior, nenhuma chance de retorno.

Às vezes, voltava ao hospital e deitava na mesma cama onde despertou, tentando ver se havia algum tipo de "gatilho" misterioso que o levasse de volta. A tentativa terminou com ele sendo educadamente expulso pelo segurança.

À noite, a última cena da sua vida antiga se repetia na mente como um pesadelo teimoso:

— Assistente, costure. — ele tinha dito, tirando as luvas estéreis enquanto o vermelho vivo do sangue ainda coloria a sala. Era a terceira cirurgia de um dia exaustivo — dezoito horas direto. Quando cruzou a porta, teve uma dor lancinante na cabeça, e tudo escureceu.

Como médico, soube imediatamente: provavelmente um vaso cerebral rompeu. Chance de sobrevivência? Quase zero.

E agora, ali estava ele, respirando em outro corpo. Tudo ao seu redor gritava a mesma frase:

Why Is It Possible For This Type Of A To Also Have An O?Where stories live. Discover now